Os esforços divulgados pela Prefeitura e pela direção do Hospital Montenegro não estão sendo suficientes para reduzir as filas no pronto-atendimento da instituição. Terça-feira à tarde, uma usuária do SUS que havia levado a filha para atendimento, registrou em vídeo o drama de outra paciente, que veio de Maratá.
Nas imagens, uma senhora de blusão laranja, em pé com dificuldades, apóia-se na parede. Ela havia solicitado à equipe do HM um lugar para repousar, mas, de acordo com o relato de quem gravou a cena, o pedido da marataense não foi atendido. A sala de espera da urgência também estava lotada.
Indignada, a cinegrafista amadora, Janine Monteiro, faz um desabafo no vídeo, assim como gravou o depoimento da mulher de Maratá. “O marido não pode ficar com ela, ia perder o trabalho. Ouvi ela dizer que tudo bem, que logo ela seria atendida e não foi o que aconteceu”, aponta Janine que, por fim, desistiu da consulta que buscava para a própria filha. “Minha pequena tem dificuldade para respirar, não é tão grave quanto o caso daquela senhora”, afirmou.
HM tem capacidade para 150 atendimentos por dia
O diretor administrativo do Hospital Montenegro, Carlos Batista da Silveira, aponta que o problema é estrutural. “Triunfo e Capela nos lotam e ainda tem as BRs e o Samu. Acidentes com feridos graves mobilizam toda a nossa atenção”, desabafa. Ele ainda relata que as duas cidades não contribuem financeiramente com o HM.
Segundo Batista o HM tem condições de fazer 150 atendimentos/dia, mesmo com 14 municípios para suprir. É muito pouco diante de um universo populacional estimado em 170 mil pessoas.
Além desse ponto, Batista ainda enumera problemas de atendimento na atenção básica municipal e atrasos nos repasses à entidade. “Se todos pagassem em dia como a União, já nos ajudaria”, destaca.
Quanto a nova gestão da Secretaria Municipal de Saúde, Batista afirma que os rumos, nessa área, devem partir do chefe do Executivo. “O poder da secretária é limitado. O prefeito, sim, pode dar um norte na saúde pública do município”, afirma. Um caminho possível para aliviar o sistema está nas universidades. Novos cursos de Medicina foram liberados na região, o que abre espaço para novos convênios entre o HM e as instituições de ensino. “Até nisso o gestor público pode intervir e trazer médicos para atender na atenção básica. Seria um ganho para os postos”, avalia Batista.