Habitantes da Rua Professora Valesca Lampert apontam uma série de problemas em sua via e pedem mais ajuda
A Rua Professora Valesca Lampert, no Centro, segue paralela à RSC 287. Dividindo a rodovia e a rua – mais baixa – existe um alto barranco que, como em várias partes da cidade e da estrada, está tomado pelo mato. Um trecho dele, no entanto, acaba destoando do restante. Ali, moradores cansados de esperar pelo atendimento do serviço público de roçada têm colocado a mão na massa para reduzir o problema.
Aos 68 anos de idade, a paranaense Maria Lucia da Silva – que é moradora da Rua há 16 anos, passou as últimas duas tardes, junto do marido e de mais uma vizinha, capinando o matagal do trecho. “O inço já chegava a um metro e meio de altura”, conta. Maria já trabalha, há tempo, no cuidado de “sua parte” do barranco, tendo investido de seu próprio bolso no plantio da grama, de árvores e de flores. “Não dá pra deixar. Se recebe uma visita, a frente da tua casa não pode estar desse jeito.”
Com o peso da idade, a atividade se torna cada vez mais difícil, mas acaba sendo a opção diante do déficit no atendimento. Nos trechos onde é aguardada a roçada do poder público, ela conta, pessoas de índole duvidosa buscam abrigo, escondidas entre o mato e as árvores sem poda. “De madrugada, a gente até ouve de casa. Eles ficam por ali fumando maconha”, relata.
A vizinha que a ajuda no cuidado do trecho prefere não se identificar. Ela mora já há 32 anos no local e lembra que foi uma união dos vizinhos que possibilitou o plantio de árvores no barranco – iniciativa que impede desmoronamentos. Em certa ocasião, a moradora investiu R$ 250,00 de seu bolso para um serviço de poda. “Eu me irrito com essas coisas, então eu mesma faço”, admite.
Ambas, após o trabalho de roçada e limpeza feitos, só esperam que a Prefeitura faça o recolhimento dos resíduos e dê a destinação adequada. Contatada, a Administração informou que toda a limpeza do barranco agora é de responsabilidade da EGR, e que Prefeitura, por meio da secretaria municipal de Meio Ambiente, seria responsável apenas pela varrição, capina e roçada da rua – trabalho que será colocado no agendamento.
Além do mato, a sarjeta que segue paralela ao trecho também é um problema. Em mau estado, ela não dá a devida vazão às águas da chuva, o que causa inúmeros transtornos. “Nós queremos ajuda. Nós queremos melhorias. A gente paga os nossos impostos”, diz Maria Lucia.
Limpeza da RS leva a queixas
Recentemente, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) realizou o trabalho de limpeza nos canteiros laterais da RSC 287. Por intermédio de uma empresa terceirizada – a MG Serviços Rodoviários – o necessário cuidado do trecho foi feito, mas a atitude da prestadora gerou indignação nos moradores da Professora Valesca Lampert.
Enquanto passava com as máquinas realizando a limpeza, todos os resíduos do processo – com o cisco e a terra – foram atirados em direção ao barranco e à rua, tornando a situação do trecho ainda pior. “Eles até deixavam uns ciscos outras vezes, mas nunca tinham feito assim”, afirma a moradora Maria Lucia. O serviço ocorreu no dia 11 de janeiro.
Contatada, via Assessoria de Comunicação, a EGR explicou que este tipo de material não representa impacto ambiental e que é normalmente descartado na faixa de domínio da rodovia, que é constituída para este fim. “Descarte de poda, terra, entre outros, pode ser feito nas margens da via. Esta prática cumpre orientações que constam na licença específica emitida pela Fepam, seguindo legislação ambiental, a fim de garantir a segurança viária. Eventuais anormalidades ocorridas serão averiguadas”, colocou.
Falta de meio-fio preocupa
Não são incomuns os acidentes na RSC 287, onde os veículos acabam caindo barranco abaixo e indo parar na Valesca Lampert. Em um dos trechos que recebeu o cuidado da roçada, um acidente ocorrido em meados de julho do ano passado quebrou parte do meio-fio que separava a rodovia do barranco. As pedras ainda se encontram caídas no local e a situação gera preocupação.
“Sem a ‘guia’ (meio-fio’), fica ainda mais perigoso”, afirma Maria Lucia. Ela aponta que o material é uma segurança a mais, para que os carros, caso venham a perder o controle, possam parar ali sem despencar. “E se cair, capotar, ou pegar uma pessoa passando?”, questiona. Alem do trânsito, as águas da chuva, sem o meio-fio, descem o barranco e acabam entupindo os bueiros.
Sobre a situação, a EGR informou que assumiu a responsabilidade sobre a RSC-287 no final do ano passado, conforme decreto do governador. Serviços mais urgentes, como a roçada e a correção de alguns buracos, já ocorreram, mas os demais precisam aguardar. “Os levantamentos referentes a eventuais intervenções necessárias, assim como demais melhorias, serão realizados assim que os contratos sejam formalizados”, explicou.