Rio Grande do Sul já tem surto de doença gastrointestinal
Algumas cidades gaúchas estão em alerta para um surto de doença gastrointestinal aguda, doença já identificada já em 25 municípios. No Vale do Caí, nenhum caso havia sido notificado até essa segunda-feira, 18. Carlos Barbosa tem o caso mais próximo das redondezas. Mesmo sem casos confirmados, a Secretaria Municipal da Saúde de Montenegro está em alerta. De acordo com a enfermeira da Vigilância Sanitária, Patrícia Barros, o número de casos de diarreia que chegaram ao conhecimento do setor aumentou sensivelmente nos últimos dias, de 15 para em torno de 60 na semana.
A montenegrina Flavia Formigheri Marx é uma das residentes do Município que está vivenciando de perto o aumento dos casos de possíveis doenças diarréicas. Suas três filhas, de 17, 10 e 6 anos, tiveram problemas intestinais. Em suas redes sociais, escreveu: “Estou apavorada com a situação da saúde atualmente. Montenegro com surto de virose, diarréia, vômito, febre e minhas três filhas com isso. Alerta! Urgente! O que pode ser isso?” indaga.
Para Flavia, ao levar as filhas ao consultório, o médio havia informado que há um quadro de diarréia aguda no Estado, ainda sem muita explicação. Ela afirma que após a receita de alguns medicamentos, as filhas estão melhores, mas que em casa, o cuidado tem sido contínuo. “Estamos fervendo a água e lavando alimentos e utensílios com água fervida também”, destaca.
O Governo do Estado pediu que, independente da quantidade de registros, cada cidade encaminhasse quatro amostras para análise. “Nós enviamos, mas ainda não chegaram os resultados”, explica a enfermeira Patrícia. As amostras clínicas de pessoas com sintomas foram encaminhadas para o Laboratório Central do Estado (Lacen) em Porto Alegre. Também já foram coletadas amostras de água em alguns municípios gaúchos, que aguardam resultado da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
De onde vem a doença
A especialista em saúde, Lilian Borges Teixeira, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde explica que a doença é transmitida pelo norovírus. Este vírus tem transmissão principalmente de pessoa para pessoa; mas também por água ou alimentos contaminados e ainda superfícies. “Sobre a água, ainda estamos investigando e realizando coletas no Estado, porque a água clorada elimina o vírus. Então, para termos focos na água, teria que ser não tratada corretamente ou então devido a fontes de abastecimento como poços artesianos, com água não clorada”, explica.
Segundo a especialista, o contágio é principalmente pela via fecal oral, por isso, as pessoas devem se atentar à lavagem das mãos, o que ajuda muito na prevenção. “Em algum local em que a pessoa já está contaminada, ao ir ao banheiro, ela pode contaminar locais ou até mesmo não lavar corretamente as mãos e a transmissão se dar também de pessoa para pessoa. Já estamos acostumados com a higiene de lavagem de mãos por causa do coronavírus, então este cuidado pode evitar uma série de doenças”, afirma.
Diarréia, vômito, náusea e dor abdominal são os sintomas mais comuns ao contrair a doença. Lilian acrescenta que alguns casos também apresentaram febre, mas em menor número e também relembra dos casos assintomáticos, cerca de 30% dos casos. Quanto ao tratamento, inclui repouso e hidratação. Além disso, pessoas infectadas devem ser afastadas do convívio de outras pessoas, como de locais de trabalho e creches/escolas.