Na recente Feira Municipal de Iniciação Científica (Femic) – mostra que reuniu projetos de pesquisas das diferentes escolas municipais – dois trabalhos chamaram atenção pelas temáticas de trabalho escolhidas pelos estudantes. Ambos voltaram seu projeto à pauta LGBT, falando sobre aceitação e preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Um deles – o da EMEF Cinco de Maio – conquistou o terceiro lugar na Feira.
Na José Pedro Steigleder, o trabalho foi conduzido por dois alunos: Gabriel Henrique da Silva, de 13 anos, e Maria Eduarda Garcia da Silva, de 14. Pesquisando sobre o histórico da comunidade LGBT e sobre a parada gay, a dupla do oitavo ano do Ensino Fundamental também propôs um questionário junto dos colegas e das turmas do nono ano. Dos dados levantados, 12% dos questionados se disseram bissexuais. Já 66% disseram achar que os LGBT’s não têm as mesmas oportunidades.
Maria Eduarda conta que a ideia do projeto foi bem aceita pelos professores da escola. “A gente acha que as pessoas deveriam ser aceitas da forma como elas são”, destaca a aluna, que diz que teve o questionário recebido sem qualquer problema pelos colegas. “Principalmente as meninas”, conta.
“É um tema muito latente. Os dois trabalhos apresentados são feitos por adolescentes e é uma curiosidade e uma defensiva que eles têm, de fazer entender o que é o amor e que ele existe de diferentes formas”, salienta a diretora do Departamento de Educação da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec) e coordenadora da Femic, Cláudia Mombach.
Ela diz não ter tido nenhuma preocupação com reações preconceituosas de visitantes da feira e explicou que a educação sexual – que engloba a pauta LGBT – é um tema transversal que deve ser trabalhado pelas escolas. Os pais das participantes autorizaram os projetos.
E quem passava pelo estande do trabalho da Cinco de Maio, também sobre o tema, ganhava um bilhetinho com o texto: “Pare de se odiar por aquilo que você não é e comece a se amar por aquilo que você é!”. Ali, a proposta das estudantes do oitavo ano, Yasmin da Silva de Oliveira, 13 anos, Brenda Oliveira de Castro, 13, e Mariele Barbosa, 14, foi sensibilizar sobre o tema e dar orientações que busquem acabar com a homofobia. Da pesquisa realizada pelas alunas, foi encontrado um dado alarmante: uma pessoa LGBT morre a cada 19 horas no Brasil. Tudo por preconceito.
“Na escola mesmo, tem muita gente LGBT, mas nós enfrentamos bastante piadas com o trabalho. Nos julgaram por a gente se interessar pelo assunto”, lamenta Brenda. Pesquisando com os colegas, o trio chegou a muitas histórias de quem assumiu a homosexualidade. “A gente conseguiu sensibilizar bastante gente e principalmente pessoas mais velhas, que não conhecem tanto sobre o tema.”
Também usando a metodologia do questionário, as colegas do Cinco de Maio fizeram levantamento com alunos do sexto, sétimo, oitavo e nono ano da instituição de ensino. Cerca de 23% já praticou homofobia; 21,33% já sofreu homofobia; e 50% já sofreu algum tipo de agressão física ou psicológica. Os resultados alarmam e provam que ainda há muito a ser construído para melhorar o índice. Em destaque na Femic, Yasmin, Brenda e Mariele agora vão para Novo Hamburgo, apresentar seu projeto e representar o município na Feira Mostratec.