Mudanças culturais abriram espaço para novos segmentos, que viraram opção de renda para muitas pessoas
Uma recente pesquisa divulgada pelo Empresômetro – entidade que realiza análises de negócios – mostra como o perfil do mercado mudou nos últimos dez anos. De 2008 para 2018, diversas mudanças culturais deram fim a alguns empreendimentos – são poucas as viodelocadoras sobreviventes hoje em dia, por exemplo –, mas impulsionaram outros.
O principal destaque, neste sentido, são as empresas e os autônomos que prestam serviços domésticos, de limpeza e de organização. Na corrida rotina diária, afinal, já há pouco tempo para cuidar da casa. Isso acaba aumentando a necessidade de contratar alguém que faça isso pelo proprietário.
“As mulheres estão cada vez mais ocupando posições no mercado de trabalho e, por conta disso, funções desenvolvidas por elas, dentro de casa, hoje são perfeitamente executadas por empresas (e pessoas) especializadas. Ou seja, com a renda aumentando e o tempo para as atividades domésticas ficando escasso, surgiu uma nova oportunidade para esse tipo de negócio”, explica o diretor do Empresômetro, Otávio Amaral.
Moradora do bairro Centenário, a diarista Simone Viviane de Carvalho, de 42 anos de idade, conhece bem essa realidade. Ela trabalhava em um restaurante da cidade, mas, percebendo o crescimento e as oportunidades do ramo, largou tudo para ser prestadora de serviços de faxina. “Eu comecei há três meses, primeiro com amigos e vizinhos. Acabou sendo o mais lucrativo”, conta. Hoje, é desta atividade que ela tira todo o sustento da casa, pagando as despesas com o aluguel, a luz, a água e a alimentação dela e da filha.
Simone confirma a constatação do Empresômetro, contando que a contratação de um profissional para o cuidado da casa já não é um privilégio somente a pessoas com alto poder aquisitivo. “É bem geral. Tem gente de mais posses que contrata, mas também tem gente como a gente”, coloca. É pensando nisso que a profissional controla bastante os custos, buscando oferecer um valor que seja acessível a todos os seus clientes. Do contrário, faltaria trabalho.
E também na linha da evolução do mercado brasileiro, é nas redes sociais que a diarista tem a sua principal ferramenta de divulgação. “Eu coloco bastante no brique (grupo de ofertas do Facebook). Todo dia, eu posto alguma coisa”, revela a profissional.
Além de limpar forro, janelas, vidros e “o que vier” pelas casas ou empresas em que atua, a profissional também oferece serviço de organização, para dar ordem a peças que estejam muito bagunçadas. “É tudo pelo gosto do cliente”, salienta. Conforme o empresômetro, além das diaristas, empresas firmadas que oferecem serviços domésticos eram 35 em 2008 e, hoje, já são 32 mil pelo país.
Mais estúdios de tatuagem
Mostrando como a mudança do perfil do brasileiro reflete na economia, chama atenção um outro indicador trazido pelo Empresômetro: a evolução dos estúdios de tatuagem. Antes tidas como sinais de rebeldia ou de algo que não se encaixava na sociedade, as pinturas corporais são muito bem aceitas e os números comprovam isso. Em 2008, segundo o levantamento, apenas 23 locais eram categorizados como profissionalizados e especializados em tatuagens. Hoje, já são 3,2 mil estabelecimentos da categoria espalhados pelo país. Expectativa é de crescimento.