Risco de acidentes domésticos aumenta nas férias

Alerta. De acordo com o Ministério da Saúde, esse período é responsável pelo aumento de 25% no volume de casos

O período de férias é aguardado com grande expectativa por parte das crianças, que ganham mais tempo para se divertir em casa e soltar a criatividade. Por outro, para os pais, esse é um momento de redobrar os cuidados para garantir o bem-estar e saúde dos pequenos. Segundo dados do Ministério da Saúde, ao ano, 110 mil crianças são hospitalizadas em razão de acidente doméstico. Durante essa época, há um aumento de 25% no volume de acidentes domésticos registrados em hospitais.

Quedas, sufocamentos, choques, afogamentos e intoxicação são os acidentes mais comuns envolvendo crianças, onde as pequenas costumam ser as mais atingidas. “É importante lembrar que acidentes domésticos dessa natureza acontecem o ano todo, mas de fato nesse período a incidência é maior, o que ressalta a importância dos cuidados necessários”, disse a enfermeira Camila Colombelli Pauletto, responsável pelo pronto atendimento da Unimed Vale do Caí.

A psicóloga Fabiani de Moraes, com as netas Maria Antônia, de 4 anos, e Ana Clara, de 5. foto: arquivo pessoal

A enfermeira explica que, como os responsáveis acreditam que no ambiente doméstico os pequenos estejam protegidos, acabam por não identificar riscos em potencial e evitam tomar providências para reduzi-los. “Até 1 ano de vida, os acidentes mais comuns com crianças envolvem queda de cama e carrinho de bebê, asfixia com cobertor, engasgamento com brinquedos, queimaduras durante o banho e até mesmo por chimarrão”, revela Camila. “A partir dessa idade, até os 5 anos aproximadamente, as quedas continuam entre as causas de acidentes, além de afogamento em piscinas e ingestão de produtos de limpeza e medicamento, principalmente os líquidos.”

Com duas netinhas em casa durante as férias, a Maria Antônia Arendt de Moraes Thomaz, 4 anos, e a Ana Clara Arendt de Moraes Thomaz, 5, a psicóloga Fabiani Ramos de Moraes conta que os cuidados nunca são demais. Para evitar acidentes domésticos com as pequenas, ela salienta que o diálogo é sempre uma boa arma, o que tem dado certo, já que nunca houve ocorrência desse tipo com elas.

“Temos janelas em casa sem grade e o sofá é próximo, por isso, conversamos sobre os perigos existentes. A mesma coisa em relação às tomadas que não são protegidas, mas, devido às conversas, elas conhecem os riscos”, disse a psicólogas e avó das meninas. “Quanto à cozinha, somente agora permitimos que elas fiquem observando os adultos cozinhar e auxiliam em algumas coisas para aprender, pois gostam de auxiliar a fazer bolos e cupcakes.”

Apesar do cuidado com as netas, a psicóloga revela que por falta de experiência, a filha, que hoje tem 14 anos, ingeriu alvejante quando tinha apenas 2 anos. “Ela colocou na boca e assim que queimou começou a gritar”, relembra Fabiani. Atualmente, ela armazena todos os produtos de limpeza em local de difícil acesso para as crianças.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a cozinha, banheiro, escada, quintal, sala e quarto são os locais de maiores risco. Ainda, a entidade explica que vários fatores podem estar relacionados a uma frequência maior de traumas dentro de casa: pequenas dimensões, iluminação deficiente, móveis ou objetos pontiagudos, piso escorregadio, tomadas elétricas sem proteção (ou mal protegidas), ausência de proteção para a criança, como corrimão na escada, passadeira deslizante, objetos que podem causar danos, tais como martelo, serrote, alicate, furadeira, faca, espeto de churrasco, entre outros.

Atenção: todo cuidado é pouco
Para cada um dos cômodos do ambiente doméstico, dadas as suas peculiaridades, ocorrem alguns acidentes com maior frequência. “Para evitar esse tipo de ocorrência, é preciso ficar atento às situações de riscos e buscar soluções de proteção”, diz a enfermeira Camila Colombelli Pauletto. “Se ocorrer algum acidente, é importante avaliar as condições da vítima e encaminhá-la ao pronto atendimento.”

Enfermeira Camila Colombelli Pauletto

Nos casos de queimaduras, o passo mais importante é esfriar rapidamente a pele para que as camadas mais profundas não continuem queimando e provocando lesões. Nas situações de intoxicação, a enfermeira destaca que não se deve provocar vômito e levar a criança rapidamente ao hospital, ainda, se possível, levar o frasco ou embalagens para uma identificação mais rápida do produto.

Fatores relacionados à ocorrência de acidentes
Idade: quanto menor a idade, maior deve ser a vigilância das crianças, a educação para prevenção deve aumentar a medida de seu crescimento, mostrando os riscos e suas consequências. O papel dos pais é fundamental, ao servirem de exemplo e darem as orientações.
Escolaridade: as pessoas mais instruídas terão possibilidades maiores de prevenir os acidentes, assim como cuidar da primeira assistência.
Ambiente físico: casas em mau estado de conservação, pequenas, mal situadas, cômodos pequenos, cozinhas pequenas, com mau estado da fiação, da tubulação, do gás, podem facilitar os acidentes.

Prevenir é o melhor remédio
É importante analisar, do ponto de vista da segurança, todos os cômodos do ambiente doméstico e evitar possíveis situações de ricos:

Cozinha
É o lugar mais perigoso para a criança porque é nela que ocorre a maioria das queimaduras, lesões cortantes, lacerações e intoxicações, entre outros acidentes. Principais medidas de segurança na cozinha:
-O bujão de gás deve estar do lado de fora;
-Tomadas elétricas devem estar protegidas e fios presos e recolhidos;
-Materiais de limpeza devem estar em suas embalagens originais e fora do alcance das crianças, em armários altos e trancados;
-Utilizar os queimadores (bocas) do fogão de trás, cabos de panela devem estar virados para dentro e para trás;
-Objetos cortantes devem ficar fora do alcance das crianças (facas, garfos, pratos e copos de vidro, saca rolhas, espetos), em gavetas e armários com travas.

Banheiro
É o segundo lugar mais perigoso da casa. Principais medidas de segurança a serem adotadas:
-Armários contendo cosméticos, medicamentos, aparelhos elétricos devem ser mantidos trancados e longe do alcance das crianças;
-Evitar deixar o piso molhado e usar tapetes antiderrapantes;
-Controlar o aquecedor se for a gás (manutenções periódicas), manter o banheiro bem ventilado;
-Não usar chave para ligar o chuveiro, se for elétrico. O indicado são disjuntores de 20 ou 30 Watts;
-A fiação deve estar em bom estado e presa no alto, as tomadas elétricas devem estar protegidas, aparelhos elétricos não devem ser mantidos nas tomadas ou ligados após o uso.
-As tampas dos vasos sanitários devem ser mantidas fechadas e travadas.

Quarto das crianças
-Devem ter camas com largura de 80 cm a 1 metro com proteções laterais e os espaços entre as grades devem ser de 5 a 7 cm para evitar que as crianças prendam a cabeça;
-Cuidados semelhantes com os beliches;
-Os móveis não devem ter cantos pontiagudos, mas arredondados para evitar lesões nas crianças;
-Brinquedos devem ser guardados em ordem para evitar quedas;
-Cobertores e lençóis devem ser presos no pé da cama, para evitar asfixia;
-Janelas devem ter proteção e não ter nenhum móvel embaixo para evitar quedas;
-Tomadas devem ter protetores e deve-se evitar TV e abajures em quarto de crianças pequenas.

Sala de estar
-Aparelhos eletrônicos devem ser mantidos fora do alcance das crianças, com fios curtos e presos, evitando o risco de choque elétrico ou queimaduras.
-Bebidas alcoólicas devem ser acondicionadas em armário alto e trancado para evitar intoxicações;
-Fósforos e isqueiros também devem ser guardados em armários altos e trancados evitando risco de incêndio;
-Móveis devem ter pontas redondas, evitando risco de ferimentos;

Proteger as tomadas elétricas e manter os fios presos e recolhidos são algumas medidas que podem evitar acidentes dentro de casa

-A sala deve estar arrumada e em ordem e as escadas devem ter cancelas para evitar quedas;
-Telefone de fácil acesso para pedir socorro em caso de necessidade;
-Plantas ornamentais e portas de vidro devem ser evitadas ou sinalizadas para evitar intoxicações ou traumas;
-Cortinas não devem ter puxadores para evitar enforcamento.

Acidentes mais frequentes de acordo com as idades
0 a 1 ano: quedas (trocador, cama, colo), asfixia, sufocação, aspiração de corpos estranhos, intoxicações, queimaduras (água quente, cigarro).
2 a 4 anos: quedas, asfixia, sufocação, afogamentos, intoxicações, choques elétricos, traumas.
5 a 9 anos: quedas, atropelamentos, queimaduras, afogamentos, choques elétricos, intoxicações, traumas.
10 a 19 anos: quedas, atropelamentos, afogamentos, choques elétricos, intoxicações, traumas.

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