Identidade cultural dos montenegrinos é a luta diária da artista
Há muitos anos, Lisa Borchardt trava uma luta de extrema importância para que o povo de Montenegro assuma sua identidade e acima de tudo admire e ame o município, principalmente através dos seus símbolos, como a bergamota montenegrina. Membro da Associação Montenegrina de Artistas, a Amarti, a artista levou o prêmio do projeto Mulheres que Brilham na categoria Cultura, através do sentimento de pertencimento pela cidade. Lisa não nasceu em Montenegro, mas diz que na verdade, ela só “escorregou” em Santa Cruz do Sul. “Eu revelo que nasci lá porque está na identidade, mas eu não gosto de lembrar porque eu me considero montenegrina”, afirma.
Lisa se define uma menina sonhadora. Filha de mãe costureira e lavadeira e de pai mecânico e caminhoneiro, foi criada na beira dos trilhos do trêm. O pai, também pescador, vivia à beira do Rio Caí, e talvez o sentimento tão forte por Montenegro tenha vindo por conhecer os pontos da cidade desde muito nova. Aos 16 anos, Lisa trabalhou no Ibiá, onde compunha as páginas com desenhos, principalmente em charges e por lá, ficou seis anos. “As artes sempre me perseguiram desde pequenininha. Eu sempre fui muito mundo imaginário”, afirma.
Aos 21, quando saiu do jornal, Lisa já abriu um empreendimento com uma sócia: uma loja de aluguel de roupas, onde desenhava os modelitos, além de bordar e fazer armações. Inclusive, seu vestido de casamento foi ela mesma quem desenhou e bordou. “Sem querer eu sempre fui esbarrando nessa coisa da arte”, pontua.
Após dois anos, depois de seu casamento, Lisa mudou um pouco o rumo e trabalhou em uma agência de propaganda, onde desenvolveu o conhecimento sobre artes gráficas. “Eu sou autodidata, não consegui me encontrar na parte técnica. Não me formei porque até hoje acho que não me encontrei, vou me deixando levar”, ressalta.
Posteriormente, Lisa passou algum tempo auxiliando o marido no hotel de sua família, aqui em Montenegro. Depois deste período, a artista se engajou nas feiras de artesanato da cidade, onde, na época, o intuito maior era o seu fortalecimento. Passado este tempo, Lisa ainda trabalhou em uma agência de turismo. Mas foi na pintura em tela que a artista se reconheceu. “Desde aí eu me aproximei muito mais das artes e do poder que elas têm. Comecei a produzir, a fazer quadros e não parei mais”, relembra. Lisa explica que o sucesso de seu trabalho veio de muita persistência. “Aqui na cidade para algumas coisas darem certo têm que ser na teimosia. Montenegro tem dificuldade de se apaixonar por ela mesma”, lamenta.
Lisa acredita que foi a mais votada por estar travando uma luta em que acredita e o público possa ter se identificado. “Eu espero que é por estarem vendo a mesma coisa que eu. Eu vejo que história, cultura, arte, turismo e meio ambiente precisam se falar, andar juntas, e é isso que eu tenho gritado”, pontua.