Qualificação. Efica e Braskem oferecem curso para mulheres da periferia
Na tarde dessa terça-feira, 9, outra parceria entre Efica (Entidade de Filantropia, Cultura e Arte) e Braskem foi formalizada na Estação da Cultura de Montenegro. Desta vez, no entanto, não foi para dar continuidade à restauração daquele espaço histórico, mas para uma ação social visando o empoderamento de mulheres em vulnerabilidade. O Curso de Costura Industrial foi contemplado através do 1º edital do programa Projetos que Transformam, iniciativa da Braskem lançada em 2022.
Representante do setor de Relações Institucionais, Jeferson Conceição observa que este é mais um dos inúmeros projetos que a empresa petroquímica oferece, em todo o Brasil. “Para este ano prevemos mais de 60 aqui na região (do Polo Petroquímico de Triunfo)”, alertou. No foco estão ações de Educação, Inovação, Empreendedorismo e Reciclagem (Meio Ambiente).
Jeferson recordou ainda de conquistas recentes junto a parceiros; como a formatura da qualificação profissional na área de construção e alvenaria “Inovar para Construir”; o Empreendedoras Braskem, com 35 mulheres formadas em Montenegro; e a conclusão dos três primeiros meses do Notas da Quebrada, realizado pela Cufa Montenegro.
Da mesma forma ocorre agora este apoio financeiro à Efica, que, para a primeira turma, cativou 16 moradoras das áreas periféricas. “Pensamos que seria momento de uma ação concreta para trazermos o protagonismo e o empreendedorismo às mulheres que estão invisíveis nos bairros de nossa cidade”, declarou a atual presidente da Entidade, Rosani Brochier Nicoli. Ela explicou que este é o braço filantrópico descrito no nome da Efica, enquanto que o trabalho das voluntárias ficou mais conhecida junto à Cultura, como a reforma da histórica estação férrea.
Rosani projeta que as beneficiadas poderão ter seu próprio negócio ou buscar emprego. As aulas são ministradas pelo Senai, com a professora Giselda Silveira, prevendo carga-horária de 60h, nas tardes das terças-feiras. A Secretaria Municipal de Educação é parceira, cedendo a Casa Amarela, do Complexo Estação da Cultura, para a realização.
Esquecida pelo mercado de trabalho
As idades das 16 primeiras alunas do curso de Costura Industrial são variadas, mas as histórias coadunam no que tange a falta de oportunidade. Como disse Rosani Brochier, elas são invisíveis; ou, ao menos, ficaram quando já não interessavam mais ao mercado de trabalho.
Maria Cledenir Lopes tem 64 anos, não é aposentada e tudo que lhe restou dos 30 anos no trabalho pesado de empregada doméstica foi uma tendinite no braço direito e uma lesão de Menisco em um dos joelhos. Vivendo apenas com R$ 600,00 do Bolsa Família, viu brilhar em sua frente a oportunidade de colocar na frente de casa – no bairro Senai – uma plaquinha “reforma-se roupas”. “Eu não tenho condições de voltar a trabalhar fora, por causa do meu joelho”. Maria tem máquina de costura, mas que precisa de manutenção, e experiência do ‘corte & costura’ que fez aos 15 anos.
Pela idade “ninguém quer”
No grupo está também Maria Inês Leidens, que, em comum com sua vizinha, Maria Cledenir, não tem apenas o nome e a comunidade. Seu relato de vida também coaduna. Após 40 anos na indústria do calçado, hoje não recebe mais oportunidade, embora precise de emprego. Maria Inês acredita que seus 65 anos são o motivo para ser preterida no mercado de trabalho. “Vou fazer tanta roupinha bonita”, comemora. Ela é aposentada com salário-mínimo, mas, por enquanto, não vai empreender na confecção.
Em comum, as duas Maria têm ainda a participação no grupo de trabalho e apoio “Promoção Humana”, mantido pelas religiosas Irmãs de São José. A irmã Eva Terezinha Magoga explica que a ação social na Vila Esperança pede frequência na oficina de costura de agasalhos, em troca de uma cesta-básica. Nove integrantes foram levadas ao curso da Efica.