Pedindo atenção. Esgoto obstruído por construção de casa transborda nos pátios e no meio da rua
A comunidade de Porto Garibaldi tem características muito peculiares. Ela é uma das mais afastadas do centro urbano de Montenegro, e para chegar lá é preciso rodar pela BR-386 até próximo da ponte sobre o Rio Caí e então acessar uma estrada vicinal à direita no trevo de acesso ao Paradouro 22. E ela não é perto da rodovia. Na verdade é quase um quilômetro em uma estrada de terra muito esburacada. Pavimento somente quando se chega à parte habitada.
Mas, apesar de ser no interior, não é uma comunidade agrícola. São trabalhadores das empresas no Polo Petroquímico e similares, de serviços e do comércio; e muito de sua força está na Escola Estadual de Ensino Fundamental José Garibaldi que é seu núcleo social. Um afastamento da cidade que faz crescer o sentimento de abandono. Ao chamar a reportagem, o ajudante de manutenção Andre Luis Griebeler, 30 anos, mostrou apenas a demanda mais urgente, a rede de esgoto.
A comunidade possui a rede cloacal, todavia não tem o sistema pluvial. As ruas, que já não possuem nome, com casas sem número, não têm uma única boca de lobo. Isso obriga a chuva a correr para a parte mais baixa, em direção a um matagal, causando erosões em todo o caminho. Mas justamente em frente à casa de Griebeler o desnível e obras estão causando alagamentos. E se não bastasse a água da chuva, agora o esgoto cloacal obstruído se mistura, criando um líquido fétido no meio da rua.
“Chega a ferver algumas vezes de tanto bicho. E o cheiro ninguém aguenta”, descreveu a vizinha Daniela Silva, que trabalha em casa cuidando de uma criança de 1 ano. Ela assinala que os canos, que têm pouca vazão, pioraram com a construção de uma casa sobre a rede. Acontece que a linha passava pelo meio do terreno e o dono não aceitou mais isso e obstrui a passagem com o alicerce da obra, agora inacabada. O resultado é os detritos de várias casas estão voltando.
Esgoto está retornando para os pátios
Mas certamente a pessoa mais prejudicada é Aline Terezinha Flores, cujo pátio é abaixo no nível da rua. Seu gramado virou um banhado, que avança para o leito da calçada, obrigando a colocação de tabuas para permitir a entrada e saída. “Meu portão fica pura água. Saio com água na canela”, descreveu. Sua fossa séptica, que fica no pátio da frente, já dá sinais de estar transbordando.
Outro morador, e pai de Daniela, José Laerte da Silva reitera que, tanto a água das chuvas como dos banheiros não têm mais para onde ir. Mais antigo no bairro, ele garante que tudo é simplesmente lançado no meio do mato de uma propriedade privada ao largo do bairro. Silva recordou ainda de alguns canos deixados na rua para serem usados em uma obra da Prefeitura que desapareceram.
“É um abandono total”, lamentou, ao cobrar também as promessas dos vereadores. “Estamos esquecidos aqui” diz a vizinha Claudete Terezinha Böhm, que ainda se queixou de alguns moradores que estão, novamente, jogando lixo doméstico na área verde. A Associação de Moradores elegeu recentemente nova gestão, que ainda está se organizando.
Mas Mario Luiz dos Santos, integrante do Conselho Fiscal, afirma que certamente, a demanda do esgoto será priorizada. No dia 3 de junho, através da assessoria de imprensa, o secretário de Viação e Serviços Urbanos, Jackson de Oliveira, informou que uma equipe de vistoria iria ao local para levantamento da demanda. Esta visita dependeria do cronograma de trabalho. A expectativa inicial era acontecer naquela semana, mas no dia 11 André Luiz informou que não havia ocorrido.