Diante do cenário caótico gerado tanto pela cheias em Montenegro e Pareci Novo quanto pelas enxurradas em Brochier, Maratá e São José do Sul levantaram-se, por parte das comunidades, questionamentos sobre formas de monitoramento e alerta em casos de desastres naturais na região. Tais medidas poderiam, ao menos, reduzir os prejuízos para famílias e empresários que costumam ter seus empreendimentos atingidos pelas águas. A resposta dos órgãos públicos também fez com que surgissem dúvidas quanto à atuação da Defesa Civil.
Quanto ao monitoramento de eventos climáticos extremos, em nível de Estado, existe uma central especializada na análise das informações obtidas por meio de radares, satélites e estações meteorológicas, para elaborar boletins diários e emitir, quando necessário, avisos – a Sala de Situação. Os alertas são enviados diretamente para o celular das pessoas cadastradas no serviço de SMS 40199 e publicados no site da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil, bem como nas redes sociais institucionais.
Para a região do Vale do Caí, foram emitidos dois alertas em função do ciclone extratropical que atingiu o Estado na metade de junho: um na tarde de 15 de junho informado sobre riscos de enxurrada e possibilidade de enchente e outro pouco depois do meio-dia de 16 de junho, alertando para inundação dos rios Caí, dos Sinos, Gravataí e Guaíba.
Na cidade de Montenegro, o monitoramento de eventos extremos se dá, via de regra, por meio do sistema SACE e de alertas da Defesa Civil Estadual. De acordo com o novo coordenador da Defesa Civil em Montenegro, Clóvis Eduardo Pereira, o Município não conta com uma rede de comunicação e compartilhamento de informações com a Defesa Civil de outras cidades da região para monitorar o nível das águas do Rio Caí, por exemplo. Chama à atenção que os 20 Municípios integrantes da Associação dos Municípios do Vale do Rio Caí (Amvarc) estão divididos em três coordenadorias regionais da Defesa Civil diferentes, o que pode dificultar a troca de informações.
“Pretendemos corrigir isso estabelecendo acordos de troca de informações com as cidades por onde a água passa antes de chegar a Montenegro”, afirma Clóvis. Inclusive, no último dia 26, Clóvis esteve na Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) para discutir a criação de um observatório regional para monitorar as cheias no Vale do Rio Caí. A ideia é que o observatório inclua os 20 Municípios integrantes da Amvarc.
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Também comumente atingida pelas cheias do Rio Caí, a cidade de Pareci Novo se baseia nas medições realizadas na vizinha São Sebastião do Caí para prever o tamanho da enchente que atingirá o Município. Diante de um cenário de cheia, o coordenador da Defesa Civil Municipal e vice-prefeito de Pareci Novo, Fábio Schneider, explica que equipes ficam em prontidão para, por exemplo, emprestar caixas para erguer móveis em casas que possam ser atingidas.
Diante da previsão de muita chuva para os próximos meses – e até anos – por conta do fenômeno El Niño, Fábio ressalta que a Defesa Civil de Pareci Novo está buscando se equipar melhor. Nesse sentido, uma das compras previstas é a de um barco. Sobre sistemas de alerta, Fábio observa que Pareci Novo é um Município de pequeno porte e, por conta disso, é possível fazer o alerta de enchente via redes sociais e realizando avisos diretamente para as famílias que residem nas áreas que costumam ser invadidas pelas águas.