Planejamento e organização são chave para não cair no endividamento
O equilíbrio financeiro tem se tornado um processo desafiador para a maioria dos brasileiros, pessoa física, e também das empresas. Na próxima segunda-feira, 20, é a data limite para as empresas pagarem a segunda parcela do 13º salário, esperança de muitos para sair ou diminuir o endividamento. E essa parcela da população está aumentando. Ricardo André Machado, contador, perito contábil e professor da Unisc de Montenegro, afirma que no contexto nacional, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, pesquisadores financeiros e entidades empresariais, mais de 50% das famílias possuem dificuldades para manter as suas despesas controladas dentro dos limites dos salários do mês, gerando o seu endividamento.
Isto é, qualquer tipo de dívida assumida e não paga relacionada a compra a prazo (carnê loja), compra no cartão de crédito, uso do cheque especial numa instituição financeira, empréstimo pessoal, financiamento de um carro ou imóvel, seguros e outros.“Observamos que é muito comum a falta do controle, ou seja, deixar de anotar todos os seus pagamentos, compras realizadas, dívidas assumidas entre outros gastos fazendo com que muitos recorram a empréstimos ou ao parcelamento permitido pelo cartão de crédito de forma descontrolada e sem analisar a representatividade do custo desta operação”, destaca o contador. Mas afinal, o que fazer para ter um equilíbrio financeiro neste fim de ano? Como não entrar 2022 no vermelho? Como deve ocorrer a organização com presentes, compra dos itens das ceias de Natal e Ano Novo e, mesmo assim, não criar dívidas difíceis de serem superadas no início do ano?
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Para início de conversa, Ricardo lembra que o cidadão, seja consumidor ou empresário, sendo organizado com as finanças, tende a reduzir os impactos gerados com crises ou situações imprevistas em suas rotinas familiares ou organizacionais. “Garantem a continuidade dos seus planos, sonhos e metas tendo mais liberdade em ajustar seu orçamento e tendo foco no que seja a sua prioridade principalmente neste período de fim de ano em que é comum entradas adicionais de 13º salário, férias programadas, recessos somadas ao consumo excessivo”, ressalta. A busca pelo equilíbrio financeiro vai muito além do corte dos gastos, do acúmulo de dinheiro (poupança) e da realização de algum investimento.
Não entre 2022 no vermelho
Para que possamos manter o equilíbrio e não entrar o ano de 2022 no vermelho em relação às suas dívidas é necessário reflexão, comprometimento e muita dedicação. Começar o ano com todo o orçamento comprometido em contas e dívidas causa muita frustração, mas com algumas ações essenciais que organizam as finanças trazendo a consciência e sentido para todo o esforço, a disciplina e as mudanças de atitude exigidas nesta situação tornam-se naturais. “Nesse sentido, a sugestão é administrar as finanças, listando todos os compromissos já assumidos tendo estes como foco e prioridade, e deixando um percentual das entradas extras como 13º salário e férias como reservas técnicas para os imprevistos e algumas compras à vista para o final de ano, pois isso também nos satisfaz”, afirma.
Erros podem prejudicar suas primeiras contas do ano
Ricardo realizou uma análise sobre os maiores erros cometidos pelas pessoas e que acabam prejudicando seu orçamento já no mês seguinte, neste caso, janeiro de 2022. Dentre os recorrentes estão o consumo excessivo, desordenado e sem planejamento; utilização de limites disponibilizados pelo banco; utilizar limites disponibilizados pelo cartão de crédito sem devida consciência de consumo, esquecendo que mais tarde o valor terá que ser pago; realização de compras a prazo, sem análise de quanto, de fato, se está pagando o produto no final e, ainda, organização de viagem sem planejamento, sem previsão e limites estabelecidos dos gastos.
Se organize para que os gastos não pesem no início do ano
Para que os gastos com as compras não pesem no próximo ano, você deve saber exatamente onde e quanto está gastando. Por isso, a dica de Ricardo é cultivar o hábito de anotar toda e qualquer despesa, todos os dias. Comece ainda este mês. “Este é o primeiro passo para que você forme uma consciência financeira sendo capaz de analisar os grandes ofensores do seu orçamento”, salienta. Você também poderá estipular algumas metas de redução para gastos exagerados, pois os limites e o bom senso neste planejamento é exclusivamente seu. Segundo o contador, a partir do momento que você sabe direcionar o dinheiro para o lugar correto, os resultados tendem a acontecer de forma mais rápida e satisfatória.
Concilie as compras de fim de ano com o alto valor do mercado
Não esqueça! No fim do ano, há uma série de coisas que, geralmente, são prioridade para as famílias, como itens de Natal, produtos para as ceias e presentes aos mais próximos. Mas, como conciliar tudo isso ao alto valor de praticamente tudo hoje no mercado? A regra é simples, em momentos de crise e orçamento limitado, o negócio é você estabelecer na sua rotina diária a cultura de fazer pesquisas para tudo que você precisa comprar. “Você consegue, em alguns casos, ser criativo e buscar opções diferentes para uma ceia natalina a um custo menor, por exemplo. Já em relação aos presentes, uma sugestão de Ricardo é organizar entre seus amigos ou familiares alternativas, como amigo secreto, e que todos participem sem que se perca a essência festiva. O segredo é ser criativo e pesquisar”, ressalta Ricardo.
Dicas especiais
Como sugestão final para que você possa organizar os seus gastos e auxiliar na montagem do seu orçamento, Ricardo lembra que é possível usar os aplicativos disponíveis gratuitamente para celular, planilha no computador, ou até mesmo um simples caderno. “Independente da ferramenta a ser utilizada, o mais importante é descobrir para onde o seu dinheiro está indo, ficando mais fácil em planejar os gastos que ficaram acumulados para o início do próximo ano”, finaliza. Feito isso, siga as seguintes dicas:
1. Corte os gastos que não farão falta na sua rotina;
2. Se possui alguma dívida existente, mantenha em dia para que não haja pagamento de juros e multas, e se houver dividas pendentes procure negociar e regularizá-las;
3. Prefira realizar as compras pagando sempre a vista;
4. Se for viajar, planeje com antecedência e se possível pagando tudo antes. Tenha dinheiro programado para os gastos essenciais durante a viagem;
5. Use o cartão de crédito com sabedoria, estabeleça um limite de até 30% do seu salário ou rendimento familiar com os gastos do cartão;
6. Não esqueça das suas despesas comuns diárias e mensais, para que não haja um descontrole;
7. Separe mensalmente um percentual, pode ser 10%, do seu salário para uma poupança, pois você precisa ter sempre uma reserva técnica para eventualidades.