No final do ano, evite fogos de artifício

Explosivos podem causar explosões e ferimentos graves se mal utilizados

Em entrevista à Rádio Ibiá Web, Ricardo Mattos, sargento do Corpo de Bombeiros, apontou os perigos associados ao uso de fogos de artifício, particularmente nas celebrações de final de ano. Com mais de 25 anos de experiência como bombeiro e por 12 anos atuando no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Mattos apresenta dados alarmantes, exemplos reais e orientações preventivas para evitar acidentes que, muitas vezes, terminam em tragédia.

Uma arma engatilhada

“O foguete é um artefato explosivo. Essa é a primeira coisa que todos devem entender. Ele não é um brinquedo e, definitivamente, não é algo que deve ser manuseado de maneira descuidada ou sem as devidas precauções”, ressalta o sargento. Ele explica que os fogos de artifício têm potencial destrutivo significativo e podem causar lesões gravíssimas, incluindo queimaduras de todos os graus, perda de membros, cegueira, danos permanentes à face e até morte. “O risco de ele explodir na sua mão é muito grande. E, infelizmente, o uso indevido é muito comum”.

Segundo Mattos, há uma falsa sensação de segurança entre os usuários de fogos. “As pessoas compram o foguete, seguram com a mão, e acendem, sem saber se ele vai realmente subir ou explodir na hora. A imprevisibilidade é altíssima. O foguete é como uma arma engatilhada: você não sabe o que vai acontecer quando acendê-lo”, alerta.

As estatísticas são alarmantes

Com sua vasta experiência em ocorrências durante o período de festas, o sargento compartilha dados preocupantes. Ele destaca que, na virada do ano, os acidentes com fogos de artifício chegam a ser dez vezes mais frequentes que em outras épocas. “As lesões mais comuns incluem queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus, além de amputações de dedos, mãos inteiras e ferimentos na face que podem levar à cegueira. Há também casos de óbito, seja por trauma direto ou por complicações como tétano.”
Mattos relata que o impacto não se restringe aos danos físicos. “Imagine você começar o ano sem uma mão ou perder um ente querido por causa de algo que é completamente evitável. Trabalhei em incontáveis ocorrências assim. É uma dor imensurável para quem sofre e para as famílias.”

O caso Pilha: um exemplo real

Para ilustrar o risco, Mattos menciona o acidente com o comediante gaúcho Pilha. “Ele perdeu a mão esquerda ao tentar soltar um foguete. Um exemplo trágico de como um momento de descuido pode mudar a vida de alguém para sempre. Esses exemplos servem de alerta para as pessoas refletirem antes de usar fogos de artifício”. Ele compara o risco de manusear fogos à probabilidade de ganhar na Mega-Sena. “A chance de o foguete explodir na sua mão é infinitamente maior do que a de ganhar na loteria.”

Animais e pessoas vulneráveis

Além do risco direto aos usuários, Mattos destaca as consequências secundárias dos fogos de artifício. “Os animais sofrem intensamente. Eles entram em pânico, fogem de casa, são atropelados ou se perdem. Há donos que nunca mais encontram seus animais. Isso sem falar nas crianças autistas, que têm crises severas devido ao barulho, ou mesmo nos idosos e pessoas com sensibilidade auditiva, que sofrem com os sons estrondosos.”

Escolha a prevenção

Para Mattos, a principal recomendação é clara: evitar os fogos de artifício. “Se você quer celebrar a virada do ano, faça isso com segurança. Comemore de outra forma. Os fogos não são indispensáveis. Mas, se alguém insistir em usá-los, é fundamental seguir as orientações de segurança.”

Ele explica que, para minimizar os riscos, o ideal é fixar o artefato em um suporte seguro no chão, longe de pessoas, edificações ou vegetação seca. “Nunca segure o foguete com as mãos ou mire em direção a pessoas ou animais. Prefira soltar em locais abertos, como terrenos baldios, e fique a uma distância segura.” Ainda assim, reforça que a prevenção definitiva é a abstenção. “A melhor maneira é não usar fogos. Eles não são necessários e, em muitos casos, geram mais prejuízo do que alegria.”

O que fazer em caso de acidente?

Quando os acidentes acontecem, o tempo é crucial. Mattos orienta que, em casos de lesões graves, como perda de membros ou queimaduras extensas, a primeira medida é conter o sangramento. “Faça um curativo compressivo com uma toalha ou pano limpo e procure assistência médica imediata. Em Montenegro, temos o hospital local e a unidade 24h na Timbaúva. O ideal é levar a vítima diretamente ao hospital, pois muitas vezes é mais rápido do que esperar pelo atendimento do Samu.” Ele alerta ainda para a importância de agir com calma e segurança durante o transporte. “Se você estiver levando alguém ao hospital, dirija com cuidado. Não adianta sair em alta velocidade e causar um segundo acidente.”

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