Contrariando a expectativa da tribo de índios Kaingang instalada no bairro Centenário – e do próprio Município – o governo do Estado informou que a definição sobre um novo local para o grupo em Montenegro não deve sair até o dia 27 de fevereiro. A data havia sido dada como limite pelo cacique da tribo, que disse ter interesse em sair do terreno atual pela falta de espaço, mas queria tempo hábil para a construção de uma escola indígena apropriada antes do início do ano letivo das crianças do grupo. Mas representantes do Estado pediram um período maior para acertar os detalhes da realocação.
“Solicitamos uma reconsideração de tempo, haja visto que isto não será resolvido ‘do dia para a noite’ e nem em menos de 20 dias”, explica o diretor de Direitos Humanos da Secretaria Estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Otávio Pedeli. Ele esteve em Montenegro na última semana conversando com o cacique Eliseu Claudino. “Firmamos nosso comprometimento de articular uma resolução o mais breve possível, afinal, é um desejo de todos os entes envolvidos.” Não data para a conclusão das tratativas.
A área do bairro Centenário onde estão os índios pertence ao Estado e a alternativa mais forte é que eles sejam realocados para o bairro Zootecnia, na área onde funciona o Centro de Treinamento de Agricultores da Emater, o Cetam. A matrícula desse terreno é dividida entre a Emater e a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado. “Desta forma, dentre alguns fatores condicionantes, exige-se uma analise e articulação sobre a viabilidade da área. Um novo local tem que ser viável tanto para o Estado como para os indígenas, aonde eles possam ter seus direitos fundamentais assegurados”, coloca Pedeli.
Como as tratativas ainda ocorrem, não há uma definição sobre como uma possível mudança dos índios afetariam os serviços do Cetam. A área total do local – que já foi a Estação Experimental de Montenegro e teve trecho doado para o assentamento dos sem terra nos anos 90 – tem, hoje, 93 hectares; e poderia vir a ser dividida. 74 pessoas integram a tribo Kaingang instalada em Montenegro. Na espera, o cacique Eliseu Claudino informou que pode aceitar a oferta em um novo prazo, mas espera que demandas do grupo, como a preocupação com a reconstrução das casas onde vivem hoje, sejam atendidas.