Reunião em família, comida com aquele temperinho especial e trocas de carinho são alguns aspectos marcantes de um dos dias mais especiais do ano. No entanto, para o estudante de Artes Visuais Raphael Júnior Almeida, 21, esse será um momento de descobertas, onde a novidade será vista pela janela do ônibus.
Em meio a despedidas, na próxima segunda-feira, 25, o estudante se dividirá entre os amigos que irá deixar em Montenegro e a expectativa de reencontrar a outra metade das pessoas que ama. Pela primeira vez, Raphael passará o Natal longe da família, ou melhor, a caminho dela.
Com poucas condições, o jovem não teve muitas alternativas na compra da passagem. Atualmente, ele faz parte de um programa social que possibilita descontos em transporte coletivo interestadual. Porém, algumas restrições impediram a emissão do bilhete em outra data, fazendo o jovem colocar o pé na estrada quando as pessoas mais querem estar em casa.
Como consolo, Júnior prefere imaginar que sacrificar o Natal viajando terá sua recompensa. Os projetos são passar o Réveillon e as férias de verão na presença da família, depois, poder compartilhar as histórias vividas de um ano surpreendente.
O itinerário será cansativo, partindo de Montenegro a Timóteo, em Minas Gerais, mas os detalhes da viagem não passarão despercebidos pelos olhos do futuro profissional de Artes Plásticas. Cada curva que corta os Estados por onde ele passará será um convite para desfrutar a particularidade de cada região, de cada tom da luz refletindo nos lugares, das infinidades de verdes que acompanham o asfalto e a certeza do abraço gostoso na chegada em casa.
Meio tímido, mas com ideias bem formuladas sobre esse período do ano, Raphael preza por um Natal mais humano e menos material, onde as pessoas possam trocar muito mais que coisas. “O consumismo desenfreado transformou radicalmente a essência dessa data e muitos valores se perderam, como a troca de carinho e o exercício da empatia”, destaca o estudante.
Essas são considerações importantes, pois a partir delas é possível questionar o verdadeiro sentido do dia natalino e perceber como é prazeroso estar na companhia de quem amamos. Assim, os sorrisos, os abraços e até mesmo o polêmico arroz com uvas e o panetone de frutas cristalizadas se tornam especiais, e o que já não era problema para Almeida, fica ainda mais gostoso.
Sem perceber e mesmo com duras críticas, Júnior é um amante inconsciente do Natal, não pelos valores econômicos que a sociedade de consumo impõe, mas pelos momentos de alegria e amor que essa data pode e deve proporcionar.
Na viagem do dia 25 de dezembro, além de roupas, o rapaz levará na bagagem muitos desejos e sonhos de um mundo mais humano e feliz, onde as coisas simples e verdadeiras tenham mais importância que trocas de mercadorias. No final da experiência vivida na estrada, Raphael espera encontrar o abraço acolhedor de sua mãe, pai e irmã.
Muitas pessoas cruzarão o caminho do estudante durante o trajeto, provavelmente gente de todos os cantos do país e, quem sabe, do mundo. Uma coisa é certa: serão corações e pensamentos que mesmo com a distância, estarão juntos das pessoas que mais amam nesse dia tão especial.