Professor dá dicas para fazer a preparação valer e se dar bem no exame
Após período de incertezas, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está chegando. Neste ano, a prova será aplicada em dois fins de semana distintos: nos dias 21 e 28 de novembro, contando novamente com a versão digital que ocorre ao mesmo tempo que a prova impressa, diferente do ocorrido no ano passado. Lembre-se: os participantes que se inscreveram na segunda chamada do Enem, que ocorreu em setembro, terão uma data de aplicação diferente: dias 9 e 16 de janeiro de 2022.
No primeiro dia, o candidato responde a 90 questões objetivas, sendo 45 questões das disciplinas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e outras 45 questões das disciplinas de Ciências Humanas e suas Tecnologias, além da redação. Já no segundo dia, o candidato responde 90 questões de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias, tendo cada uma das áreas 45 questões objetivas.
Paulo Roberto Fernandes é professor mestre em Língua Portuguesa. Atualmente lecionando a disciplina na Escola Estadual Técnica São João Batista, ele afirma que durante todo o ano, seus alunos são não apenas incentivados ao estudo do Enem, mas direcionados com simulados e atividades de casa. O professor afirma que parte importante do processo de quem pretende realizar o Enem como um primeiro passo é a familiarização com a prova, trabalho executado por ele todos os anos.
“Para os (alunos dos) segundos anos do Ensino Médio eu indico que façam a prova a titulo de experimentação, para treinamento”, pontua. Esta é a dica do professor para adaptação não apenas para conhecimento do conteúdo, mas “familiarização” com deslocamento até o local de prova, horário de fechamento dos portões, encaminhamento até a sala designada e horários para realização do exame.
Como fazer a redação?
O professor relembra do medo que muitos estudantes têm quanto à produção da redação. Um ponto muito importante a se destacar é lembrado por ele: mesmo quem optou por realizar a prova digital, também terá que produzir a redação manualmente. O medo é entendível, mas contornável. “A redação não é um bicho de sete cabeças. Ela tem toda uma estrutura do texto dissertativo argumentativo”, pontua.
Por isso, dá dicas essenciais. Uma das principais é o uso dos conectivos. “É muito importante que se utilize os mais variados conectivos. Por exemplo, na introdução: em primeiro lugar, primeiramente, em seguida, logo após. Já na conclusão é fundamental que se use o conectivo universal de conclusão: portanto, infere-se e sugere-se. Esta última é muito importante. Sempre digo para os meus alunos utilizarem. “Sugere-se” é a famosa proposta de intervenção que vale 200 pontos e se localiza lá na conclusão do texto”, destaca.
Ainda sobre a conclusão do texto, o professor relembra que os alunos têm dúvidas do que sugerir como proposta. Lá vai outra dica de ouro: sugira a proposta envolvendo, no mínimo três instâncias. “Dá propostas para o governo, mídia e escolas, por exemplo. Mas, lembre-se: use sinônimos da palavra “sugere-se” para cada intervenção proposta. Não se esqueça também de concretizar sua proposta, nada de deixar alguma coisa subentendida“, pontua.
Muitos estudantes têm a mesma dúvida: iniciar o exame pelas questões ou pela redação? O professor Paulo sugere que se inicie pela redação. “Comecem pelo rascunho da redação, sempre tem este espaço, mas não pode demorar mais de uma hora para isso. O tempo é muito importante. Após fazer o rascunho, deixe-o de molho e passe para as questões objetivas. Quem sabe nestas questões o estudante acaba encontrando uma palavra ou outra, ou até conectivos que possam ser utilizados na redação para aprimorar o rascunho”, afirma. Mas, esteja atento, pois o tempo deve ser seu maior aliado. “Faltando uns 40 minutos para o término da prova, deve-se fazer a segunda leitura da redação, onde o aluno já vai perceber algumas questões e após, passar a limpo na folha definitiva”, ressalta.
O professor relembra de uma situação que passou quando foi chefe de sala e destaca: cuidado ao administrar o tempo de prova. “Já ocorreu de faltar cinco minutos para o término do tempo de prova e o aluno não tinha passado a redação ainda, então me pediu tempo a mais. É constrangedor dizer que não, mas isso não pode, são regras do concurso. Faltando 30 minutos para o término o chefe de sala avisa. Neste momento o aluno tem que estar com a grade de respostas já completa e passando a redação a limpo.” O educador dá palpites sobre assuntos em alta que possam ser tema da redação de 2021: mobilidade urbana, maus hábitos alimentares na juventude, educação à distância e saúde pública.
Estudante busca nota alta para faculdade de medicina
Geovani Eduardo Haubenthal Sebastiany, 18, está no terceiro ano do Ensino Médio. Aluno de Paulo, ele que é um dos candidatos do Enem deste ano, realizou estudos não apenas em sala de aula, mas participando de cursinho na cidade de Santa Maria na parte da noite e aulas particulares. Ele afirma que os ensinamentos passados pelo professor “batem” com os do curso. “O que a gente aprende aqui, aprende lá, mas cada um com um método diferente. No curso, a gente aprofundou mais, porque temos um maior tempo de preparação já que é especificamente voltado ao Enem”, pontua.
Durante o ano, em seu curso preparatório, o estudante conta que produziu em torno de sessenta redações. Em um simulado realizado neste ano, Geovani tirou 920 na pontuação.
O que mais deixa Geovani apreensivo é a parte da prova que é da área de Ciências da Natureza, disciplinas em que têm maior dificuldade, fator notado no Enem de 2020, onde Geovani participou como treineiro orientado pelo professor Paulo. Participando pela primeira vez, o aluno tirou 760 na redação, número que deseja aumentar. “Este ano estou na expectativa de tirar 900”, afirma. Focado para se tornar um grande médico, Geovani afirma que mesmo se sentindo preparado para o exame, os últimos dias antes do teste o deixam apreensivo, mas, está confiante. Questionado quanto aos possíveis temas para a prova neste ano, o estudante é objetivo. “Eu ia amar se o tema fosse saneamento básico, maus-tratos aos animais, ou algo relacionado ao meio ambiente”, finaliza.
Local de prova e deslocamento
O local da prova e o tempo de deslocamento são pontos fundamentais. Por isso, não deixe para conferir seu local de prova em cima da hora, já que alguns estudantes são destinados para escolas distantes e podem não ter conhecimento da instituição de ensino. Já quanto ao deslocamento, organize-se. “Tenho um aluno que é do Centro, mas vai precisar fazer a prova lá no Ciep. Eu já disse para ele, vai precisar estudar como ele vai até lá, não pode ficar dependendo de Uber. Se for o caso, se programar para pedir bem mais cedo, porque tem horário para fechamento dos portões e se fechar, não entra mais. É um critério de eliminação”, destaca. Lembrando que os participantes devem chegar ao local da prova com antecedência, já que os portões abrem às 12h e fecham às 13h.
Reta final: foco na revisão
Com os dias do Enem se aproximando, os estudantes que se prepararam para a prova podem se sentir apreensivos e a expectativa é fator normal neste momento. O professor Paulo salienta que, com toda uma preparação durante o ano, os alunos devem entender que na reta final não se aprende tudo que não aprendeu ao longo do tempo. Por isso, aconselha: revisar e ler provas de edições antigas pode ser imprescindível nesta finaleira de estudos. No site do Inep, todas as provas anteriores estão disponíveis, inclusive com gabaritos. “Outra dica é a leitura de redações que tiraram nota mil para perceber algumas estruturas. Leia estas redações e procure entender porque tirou esta nota. Em sala de aula eu faço análise da redação nota mil com meus alunos”, pontua.
Durante a prova, atenção aos enunciados
Os enunciados do Enem são conhecidos pela grande extensão, onde cada questão pode ter até 15 linhas de introdução ao assunto. Compreender a pergunta faz parte das exigências da prova. O conselho dado aos estudantes é concentração e muita atenção ao ler os questionamentos. “O importante é se perguntar: o que a questão efetivamente está solicitando? Muitas vezes a resposta já está direcionada no enunciado. Deve-se prestar atenção nos conectivos daquele enunciado e entender qual é o comando dele. O enunciado contextualiza e apresenta o assunto, mas o que, de fato, ele está pedindo?”, ressalta o professor.