Artes marciais. Professor e lutador foi ovacionado pelo público no ginásio
A Copa Barão de Muay Thai, Boxe e Kickboxing seguia o protocolo normalmente no último sábado, até a quarta luta do torneio, quando um montenegrino resolveu entrar em ação e protagonizar o momento mais emblemático da competição. Depois de a arbitragem decretar vitória do atleta Cezar Campos, da equipe Nitro Team, o professor e também atleta Gustavo Kuhn, comandante de Cezar, subiu no ringue para “mudar” o resultado do combate. Após explicar a situação para o público, Gustavo foi aplaudido por todos no ginásio municipal de Barão.
Cezar Campos enfrentava um atleta local, em uma luta composta por três rounds, de dois minutos cada. Logo no primeiro round, o lutador de Barão aplicou dois knock downs (golpe que deixa o adversário no chão e faz o árbitro abrir contagem) em Cezar, que resistiu. O representante da Nitro Team demonstrou superação e venceu os dois rounds seguintes por vantagem mínima. “Na questão de pontos, o knock down influencia muito. Como levou dois, o Cezar precisava devolver os dois knock downs para vencer a luta, mas isso não aconteceu. Ele foi muito guerreiro”, ressalta Gustavo.
No entanto, como havia sofrido os dois golpes no primeiro round, as vitórias por diferenças apertadas nos outros dois rounds não bastariam para Cezar. “A luta terminou e tive a certeza que teríamos perdido. Para nossa surpresa, o juiz deu vitória para o Cezar. Depois que ele recebeu o troféu, chamei o juiz principal, porque não tinha entendido o resultado”, explica.
“O árbitro me falou que provavelmente os juízes laterais confundiram um momento que ele advertiu verbalmente nosso adversário, mas não tirou pontos. Os outros árbitros interpretaram que sim, por isso a questão da pontuação. Então, o juiz me passou que, a princípio, eu estava certo, que meu atleta havia perdido, mas que não precisava voltar o resultado, até porque a premiação já tinha sido entregue e o evento estava em andamento”, complementa.
Foi aí que Gustavo Kuhn tomou a atitude mais grandiosa do evento e deu um exemplo de honestidade sobre o ringue. “Como sou um cara que venho da antiga, considero honra, moral, respeito e lealdade em primeiro lugar. Não achei justo aquilo, o menino ir dormir sendo campeão com uma medalha de vice. Então, chamei meu atleta, expliquei a situação e ele prontamente concordou comigo, assim como o professor Diego Avila”, diz.
“Chamei o juiz, o professor do adversário e o atleta, e expliquei a situação. Eles não acreditavam no que estava acontecendo. Subimos no ringue, peguei o microfone e expliquei o que aconteceu. Devolvemos o troféu e fomos ovacionados por toda a torcida local. Como sempre falo, exemplos não se fazem com palavras, e sim com atitudes. Também acho que a questão de honestidade não é uma questão de filosofia de arte marcial, é uma questão de caráter”, completa Gustavo.