Bairro Estação. Comunidade afirma que tem visto o interesse de outras pessoas em morar ilegalmente no local
Uma área verde no bairro Estação, que corre paralelamente à BR-287, tem gerado polêmica no município. Ela era usada há anos por moradores das proximidades para lazer, deixar cavalos e até plantar algumas culturas. Recentemente vinha sendo alvo de tentativas de invasão de pessoas buscando construir casas irregularmente no local. Para frear a prática, os usuários do espaço viram-se obrigados a cercar a área. Cerca de cinco moradores tomaram essa atitude.
Cassiano Curtinaz Carvalho lembra que estava dentro de casa – que fica em frente à área verde – quando ouviu o barulho de uma motosserra. “Quando eu saí, eles já tinham derrubado tudo”, conta, referindo-se às árvores que ali existiam. “Eram umas que nem eram de cortar.” O cortador, segundo ele, preparava o terreno da área verde para uma construção. Cassiano logo tratou de colocar cerca no espaço, para evitar a invasão.
O medo principal dos moradores é a índole de quem possivelmente invada a área. De acordo com informações, são comuns os casos de pessoas que ganham casas da Prefeitura – em uma outra região do bairro – mas às vendem para lucrar e construir residência em outro local. “A gente paga IPTU direitinho pra vir outra gente morar aqui na frente, e nós não poder nem sair mais de casa?”, expressa outra moradora, que prefere não se identificar.
Na sexta-feira passada, na área verde, tentavam separar um espaço para a construção de quatro casas em frente a sua residência. Sofrendo de depressão, a moradora passou o final de semana sem dormir para, na segunda-feira, comprar o material para também cercar uma parte do local. Para isso, precisou usar o dinheiro de um exame que necessita fazer. “A gente tá cercando, porque não tem pra quem pedir socorro. Depois que encher de construção, eles colocam água e luz, e nunca mais saem”, desabafa.
Outro morador, que também optou por não se identificar, tinha um galpão construído na área verde, e o utilizava para lazer. Já cercou o lote há cerca de quatro meses e, na ocasião, sofreu represálias. Ele conta que, enquanto organizava o cercamento, encontrou “camisinhas” e agulhas atiradas no local. Teve ferramentas e alimentos dos construtores roubados no período. Tentaram, ainda, atear fogo nas madeiras que virariam cerca. “Se nós deixarmos aberto e limpar, eles vêm tomar conta”, coloca.
Secretaria do Meio Ambiente fará vistoria
De acordo com os moradores, a Prefeitura ficou de ir ao local ainda hoje para derrubar tudo o que estivesse irregular na área verde. O galpão do morador, após essa notificação, já estava sendo desmanchado na manhã de ontem, mas há incerteza sobre como será procedido em relação às cercas e às possíveis invasões. “A Prefeitura notificou que ia vir retirar tudo para não estimular a moradia”, conta o dono do galpão. “Dizem que, se tu cercar, ta delimitando área e isso não pode.”
Ele diz que não se identifica para o jornal para evitar complicações, pois entende que, na situação, ambas as partes (Prefeitura e moradores) estão, ao mesmo tempo, certas e erradas. “A gente sabe que não poderia cercar, mas se nós não fizéssemos, o poder público também não está fazendo. A gente está se defendendo da maneira que a gente pode”, exclama. Contatada sobre a situação, via Assessoria de Comunicação, a Administração não confirmou sobre a ida ao local hoje. Foi respondido, apenas, que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente fará, ali, uma vistoria.