DAS 70 FAMÍLIAS ainda abrigadas no domingão, 5 não tem mais onde morar
Ao lado dos filhos, de 7 e 15 anos, Daiane Lisboa aguardava o retorno do marido, que estava trabalhando como motorista de uma empresa. No ginásio Domingos dos Santos, o “Domingão” do Parque Centenário desde 1º de maio, quando aconteceu a maior enchente, Daiane vive a expectativa do retorno para casa. “Perdemos tudo na primeira enchente.
Limpamos a casa na semana passada, mas aí veio outra enchente e sujou tudo de novo”, lamenta. Moradora da Rua Júlio de Castilhos, próximo da esquina com a Rua Apolinário de Moraes, perto do Centro, ela espera por tempo bom para voltar a limpar a residência neste final de semana e voltar a colocar os bens que salvou durante o domingo. “Ainda estamos pagando cozinha, estante e colchão da enchente de novembro”, diz, sobre alguns dos bens que perdeu. Cita também a perda do uniforme e materiais escolares do filho, estudante da Escola Estadual Aurélio Porto, que pela primeira vez em 67 anos teve as salas de aula invadidas por uma inundação.
Situação pior é a de Luciano Pereira e da filha Ana Luciane, que residiam na Rua Álvaro de Moraes, perto da beira do rio. Além dos bens que estavam no interior da moradia, perderam a própria casa, que foi arrastada pela correnteza da enchente e está comprometida. Nada foi salvo. “Não sabemos o que fazer e nem para onde ir”, lamenta Luciano, que é viúvo. Abrigado junto da arquibancada do ginásio Domingão desde 30 de abril, informa que morava na residência faz cerca de três anos. “Desta vez quase cobriu o telhado”, afirma, sobre a cheia da última semana.
Das cerca de 120 pessoas desabrigadas que estavam no ginásio Domingão, na última sexta-feira, 17, restavam em torno de 70. Conforme a voluntária Carolina Flores, que por 17 dias auxilia no atendimento dos necessitados. Pelo menos 5 famílias não têm para onde ir, já que perderam suas moradias.
