Integrante da Cufa, presidente do Condim e participante do núcleo Maria Maria
Dando continuidade às entrevistas com as vencedoras do prêmio Mulheres que Brilham, Kaká Pinheiro foi a mais votada na categoria Liderança Comunitária. Atualmente diretora de assistência social e cidadania, Kaká ainda é presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Condim) e participante do núcleo de mulheres Maria Maria. Kaká sempre teve como traço forte o engajamento na luta a favor dos direitos da mulher, principalmente pela prevenção e fim da violência.
Ela relembra que a infância foi muito difícil, até mesmo desde o nascimento. “Eu nasci na antiga usina, nas ruínas, que hoje é a Câmara de Vereadores, porque meus pais não tinham local de moradia. A partir do meu primeiro mês fomos morar na Vila Esperança. Foi bem difícil, um lugar de bastante vulnerabilidade, sem água sem luz, sem estrutura”, recorda. Como seu pai era alcoolista, maioria das vezes tudo sobrava para a mãe de Kaká, por isso, com apenas 15 anos ela já trabalhava para auxiliar na renda de casa.
Sua história na comunidade começou quando participou de um processo seletivo para agente comunitário de saúde e pôde acompanhar a situação e mais de 200 famílias dentro do seu bairro. A vontade por ajudar o próximo já era o maior sentimento a partir de então. Com seu trabalho na periferia, acabou conhecendo a Central Única das Favelas, a Cufa, e em seguida, o núcleo de mulheres Maria Maria estava sob suas mãos, já que se tornou coordenadora. “É um grupo com mulheres para emponderamento, fortalecimento. A gente pega as demandas dessas mulheres, como violência contra a mulher, e constrói soluções dentro da periferia. Sou apaixonada por esse trabalho”, afirma.
Kaká destaca que seu maior sonho como líder comunitária é que cada vez mais mulheres tenham voz e vez dentro da periferia. “Assim como eu tive, mesmo tendo que gritar muitas vezes para ser escutada, eu gostaria que estas mulheres e meninas de periferia também tivessem voz e vez para as questões das mulheres. Este é meu sonho: que tenham mais líderes comunitárias, mais mulheres engajadas na liderança. Eu trabalho para isto”, ressalta.
“É o reconhecimento por todo esse tempo que a gente vem trabalhando com a liderança comunitária. Acho que muitas pessoas se identificaram comigo. Gosto de dizer que minha vida foi todo um processo de aprendizagem e construção coletiva. Se hoje o pessoal votou em mim é por conta do Maria Maria, da minha família, dos meus amigos e das pessoas que acreditaram no meu potencial”, finaliza, sobre o prêmio.