Compadre de suspeito pela morte de policial nega ter apoiado a fuga

Homicídio. Homem foi preso sob suspeita de ter abrigado dupla após o crime

O homem preso quarta-feira passada, por supostamente contribuir na fuga da dupla suspeita pela morte do policial ,Leandro de Oliveira Lopes, nega o fato. Ele é compadre de Valmir Ramos, o “Bilinha”, contra quem os agentes tentavam cumprir mandando de prisão por homicídio. Ligado a uma facção, Bilinha ainda tem registros por tráfico de drogas, roubo e outros.

Apesar de ter passagem pela venda de entorpecentes e uma relação pessoal com esse suspeito, o preso alega não ter dado abrigo ao padrinho de seu filho, e ao seu comparsa Paulo Ademir de Moura, vulgo “Zoreia”, 38. No celular dele, segundo apurado pela reportagem, havia mensagens entre os dois e fotos da operação feita para capturar os criminosos.

O suspeito foi preso em uma propriedade na localidade do Bananal. Nas naquele dia, optou pelo direito de permanecer calado durante depoimento. O indivíduo acabou liberado por não haver elementos suficientes para decretar flagrante. “O meu cliente nega qualquer envolvimento com o crime e diz que a única relação que tem com o Valmir é o fato de ser compadre dele. Nem parente dele é”, afirma o advogado Julio Cezar Licks Machado.

Segundo ele, as conversas entre os dois pelo celular tinham apenas o caráter pessoal e as fotos serviriam como registro da presença do Polícia na propriedade. No mesmo dia e região, mas em outra residência, foi preso um parente do primeiro detido. Com esse foram encontradas duas espingardas e uma pistola, sendo que ele admitiu ser dono das duas armas de caça. Ele foi liberado após pagar fiança de R$ 2 mil. Os dois não tiveram as identidades reveladas. Licks também defende o segundo homem. A reportagem tentou contato, mas eles optaram por dar sua versão por meio da defesa.

O advogado classifica o assassinato como uma “tragédia imensurável” para todos envolvidos com a Segurança Pública e, principalmente, para os familiares e amigos do agente. “A sociedade em geral está revoltada, porém não podemos esquecer que qualquer pessoa tem o direito de defesa. Pois, num primeiro momento, os fatos dificilmente estarão totalmente esclarecidos e a população não deve pensar e agir de forma precipitada e vingativa”, pondera Licks.

Como ocorreu o crime
Leandro foi morto durante cumprimento de mandado de prisão contra Bilinha na quarta-feira da semana passada, dia 2. O inspetor e mais 23 policiais, entre eles integrantes do Grupamento de Operações Especiais (GOE), foram recebidos a tiros quando ingressaram no sítio, onde o acusado e Zoreia estavam escondidos, na localidade de Matiel.

Os agentes estavam, aproximadamente, 30 metros da propriedade quando a dupla começou a atirar contra eles. O projétil ultrapassou o colete e atingiu o tórax de Lopes, que seguia no terceiro grupo. Levado por colegas, ele chegou a ser atendido no Hospital Sagrada Família, em São Sebastião do Caí, mas não resistiu ao ferimento. Até o momento, não está descartada a possibilidade de “fogo amigo”, mas isso somente o teste balístico vai determinar.

Investigação deve ser enviada à Corregedoria da Polícia
O delegado regional, Marcelo Farias Pereira, analisa a possibilidade de encaminhar a investigação sobre a morte do inspetor à Corregedoria da Polícia Civil (Cogepol). As motivações são: operacionalizar melhor os trabalhos, o fato de não haver agentes da região envolvidos naquela operação de cumprimento de mandado, além da apuração dos fatos anteriores não ter sido realizada pela 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Montenegro.

“Estou estudando a possibilidade. Mas o importante é o fato de estarmos adotando todas as providências necessárias (para a investigação)”, comenta.

Outro argumento é os criminosos terem conseguido escapar e não estarem mais no Vale do Caí. Inclusive, na sexta-feira, “Zoreia” fugiu de cerco policial em Sapiranga.

Farias tem até o início do próximo mês para concluir o inquérito. O resultado da necropsia deve ser conhecido amanhã, mas o teste balístico deve demorar mais tempo, embora não se possa estimar quanto.

A operação em Pareci era coordenada pela Delegacia Especializada de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Canoas. Também contava com o envolvimento de policiais da Delegacia de Homicídios, onde a vítima estava lotada.

Para ajudar
Quem tiver informações que possam levar aos suspeitos, deve entrar em contato com a Polícia Civil pelo telefone de emergência 197 ou com a Brigada Militar pelo 190. O sigilo da identidade é garantido.

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