Mais seguros que as antigas ordens de pagamento em papel, os cartões são os “queridinhos” na hora de comprar
Quem ainda prefere usar o talão de cheques na hora de fazer uma compra ou pagar uma dívida? É cada vez mais difícil encontrar pessoas que realizam suas transações financeiras com o papel. Nos negócios, estamos na era do plástico e dos chips, mas muitos estabelecimentos ainda aceitam os cheques, porém, não de todos os clientes.
Os cartões de crédito e débito são os principais culpados pelo “abandono” do cheque. São muito mais simples de carregar e efetuar o pagamento, além de mais seguros para quem recebe.
De acordo com o gerente geral da agência da Caixa Econômica Federal de Montenegro, Heitor Appel, o cheque está perdendo adeptos há cerca de 10 anos. “Quando não existiam os cartões, os talões eram a saída para quem não queria carregar dinheiro no bolso. A diferença é que, agora, os vendedores podem ficar muito mais seguros nas negociações a prazo, pois têm a certeza de que vão receber. Quanto aos usuários, não muda muito, apenas o conforto de trocar os talões por um só cartão”, observa.
Heitor aponta ainda que muitas mudanças devem acontecer em breve no mundo bancário. “Acredito que, em pouco tempo, quase tudo será digitalizado. As pessoas querem resolver seus problemas rápido e os bancos estão atentos a isso. Em pouco tempo, haverá poucos atendimentos em agências e a grande maioria das transações será realizada através dos aplicativos de celulares”, projeta. Esta, por sinal, já é uma realidade em paises economicamente mais desenvolvidos do que o Brasil.
Compensações caíram 79,8% nos últimos 20 anos
De acordo com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) o número de cheques compensados no Brasil caiu para 672 milhões em 2015 (último dado disponível), uma redução de 79,84% em relação ao ano de 1995, quando foram compensados 3,3 bilhões de cheques. Na comparação com 2014, a Federação constatou queda de 11,09%, quando foram compensados 755,8 milhões de documentos em todo o País.
A queda do número de cheques compensados no período ocorreu num momento de grande expansão do número de contas correntes no País. Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária revelou que o total de contas correntes em 1995 totalizava 39 milhões no Brasil, número que passou para 108 milhões em dezembro de 2014.
As estatísticas da Federação também mostraram uma redução no número dos cheques devolvidos porque não tinham fundos, na comparação entre 2014 e o ano passado. De acordo com a Federação, em 2014, o número de cheques devolvidos foi 57,4 milhões; em 2015 esse total reduziu-se para 56,4 milhões, uma queda de 1,65%.
Comerciantes aceitam, mas não de todos
O comercio ainda pensa duas vezes antes de aceitar o pagamento por cheque. Segundo José Celirio de Mello, proprietário de uma imobiliária na rua Osvaldo Aranha, o estabelecimento ainda recebe, porém, só de conhecidos. “Trabalho há cinco anos neste ramo e sei que é difícil de contar com este dinheiro, pois há muitos fraudadores. E também é algo que já foi superado pelos cartões”, observa. Sendo assim, o empresário constata que recebe poucos pagamentos via cheque. “Na média mensal, dá cerca de dois, no máximo”, detalha.
José desapegou tanto dos talões que tem dois blocos guardados na gaveta do escritório e afirma que é raro usá-los. “Eu sempre preferi pagar e receber em dinheiro. Acho mais prático, rápido e seguro. Os que tenho aqui eu nem uso quase. Nem lembro qual foi a última vez que precisei usar uma folha do talão”, conclui.
Alexandre Cassuli, proprietário de uma revendedora de veículos que fica na rua Buarque de Macedo, bairro Centenário, explica que o recebimento de cheques é permitido apenas para os mais conhecidos. “Só liberamos para aqueles que conhecemos e temos confiança de que não vão nos enganar. Nosso principal meio de cobrança é em dinheiro”, conta. Na empresa, as entradas de cheques têm uma grande variação no ano. “Tem situações que chegam a entrar cinco por mês. Outras vezes, passamos até seis meses sem nenhuma entrada”, completa.
E no ramo da alimentação, a utilização do cheque é m0enor ainda. De acordo com Márcio Gallas, responsável pelo setor administrativo de um restaurante no Centro, é quase inaceitável este tipo de pagamento. “Só aceitamos daqueles que já conhecemos bem, pois já recebemos cheques sem fundo diversas vezes. São casos bem específicos”, conta. O estabelecimento recebe principalmente por cartões. “Mais de 60% dos pagamentos vêm dos cartões. Esse dinheiro temos certeza de que receberemos, ou pelo consumidor ou pela operadora”, observa. Além de evitar receber, Márcio também não gosta de usar o talão para realizar suas compras. “Prefiro pagar em dinheiro ou no cartão. Tenho alguns guardados em casa e não uso. Só utilizo quando é realmente necessário”, completa.
Atenção
Cheque sem fundo: É um cheque que o banco não aceita porque a conta corrente não tem dinheiro suficiente para o pagamento. Quando alguém passa um destes, o banco pode incluir o nome da pessoa no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF)