Projeto da Ana Beatriz Lemos envolve a comunidade

Nascido do conteúdo global da instituição, pesquisa abordou descarte correto do lixo, reciclagem e rendeu prêmios

Um projeto que nasceu dentro da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Beatriz Lemos perpassou os limites da instituição, conquistando a Femic e 4° lugar na Mostratec deste ano. Orientado pela professora Mara Rosângela Ribeiro, a pesquisa, inicialmente, fazia parte do projeto global anual trabalhado na escola: sustentabilidade.

E além das premiações, a pesquisa foi de grande relevância social para a comunidade do bairro Estação, onde está instalado o colégio.

“O projeto nasceu para valorizar a profissão de catador, uma realidade de boa parte dos moradores aqui na comunidade. Também objetivando um resgate do aluno que vivencia essa situação social. Existe muito preconceito que envolve o ofício e muitos estudantes e famílias se sentem menosprezados”, explica Mara.
Com saídas de campos, pesquisas na internet, atividades de conscientização, como separação correta de lixo, aproximadamente 36 alunos dos 3°s anos se envolveram na atividade.

Mara e Maria Yasmin, junto do ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, durante a Mostratec, onde elas apresentaram o trabalho. Foto: arquivo pessoal Mara Rosângela Ribeiro

“Durante os passeios pelo bairro, foi possível notar que muito material reciclado é aproveitado, vendido, mas muita coisa acaba virando lixo dentro da própria comunidade. Então essa conscientização é importante para o descarte consciente também dos catadores”, explica a professora.

Com a realização da II Feira de Iniciação Científica da Aninha, em agosto, o trabalho “Forma Correta de Separação do lixo que é produzido nas casas dos alunos dos 3º anos da Emef Ana Beatriz Lemos” foi selecionado para a Feira Municipal de Iniciação Científica (Femic).

“As duas alunas, Manuela Sophia da Rosa e Maria Yasmin de Quevedo de Azeredo foram selecionadas, porque há um limite de alunos, para apresentarem o trabalho. Na Mostratec, que é uma feira de importância em nível de América Latina, elas se saíram muito bem. Apresentaram, inclusive, para o Ministro da Educação”, orgulha-se Mara.

Além de toda a pesquisa científica, que rendeu conhecimento aos estudantes, o trabalho proporcionou um aprendizado interdisciplinar aos estudantes, envolvendo reciclagem, descarte correto, pensamento coletivo em um bem comum, saúde e cuidados ao meio ambiente.

“Nós também fizemos uma campanha para que eles trouxessem seu lixo seco para ser separado na escola. Depois de conseguir uma quantia significativa, sorteamos para as famílias de alunos que trabalham como catadores, para que pudessem vender. Eles fizeram um cadastro antecipado, mostrando o interesse”, diz.

A felicidade de ter o esforço reconhecido
Com uma timidez contida nos primeiros minutos, as meninas reapresentaram a pesquisa para a reportagem do Ibiá. Olhos atentos nas imagens que demonstravam, conforme iam explicando, fruto das caminhadas pelo bairro Estação.

Com atenção, destacavam de que maneira o lixo impacta negativamente no bairro e quais os pontos positivos da localidade. Cheia de conhecimentos, dominam até assuntos como nanoplásticos – descobertos durante o projeto.

“Quando soube que fomos selecionadas na Mostratec, não conseguia acreditar. Até mordi minha medalha. Achava que não ganharíamos, porque tinham muitos trabalhos. Olhava para trás e era aquele monte de gente. Não tinha caído na real ainda”, relata Maria Yasmin, 9 anos.

“Essa foi a terceira vez que Montenegro participou da Mostratec e a primeira que traz medalha para a cidade. Então foi uma surpresa atrás da outra: a seleção para a Mostra, receber o 4° lugar na Mostratec, feira que reúne trabalhos de toda a América Latina e trazer, pela primeira vez, a medalha para o município”, orgulha-se a professora.

A docente descreve a relevância do prêmio para os alunos, escola e toda a comunidade. “Esse prêmio é nosso. E é uma realização profissional, nos meus 35 anos de magistério. Conseguir essa colocação é muito mais do que apenas um prêmio à instituição. Envolve muitas coisas e não há palavras para descrever”, pontua Mara.

As pequenas, também realizadas com a conquista, contam que deixam, agora, a medalha em local bem visível em casa. “A família toda está bem orgulhosa”, afirma Manuela.

Últimas Notícias

Destaques