Em Montenegro são cerca de 10 mil animais de rua
No mundo todo, a situação do abandono e maus tratos aos animais são debatidos recorrentemente e preocupa não apenas parte da população, mas ONG’s das cidades. Em Montenegro, não é diferente. E não é para menos, principalmente em época de férias, onde muitas famílias viajam e acabam deixando seu animal para trás, abandonados em casa ou até mesmo na rua. Claudete Davila Eberhardt, presidente da ONG montenegrina Cachorreiros e Gateiros, afirma que há, atualmente, cerca de dez mil animais de rua no município, número este que vem aumentando cada vez mais. Claudete destaca que Montenegro sofre muito com maus tratos. Para ela, a localização da cidade possibilita o abandono. “Todos os dias tem abandono de animais não só de pessoas de Montenegro, mas de outras cidades que os carros vêm e largam por aqui. A gente tem um acompanhamento disso e viu muitos serem filmados. Já existem muitos animais aqui na cidade que ficam se reproduzindo e as pessoas ainda vem para cá para abandonar”, lamenta.
Ela afirma que o abandono geralmente se deve ao aumento no número de animais em uma família. “Por exemplo, uma família tem uma fêmea que não consegue castrar, porque o custo é alto. Ela fica no cio, acaba tendo uma ninhada indesejada e se não consegue doar, abandonam”, ressalta. Outra questão é a mudança de casa. Quando a família se muda de residência também acaba deixando os animais na antiga casa, o que caracteriza maus tratos. “Inclusive se pegar em flagrante abandonando, a gente entra com ação civil para responsabilizar a pessoa, mas infelizmente a maioria das vezes os autores deste crime não são pegos”, diz.
Claudete ainda lembra que durante a pandemia muitas pessoas entraram em contato com a ONG alegando não ter mais condições de cuidar do animal, porque ficou desempregado, por exemplo. “Estas situações a gente entende, porque a pessoa não está optando pelo crime de abandono e maus tratos. Está pedindo ajuda. Neste momento, a gente divulga doação, tentamos facilitar a castração para que não se reproduzam mais. Se a família é de baixa renda ajudamos também com campanha de ração para que a pessoa não precise se desfazer do animal”, conta. Hoje em dia, a Cachorreiros e Gateiros tem 47 animais para adoção.
Claudete destaca que a adoção é muito importante e ato de amor. “As pessoas devem adotar, porque os animais são tudo de bom. Como é gostoso ter o carinho de um pet. É prazeroso. O animal adota a pessoa e vem para complementar coisas que a gente precisa até mesmo psicologicamente“, afirma.
Um ponto importante a ser destacado são os recursos que são destinados às ONG’s, como emendas impositivas de alguns vereadores que foram divulgadas no fim de 2021. Claudete destaca que tudo que envolve destinação de valor tem grande burocracia. “Isso sempre tem todo um trâmite e demora até que, de fato, a gente receba estes valores. E a gente, como voluntária, não ganha nada destes valores, tudo é destinado aos animais”, explica. O plano, com valores esperados para este ano, é focar na castração animal. Claudete conta que o programa de castração atual vigente em Montenegro atende 10 animais por mês e em somente uma semana cadastrou quase 20 animais. “A gente entende que a castração é o início do processo de diminuição de animais nas ruas e famílias carentes”, salienta.
Como ajudar a causa animal?
A questão financeira é um fator primordial para a continuidade do trabalho das ONG’s. “Geralmente todo animal que está na rua e as pessoas pedem ajuda para a ONG é um animal doente, atropelado, ou está em uma situação bem ruim, demandando de custo financeiro com veterinários, medicações, ração, internação e por aí vai. A gente trabalha exclusivamente com ajuda da comunidade”, lembra Claudete, da Cachorreiros e Gateiros. Ela explica que após resgate de um animal, as voluntárias da ONG vão diretamente para as redes sociais pedir ajuda da população. “Conforme as pessoas ajudam, a gente também ajuda, então não é só o trabalho voluntário da entidade, e sim das pessoas que contribuem.”
Por isso, a ajuda da comunidade segue sendo essencial para manutenção das ONG’s. Claudete diz que dentro da Cachorreiros e Gateiros existe uma campanha de dindos, onde os interessados doam R$ 10,00 mensais para ajuda nos diversos custos da entidade. “Este valor ajuda enquanto não sai novos editais da Prefeitura”, destaca. Ela afirma que a comunidade pode ajudar de muitas maneiras. “A gente precisa de doação de ração, porque utilizamos quase 300kg por mês. Também aceitamos doações de medicações que não foram utilizadas até o final”, destaca. Outra opção é deixar uma quantidade de ração em qualquer petshop ou agropecuária da cidade e avisá-los que é destinada para a ONG. Assim, os voluntários fazem a retirada.
Ainda, valores em dinheiro também são uma grande ajuda. “Estamos com atendimentos suspensos porque estávamos com uma dívida de $ 6 mil que ainda estamos pagando e mesmo assim temos que manter os medicamentos dos animais que já temos conosco”, relata. O pix para doações em dinheiro é o CNPJ da empresa: 41.965.694/0001-89, intitulado de Patinhas da Esperança, outro codinome utilizado para se referir aos Cachorreiros. Outra ONG conhecida na cidade é a Amoga, que também aceita doações em ração e medicamentos. Interessados em doar valores em dinheiro devem transferir via pix para o número do CNPJ 07.375.418/0001-22.