A sangue frio. Gilberto Bittencourt Silveira foi atingido com tiro no rosto
A Polícia Civil (PC) ainda tenta descobrir detalhes sobre o assassinato do tradicionalista montenegrino Gilberto Bittencourt Silveira, 49 anos, ocorrido em Bagé, na noite de quarta-feira. O acusado pelo crime, Rafael da Costa Pinheiro, 20 anos, foi preso pouco tempo depois. Ele confessou ser o autor da morte, mas ainda serão feitas diligências e ouvidas possíveis testemunhas. O caso é tratado como latrocínio.
Por volta das 21h30min do dia 31, a Brigada Militar do município da região da Campanha foi acionada após moradores de uma rua em frente ao Kartódromo de Bagé ouvirem um tiro. Quando chegaram ao local, os policiais encontraram a vítima já sem vida e com um ferimento na cabeça. Ele estava no banco traseiro do seu veículo, uma Space Fox. No momento, chegou a se pensar que se tratava de um ferimento feito com uma marreta, mas a perícia comprovou se tratar de um disparo de um revólver calibre 38.
Em depoimento à Polícia, Pinheiro disse ter atirado no montenegrino quando, do banco traseiro e com as mãos imobilizadas, esse projetou o corpo à frente, ato entendido como uma reação. O tiro atingiu o rosto da vítima, pouco abaixo do olho esquerdo. O acusado já tinha antecedentes. No dia 15 de janeiro, foi preso por tráfico de drogas em Tapes. Também é o responsável por um roubo em Pelotas. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e está recolhido ao Presídio Regional de Bagé.
As mãos do tradicionalista estavam amarradas com lacres, como os utilizados pelas forças de segurança em operações. Os pertences de Bittencourt, como carteira, telefone celular, notebook, roupas e uma marreta estavam no interior do carro. Além disso, a arma utilizada, um revólver calibre 38, não foi encontrada.
Ainda assim, o caso é tratado como latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte. “Pela lei, o fato de nada ter sido levado não desconfigura o latrocínio. A intenção dele, desde o começo, era roubar”, comenta o titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas, responsável pela investigação do caso, Cristiano Ribeiro Ritta. A autoridade ressalta o fato de a pena por esse crime ser mais severa do que a de homicídio, de 20 a 30 anos e de 6 a 20, respectivamente.
Assassino fugiu em um Ford KA com placas adulteradas
Algumas horas depois da primeira ocorrência, a BM novamente foi acionada por pessoas que viram um Ford Ka prata abandonado próximo a uma passagem, que une a rua Zero Hora, do Jardim do Castelo, ao campo do Kartódromo. Ao verificar o local, os policiais militares encontraram Rafael.
O carro apresentava danos causados por uma colisão — segundo a BM, possivelmente ocorrida na tentativa de fuga do local. “Como a guarnição agiu rápido, conseguimos prendê-lo logo após o crime”, comenta o capitão da corporação, Patrique Rolim Marques. O automóvel havia sido furtado em Porto Alegre e tinha as placas adulteradas.
Vítima era ligada ao movimento tradicionalista e contabilista
Gilberto Bittencourt Silveira era natural de Montenegro, mas residia em Bagé há alguns anos. Contabilista de formação, foi patrão do CTG Pampa e Minuano, coordenador da 18ª Região Tradicionalista por quatro gestões e, atualmente, era conselheiro e colaborador efetivo da coordenadoria da RT.
A cerimônia de despedida ocorreu em Bagé. O velório foi no CTG Pampa e Minuano, e o sepultamento, no Cemitério da Santa Casa de Caridade.