Solidariedade não tira folga: voluntário relata experiência na enchente
“É triste ver tudo destruído e muitas pessoas desabrigadas. Mesmo ajudando, a gente sempre quer fazer mais e mais. Infelizmente, o corpo cansa e as energias se esgotam”, relata Diego Gonçalves, 34 anos, membro do Serviço Civil e Auxiliar de Bombeiro Militar (SCAB) em Matará. Seu depoimento revela a experiências e sentimento de quem participou das operações de salvamento durante a enchente em Canoas. Diego é um dos muitos cidadãos que, durante as enchentes, se dedicaram a atender suas funções profissionais e ajudar voluntariamente aos necessitados.
Residente em Canoas, desde criança, Diego testemunhou de perto e participou do socorro às vítimas da enchente no início da semana passada. “Na segunda-feira, dia 6, fui para Canoas. Quando cheguei, tudo estava debaixo d’água. Ajudei moradores, a Brigada Militar, fiz resgates com apoio dos bombeiros, técnicos de enfermagem e ambulâncias do SAMU. Retiramos os moradores que estavam presos em suas residências e também ajudei o pessoal de um abrigo instalado em um CTG”, conta. Assim foi até sexta-feira, 10. “Moro no bairro Mathias Velho há 33 anos e nunca vi isso acontecer. No máximo a água chegava na altura dos joelhos”, conta o bombeiro.
Para Diego, a união de voluntários foi fundamental no socorro prestado. “Muitas pessoas se ajudaram, resgatando e retirando o máximo de moradores das casas alagadas”. Contudo, segundo o voluntário, mais difícil do que ver as perdas materiais e o abalo emocional das famílias, foi tomar conhecimento de situações como abusos sexuais às vítimas da catástrofe natural. “Foi bem complicado, assaltos, abuso de crianças e mulheres, falta de água potável”, resume o socorrista. Ele também relata que, pelas cenas e situações que observou na cidade, o número de pessoas que perderam a vida, por afogamentos, deve ser bem superior ao divulgado até então pelas autoridades.