MORADORES de 22 bairros foram afetados durante o fim de semana
No último final de semana, no sábado de madrugada e no domingo, dois rompimentos de uma adutora na rua Apolinário de Moraes, em Montenegro, resultaram na falta de água de 22 bairros da cidade, deixando diversos moradores sem água por dois dias. Os bairros impactados foram o Aeroclube, Bela Vista, Bom Jesus, Centenário, Cinco de Maio, Esperança, Estação, Faxinal, Germano Henke, Imigração, Moradas do Sol, Municipal, Progresso, Rui Barbosa, Santa Rita, Santo Antônio, São João, São Paulo, São Pedro, Senai, Tanac e Timbaúva. As localidades representam 90% da cidade, o que corresponde a cerca de 23 mil imóveis.
Mas, está longe de ser a primeira vez que os montenegrinos precisam “se virar” sem o abastecimento de água por longo período de tempo. O problema na rede nesta rua existe há 20 anos e nos últimos meses se agravou consideravelmente. Diego Medeiros Farias, do bairro Bela Vista, é um dos moradores que sentiu na pele o que é ficar dois dias sem água em casa.
“É terrível, ficamos comprando água para casa. Eles deveriam nos reembolsar, porque isso é terrível”, desabafa. Diego conta que nos dois dias, a água comprada serviu para tudo, até mesmo para tomar banho, já que em sua casa não há água de poço. Em outra oportunidade, na semana passada, ao levar a filha para a escola, Diego se deparou com a água “suja e branca”. “Fui levar a minha filha, estavam pegando água da torneira para colocar nas bobinas. Foi onde me falaram que não dava mais para tomar. Então, tive que comprar água do meu bolso para deixar na escola”, conta.
O casal Mário André Ramgrab e Marina Carvalho Cunha, moradores do bairro São Paulo, também ficaram sem água durante todo o fim de semana. Por sorte, eles utilizam água da caixa d’água para diversos afazeres e puderam receber o filho que não tem e também passou pelo problema. Eles contam que a filha planejou a festa de aniversário justamente para sábado à noite, quando iniciou a falta de água.
“Ela estava muito preocupada, porque as visitas iam chegar e nem banho tinha tomado ainda. Nem mesmo a garagem ela conseguiu lavar”, conta Marina. A caixa é uma mão na roda para o casal, mas de qualquer forma a situação é complicada. “Para o banho, por exemplo, a água da caixa é muito fraquinha, então no domingo, esperamos até 23h mais ou menos a água voltar para tomar”, relata Marina. O casal, que mora a cerca de 30 anos no bairro, pontua que a situação têm sido pior nas últimas duas semanas.
“Essa situação é uma coisa triste, não é fácil toda hora isso”. Este é o desabafo de Germinário Krindges, morador do bairro Cinco de Maio. Ele, que não tem poço ou caixa de água, conta que a água apenas normalizou em sua casa nessa segunda-feira, 8, após o meio dia, mas dois dias foram totalmente sem. “Tomar banho é no frio, por exemplo. O problema é esses vazamentos que dá que a Corsan deixa dias sem arrumar, depois faz um remendo e está pronto. Depois, dá problema de novo e estoura tudo”, opina.
Corsan/Aegea se manifesta
A Corsan informou que está fazendo uma série de estudos para o planejamento de melhorias na rede de distribuição de água de Montenegro. Um deles é um estudo de modelagem hidráulica, uma ferramenta digital que simula o funcionamento de sistemas de abastecimento exatamente como ele ocorre na prática.
Esse recurso permite, por exemplo, identificar como acontecem as variações na pressão da água nas redes ao longo do dia e analisar vários outros problemas que podem ocorrer durante todas as etapas até que a água chegue à população para consumo. A partir daí, podem ser buscadas as soluções.
Sobre os rompimentos de rede na Rua Apolinário de Moraes, que afetaram o fornecimento de água para a cidade nesse fim de semana, a empresa disse que as equipes de serviço foram mobilizadas rapidamente para fazer o conserto e restabelecer o abastecimento. Ainda, que está dentro dos projetos da Companhia melhorias na tubulação dessa rua para evitar a ocorrência de rupturas.
“A Corsan, agora controlada pelo Grupo Aegea, vem investindo na substituição de canalizações antigas, de fibrocimento, por redes em PVC, que são mais resistentes e duráveis. Também vem fazendo inspeções para verificar a existência de vazamentos ocultos nas redes, que são aqueles que não escoam para o solo e por isso não ficam visíveis. Outra providência que vem sendo tomada para evitar rompimentos é a instalação de dispositivos para controlar a força nos encanamentos, como ventosas e válvulas redutoras de pressão”, afirmou a empresa em nota.
Prefeito faz cobranças à Companhia
Nessa segunda-feira, o prefeito Gustavo Zanatta esteve na sede da Corsan/Aegea e, de forma taxativa, cobrou providências urgentes. Zanatta recebeu a informação de que os antigos canos, ainda de cimento amianto, serão substituídos por uma tubulação de PVC, muito mais resistente. A troca ocorrerá no trecho que vai da esquina com a Olavo Bilac até a Celso Emílio Müller. As obras devem iniciar nos próximos dias e trecho será recapeado após a conclusão. Zanatta conversou diretamente com a presidente da Companhia, Samanta Takini, e com o diretor César Faccioli. A empresa, que assumiu a Corsan no ano passado, reconhece a necessidade de investimentos em Montenegro.