Alimentação saudável. Cultivo de alimentos e plantas ganha cada vez mais espaço nas residências da zona urbana
Acredite que para ter uma horta em casa nem é preciso dispor de muito espaço. Na verdade há uma variedade enorme de plantas e alimentos que podem ser cultivados em casa, mas como? A maior parte gosta de muitas horas de exposição solar (cinco a seis por dia), embora existam aquelas menos exigentes. Mas há opções como os rabanetes, algumas couves, manjericão, espinafre, erva-cidreira e rúcula que não se importam de estar à sombra, principalmente no verão. Com sol, pode-se plantar quase de tudo, principalmente tomate, pimentão, alface, cebolinha, alho francês, cenouras, ervilhas, entre outras.
Quem ocupou o espaço vago em seu quintal para fazer uma horta foi Paulo César Smaniotto, 43 anos. Ele é natural de Horizontina, onde aprendeu a trabalhar no campo durante a infância. “Quando eu e minha esposa nos mudamos para Montenegro, começamos a morar em apartamento e foi um choque, pois não sabíamos como cultivar e isso fazia muita falta”, conta. Oito anos depois, sem praticar cultivo algum, o casal adquiriu uma casa no bairro Progresso, onde residem atualmente, e aí sim retornaram ao plantio.
Tudo começou com algumas hortaliças e temperos. Atualmente, ele tem cultivo de salsa, cebolinha, manjerona, orégano, tomilho, hortelã, menta, babosa, gengibre, entre outros. “Também tenho hortaliças, como couve, alface, radiche, beterraba e rúcula. Plantei também um pé de uva e dois de banana. Gosto muito de bonsai e tenho 10 exemplares em casa”, comenta.
Além da plantação, ele também reservou um lugar no pátio só para descartar o lixo orgânico, que em seguida é utilizado como adubo. Além de gostar do que faz, Paulo frisa que é uma forma de consumir alimentos sem agrotóxicos.
Mas ele não se conformou ainda com a atividade, que pretende ampliar futuramente. “Meu sonho é ter um espaço maior para cultivar mais e poder compartilhar com familiares e amigos”, diz. Como se não bastasse a praticidade de ter a salada em casa, o montenegrino afirma que o cultivo caseiro reflete em economia no caixa do supermercado. “Um maço de temperinho verde está em torno de R$ 2,00 e um maço vai em uma refeição e mais um pé de alface, que custa em torno de R$ 2,50. Então, por refeição, feita em casa com meus produtos, economizo algo em torno de R$ 5,00”, comenta.
Cultivo em pequenos espaços ganhou mais adeptos, diz engenheira agrônoma
A engenheira agrônoma Vânia Chassot Angeli, 26 anos, afirma que a procura por informações a respeito do plantio e cultivo de plantas e hortaliças em pequenos espaços cresceu. Palestrante do evento “Jardim das Ideias”, promovido pela Sthil, e realizado em Curitiba, no Paraná, ela destaca a valorização que o assunto tem conquistado. “É um workshop de jardinagem, onde eu e os demais palestrantes damos dicas sobre plantas, espécies e formas de plantio em diferentes espaços”, explica.
Vânia destaca que sempre há um meio de cultivar ao menos uma planta dentro de casa. Algumas espécies exigem muito cuidado, porém outras podem ficar dias sem receber água, por exemplo. “Para aqueles que viajam bastante ou que não querem se preocupar com o possível esquecimento, há a possibilidade de colocá-las em vasos auto-irrigáreis”, comenta. Ela se formou como Engenheira Agrônoma pela UFRGS no ano passado e trabalha atualmente com a preparação e manutenção de jardins particulares.
A respeito da preferência dos clientes, ela revela que 50% dos interessados em ter seu próprio cultivo dentro de casa procuram por plantas ornamentais, como a samambaia e a orquídea. “Os outros 50% se dividem em pequenas hortaliças (geralmente com rabanetes e ervas), frutíferas (principalmente morangos) e demais cultivos”, explica. Para ela, essa cultura gera qualidade de vida, transmissão de conhecimentos e economia em alimentos.