Ser individualista coloca o seu emprego em risco

Evolução. Mais que formação técnica, profissionais precisam cultivar valores e ter bom convívio entre os colegas

Com a aproximação do 23º Fórum da Qualidade e Gestão de Pessoas — evento que a ACI Montenegro/Pareci Novo programa para o próximo dia 28, das 18h às 22h, no Clube Riograndense — o Jornal Ibiá amplia as discussões acerca das transformações pelas quais o mercado de trabalho e o ambiente corporativo vêm passando.

Nesta entrevista, Telma Esmerio, diretora da Acerte Assessoria Empresarial com larga experiência em recursos humanos e consultoria organizacional, destaca que não basta mais o conhecimento técnico se o profissional é individualista, uma conduta estimulada à medida que se passa mais tempo no celular, nas redes sociais e outros tipos de gadgets.

“Falar em humanização, em empatia, em convivência harmoniosa, em bom comportamento, nem é mais um diferencial, mas sim características necessárias e fundamentais para se manter no mercado de trabalho”, alerta Telma. Para quem tem dificuldade neste sentido, o ideal é buscar ajuda de um especialista, sob pena de colocar o emprego em risco. Confira:

Ser um profissional de perfil humanizado, que tem empatia, que se importa com o outro, é um diferencial no mercado de trabalho? Por que?
A resposta certamente é sim! Independente da área de atuação que o profissional trabalhe, são imprescindíveis atualmente boas práticas de convivência. A humanização é hoje um ponto necessário que conta muito na empregabilidade das pessoas. A conduta pesa tanto quanto o desempenho técnico. Isso, neste momento, proporciona uma reflexão mais profunda por parte dos profissionais que almejam uma vaga ou mesmo aqueles que já estão trabalhando e têm dificuldade de relacionamento interpessoal. Sendo assim, falar em humanização, em empatia, em convivência harmoniosa, em bom comportamento, nem é mais um diferencial, mas sim características necessárias e fundamentais para se manter no mercado de trabalho.

Na Acerte focamos muito este aspecto de empatia e de humanizar o atendimento. Procuramos manter na nossa equipe uma convivência positiva e saudável. Isto é uma marca nossa: valorizarmos sempre o humano e tratarmos bem todas as pessoas.

Empresas costumam valorizar a qualidade em seus processos e produtos. Neste contexto, de que forma o indivíduo pode inspirar-se e imprimir qualidade à sua conduta profissional?
A conduta profissional é como a ética; não tem como dizer sou “mais ou menos correto” ou “sou mais ou menos ético”. Ou é ou não é. Não é por acaso que existem empresas que são “desejadas” pelas pessoas e outras, não. Este sentimento de como as pessoas que ali estão trabalhando se comportam reflete externamente e também no mercado de trabalho. Por isso existe aquele ditado que diz: “para se construir uma boa imagem leva-se anos, mas para destruir essa imagem leva-se horas”. Existe o livre arbítrio que todos temos, ou seja, todos temos o poder da escolha. Escolher como vou conduzir minha carreira ou minha conduta profissional também passa por isso. Cada profissional tem a oportunidade de fazer a escolha certa, de ser íntegro, correto, honesto.

Em que medida existe a chance de o ser humano ser substituído por robôs no mundo do trabalho?
A robotização é uma tendência e uma consequência para alguns postos de trabalho. Não temos como calcular hoje com precisão esse impacto no trabalho, mas vai acontecer em algumas áreas. Assim como as empresas se readaptaram em um cenário mais enxuto, e alguns profissionais acumularam funções que antes não eram suas, mas que precisaram ser feitas, essas mudanças tornaram-se cada vez mais reais.
Por isso acredito que o profissional precisa mostrar que é necessário para aquela empresa, desempenhando com qualidade seu trabalho. Assim como a empresa (gestores e líderes) precisam dar feedbacks permanentes para que o funcionário entenda seu papel e o que precisa manter ou melhorar.

De que forma a tecnologia impacta e molda os profissionais que hoje estão em formação e amanhã ingressarão no mercado de trabalho?
A tecnologia é uma grande aliada em termos de velocidade, de agilidade, de pesquisa, de desenvolvimento. Mas também pode ser uma “vilã” por diminuir o contato direto, a boa conversa. Os jovens têm dificuldade de interagir “pessoalmente” e alguns nem se interessam por isso. Preferem ficar atrás da tela do computador, celular, tablet, etc. E a própria família, muitas vezes, não identifica no jovem que isso pode atrapalhar seu desempenho futuro no trabalho.

O ideal certamente seria equilibrar tudo isso, onde a tecnologia venha para ajudar e impulsionar a formação deste profissional, mas que ele não se esqueça do outro lado essencial: as relações interpessoais, o trabalho em equipe, o espírito colaborativo, o diálogo.

Existe alguma relação de causa e efeito entre o uso demasiado da tecnologia, que caracteriza a geração Z, e a sua sociabilidade em ambiente de trabalho?
A geração Z (nascidos entre 1995 e 2000) é altamente conectada, criativa, flexível. Mas tem certa dificuldade com o senso de hierarquia. É uma geração bem digital, mas um pouco individualista. As empresas precisam aprender a lidar com essa diversidade e utilizar bem as habilidades desta geração, inserindo-a em suas equipes de trabalho quando possível. Essa mistura de gerações torna-se positiva quando existe respeito e aprendizado coletivo.

Hoje, na nossa empresa, onde temos presentes as gerações X, Y e Z, acredito que seja extremamente positiva essa mistura, pois conseguimos manter um relacionamento interpessoal valoroso, aprendemos umas com as outras e, consequentemente, nos tornamos seres humanos melhores e mais felizes.

Telma (a segunda da esquerda para direita) faz questão de ter as gerações X, Y e Z na equipe da Acerte: Juliana, Josiane e Francine foto: Divulgação/Acerte

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