Na última semana, um dos cartunistas mais famosos do Brasil, Arnaldo Angeli Filho, mais conhecido com Angeli, anunciou sua aposentadoria, aos 65 anos. Ele recebeu diagnóstico de Afasia Progressiva Primária (APP) há alguns anos, porém sua condição piorou no último mês e a família optou por diminuir o ritmo de trabalho do artista. A APP recentemente ganhou os noticiários também após acometer Bruce Willis, 67, ator de reconhecido sucesso em Hollywood que anunciou pausa aposentadoria por conta da doença.
Existem alguns tipos de afasias, mas são, no geral, condições que alteram a capacidade dos pacientes de se comunicar de forma adequada. As funções afetadas são a capacidade de falar ou se expressar verbalmente, a compreensão da linguagem verbal e escrita e também a capacidade de escrever. É normal que ocorram após lesões cerebrais, que geralmente acometem o lado esquerdo do cérebro, principalmente nas regiões frontais, onde a maioria das pessoas possui as redes neurais, que possibilitam as funções cerebrais da linguagem.
O tipo mais grave é denominado pelos médicos de primária. Ela está associada a doenças degenerativas e provoca a morte de neurônios. Neste caso, a evolução da condição é mais progressiva. Na afasia secundária, acontecem doenças ou episódios de lesão no cérebro, como o AVC, traumatismo craniano e doenças infecciosas. Apesar da dificuldade em lidar com a fala e a compreensão da linguagem, o paciente pode receber tratamento como fonoaudiologia, por exemplo, ou uma reeducação de hábitos que ajudem a prevenir o AVC. Ainda, podem ser classificadas em não fluentes e fluentes.
Fluentes
Pessoas com essa forma de afasia podem falar com facilidade e com fluência, geralmente se expressam com frases longas e complexas que muitas vezes não fazem sentido no contexto da conversa, ou incluem palavras incompreensíveis, incorretas e desnecessárias. Pacientes com esse tipo de afasia geralmente não entendem o que está sendo falado e muitas vezes não percebem que as outras pessoas não conseguem compreendê-los.
Não fluentes
As lesões que levam às afasias não fluentes geralmente acometem de forma mais grave as regiões frontais do cérebro, que estão envolvidas com a fluência do discurso. Pessoas com esse distúrbio lutam para se expressar e apresentam grande dificuldade em achar as palavras, falam frases muito curtas e omitem palavras. Os pacientes geralmente estão conscientes das suas dificuldades em se comunicar e podem ficar frustrados e irritados. As afasias não fluentes podem apresentar fraqueza ou paralisia do lado direito do corpo.
Há prevenção?
Não há como prevenir diretamente as afasias. A prevenção ocorre para evitar as doenças de base. A prevenção das doenças vasculares cerebrais (AVCs) é uma abordagem eficaz, uma vez que estão entre as principais causas de afasias. O controle dos fatores de risco para doenças vasculares como controle da pressão arterial, diabetes mellitus, colesterol, obesidade, sedentarismo, tabagismo entre outros, é uma forma de prevenir AVCs e consequentemente as afasias.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico das afasias é clínico. A partir da constatação dos sinais e sintomas pelo exame surge a necessidade de um diagnóstico topográfico, que define onde está a lesão no cérebro e o diagnóstico etiológico, que é a causa ou doença que levou a afasia. Para o diagnóstico do local da lesão cerebral e da causa, os principais exames complementares são a tomografia computadorizada e a ressonância magnética.
Primeiramente, a doença de base deve ser definida e tratada adequadamente o mais rápido possível. Caso o quadro de afasia apresente instalação aguda ou súbita, o paciente deve procurar imediatamente um pronto socorro especializado, pois, a causa pode ser um AVC. Os AVCs devem ser tratados o mais precocemente possível, pois, isso aumenta as chances do paciente evoluir sem sequelas.
Após iniciar o tratamento das doenças de base, o tratamento para as afasias deve ser feito com programas de reabilitação de linguagem que tem como seu principal pilar a fonoterapia. Os membros da família frequentemente participam do processo de reabilitação, ajudando com a comunicação dos pacientes.