Zanatta e Braatz: “invertemos a lógica e fizemos muito no primeiro ano de governo”

Nas palavras do vice, administração será marcada por melhorias de infraestrutura

Há uma semana, terminava o primeiro ano de governo de Gustavo Zanatta e Cristiano Braatz à frente da Administração Municipal. Olhando pra trás, a dupla avalia que realizou muito. Defende que inverteu a lógica de gestões anteriores, fazendo bastante no ano inicial sem deixar as ações para o fim do mandato. Por outro lado, reconhece que ainda há muito o que avançar, especialmente diante de problemas de infraestrutura que já fazem “aniversário” na cidade. A promessa é de que este segundo ano seja de obras e soluções.

“Nossa administração vai ser marcada por questão de infraestrutura. Se ano passado foi marcado por uma adequação administrativa, este ano efetivamente o cidadão vai ver a marca da gestão Gustavo Zanatta”, projeta o vice-prefeito. Ele e o chefe do Executivo fizeram um balanço do início do governo em edição especial do Estúdio Ibiá, da Rádio Ibiá Web, na noite dessa quarta-feira, 5 de janeiro. Foi a última da série de entrevistas com os gestores da região de cobertura do Jornal Ibiá sobre os desafios do primeiro ano de mandato.

“Hoje, a gente ataca macro problemas dentro da cidade”, analisa o prefeito Zanatta sobre a gestão de Montenegro. “Prova disso é que uma das grandes obras que nós realizamos, que é na rua Porto Belo do bairro Centenário, foi obra em um problema de esgoto que tinha há vinte anos. Desses, nós temos inúmeros, porque é uma cidade muito grande, com 70 mil pessoas.”

Zanatta garante que conhece bem a demanda de infraestrutura – os buracos, os esgotos, as estradas – e que sua equipe trabalha, com planejamento, para atacá-la. Porém, admite que não será possível fazer tudo. “Eu acredito que nós vamos passar quatro anos atacando problemas e, se tivermos uma reeleição, vamos mais quatro anos trabalhando em cima disso e ainda vamos ter que deixar pontos para um próximo gestor. Existem inúmeras demandas. Infelizmente, a realidade é essa.”

Recentemente, governo apresentou aquisições feitas visando melhorar a oferta de serviços. FOTOS: ACOM/DIVULGAÇÃO

Problemas
No centro do planejamento para atacar os problemas de infraestrutura e os serviços urbanos por Montenegro estão as máquinas, os equipamentos e as equipes de trabalho. E nesses pontos cruciais, Zanatta e Cristiano apontam que receberam a gestão do Município com deficiência.

“Nós assumimos a Prefeitura com duas roçadeiras e um facão. Eu falo isso e as pessoas não acreditam”, relata o prefeito. A falta de equipamentos no início do governo e a morosidade da compra pública motivaram o governo a lançar o projeto Cidade Limpa no ano passado, que buscou junto a empresas locais doações dos materiais de trabalho. “Foi um lindo projeto. Nós recebemos R$ 82 mil em equipamentos pra colocar as equipes, com os albergados, nos bairros fazendo corte, capina, varrição e pinturas nos cordões de calçada.”

No que tange às máquinas maiores, imprescindíveis na manutenção das ruas e estradas do interior, o prefeito aponta que a burocracia encontrada para consertos e reposição de peças tem sido um entrave pra gestão. “Nosso maior problema é a demora de como se abre um processo, até fazer os três orçamentos, licitar, fazer pregão eletrônico. O setor público é totalmente diferente do privado”, reclama. “Demora para resolver a questão, aí tu resolve numa semana e, uma semana depois, já estraga outra peça da máquina e ela volta a ficar parada.”

Zanatta diz que ele e a equipe já tiraram dinheiro do bolso para fazer consertos de forma a driblar os trâmites necessários se fossem usados os recursos públicos. “Não é problema de falta de planejamento, mas às vezes estraga uma mangueira que custa R$ 800,00 e essa máquina vai ficar parada por mais de um mês por causa desses R$ 800,00. Então, a gente resolve isso de outro jeito. É onde cada um tem que buscar R$ 50,00 e fazer uma caixinha para conseguir comprar peças pras máquinas continuarem funcionando”, conta. Para alguns atendimentos, como os oferecidos no âmbito do bônus rural, o governo acabou optando por contratar uma empresa terceirizada.

Avanços
Apontados os problemas, Zanatta e Cristiano destacam soluções que conseguiram colocar em ação. Pra elas, apontam o investimento no ano passado de quase R$ 2 milhões em veículos e máquinas; como um triturador de galhos, uma capinadeira, uma máquina de pintura viária e, especialmente, a vibroacabadora de asfalto que viabilizou o recentemente lançado programa “Asfalto para Todos”. “Com ele, nós vamos asfaltar mais de 28 quilômetros só em 2022”, projeta o prefeito. “Temos o Passo da Amora que está há 30 anos pedindo para ser asfaltado e vamos iniciar esse trabalho. Temos a Selma Wallauer pedindo, temos a rua dos Imigrantes pedindo. São vários pontos importantes, de 15, 20, 30 anos, e tudo isso a gente vai atacar. As pessoas vão ver inúmeras obras neste ano que terão continuidade em 2023.”

O chefe do Executivo ainda aponta adequações que prometem garantir melhor atendimento ao interior. “Nós tínhamos só uma patrola funcionando. Agora, conseguimos colocar a segunda para funcionar e estamos finalizando a terceira”, coloca Zanatta. “Também assinamos um contrato para fornecimento de saibro para que possam ser feitas melhorias nas estradas, que é o principal que se pede no interior.”

Prefeito destaca como uma das conquistas da gestão o lançamento do programa Asfalto para Todos

Prefeito cobra organização e mais participação da comunidade
Avaliando o primeiro ano de governo, Zanatta e Braatz apontam que cumpriram uma das principais promessas de campanha: ouvir mais a comunidade. “Sempre quando o prefeito, eu ou a equipe são solicitados, a gente atende”, garante o vice-prefeito. “Uma das premissas que nós temos na Administração é de que ninguém pode ficar sem uma resposta; de preferência, imediata.”
Por outro lado, a dupla aponta que pra conseguir “estar presente”, captando as necessidades das dezenas de bairros e localidades do interior, também é necessária a mobilização das pessoas. Isso, dizem, está faltando.

“Eu, como prefeito, não tenho como estar presente em todas as localidades. Por isso, eu digo que um presidente de associação ou líder comunitário é uma extensão da Prefeitura, com acesso dentro do gabinete”, comenta o prefeito. Segundo ele, dos 26 bairros de Montenegro, só seis têm essas lideranças de referência. “As pessoas têm que entender que só vai funcionar a partir do momento em que os três pontos funcionarem: o poder Executivo, o Legislativo e a comunidade. O ponto em que a gente mais peca, infelizmente, é o da comunidade. Ela precisa ser mais participativa e, hoje, eu enxergo que a sociedade está longe de estar organizada. Eu preciso fazer as pessoas enxergarem isso.”

O pedido, Zanatta aponta, também se relaciona ao cuidado da cidade. “Se nós limpamos o mato hoje e na semana que vem cresceu, me ajuda a comunidade, me ajuda o morador a fazer a limpeza”, diz. “Porque como eu, com 26 bairros, vou estar presente toda semana para fazer essa limpeza? Isso não existe. A nossa parte está sendo feita, mas eu peço a colaboração da parte de lá.” Promessa de campanha de encontro à escuta da comunidade, a criação de um “aplicativo cidadão” onde os munícipes poderão apontar demandas por serviços dentro da cidade deve ser licitada dentro deste ano.

Resgate da autoestima passa pela devolução de espaços
Convidado a elencar conquistas do primeiro ano, Cristiano Braatz fala na maior rapidez em ofertar serviços ao cidadão. Cita a emissão da guia de ITBI em 48 horas e respostas mais eficazes dadas às pessoas. Zanatta complementa, falando sobre a tomada de decisões diante do período mais crítico da pandemia de coronavírus; e do programa Fim da Espera, que destinou R$ 1,25 milhão para zerar a fila por exames na Saúde. “Não tem como elencarmos apenas um item do que a gente fez, mas eu penso que um dos principais pontos foi ganhar a credibilidade da comunidade. As pessoas voltaram a acreditar”, sublinha.

Nessa construção de credibilidade, o prefeito cita os atendimentos aos munícipes. Também, a parceria com a iniciativa privada; como a participação de empresas na doação de equipamentos e as parcerias no programa “Família na Praça”, que ao longo deste ano vai revitalizar 28 praças de Montenegro.

Eleitos com a promessa de resgatar o autoestima do montenegrino, Zanatta e o vice também apontam o compromisso de melhorar os principais pontos turísticos da cidade. Pra beira do rio, lembram que o projeto de revitalização da orla já está pronto e cadastrado para receber recursos da União; e que há uma segunda frente de trabalho para resolver os problemas estruturais do talude que também está sendo encaminhada. Ainda citam a recente limpeza do Baixio, após a entrega da ponte de acesso, que liberou a área para uso.

“Já o Parque Centenário vai ter uma total transformação e isso vai ser apresentado no momento certo”, adianta Zanatta. “Ele é uma de nossas principais metas porque, em maio de 2023, nós temos que fazer, se Deus quiser e a pandemia permitir, um mega evento (dos 150 anos da cidade) não só de Montenegro, mas do Vale do Caí, por ser a maior cidade da região. O meu sonho é trazer uma festa igual a do Festa & Festa”, diz o prefeito em referência ao grande evento realizado em 1988; para o qual várias melhorias, como a construção do Azulão, foram feitas.

“Nós temos reuniões semanais do Parque Centenário, de tardes inteiras, com todos os envolvidos e responsáveis”, conta o chefe do Executivo. “Agora, nós vamos fazer delegações do que tem que correr paralelamente e acreditamos que vamos conseguir.” Das intervenções já confirmadas no parque, com recurso garantido junto à União, estão a construção de novas pistas de esportes e de deck com pedalinhos. Também está sendo encaminhada a nova concessão do restaurante.

No início da gestão, governo fez campanha para receber a doação de equipamentos. Foi alternativa, segundo o prefeito, para garantir serviços básicos

Eles garantem: o Centro Administrativo vai sair do papel
Como a burocracia assustou, Zanatta e Braatz apontam que vêm trabalhando em medidas para minimizar isso. Uma das frentes é tentar facilitar a comunicação entre os mais diferentes setores da Prefeitura. “Eu assino o meu nome mais de 300 vezes num dia; e isso não existe mais”, opina o prefeito. “Hoje, nós temos sistemas em que a gente pode fazer assinaturas digitais e, com isso, a gente faz tudo rodar mais rápido entre as secretarias ao invés de estar fazendo os processos rodarem ainda em papel.”

A dupla pretende cumprir a promessa de construção do Centro Administrativo no bairro Timbaúva onde ficarão todas as secretarias em um prédio só. “Nós vamos contratar uma empresa, já neste ano, agora no primeiro semestre, que fará o projeto de todo o complexo. Isso envolve PPCI, questão hidráulica, pavimentação, mobiliário”, adianta Braatz.

Além de também auxiliar a tornar os processos mais rápidos, com a proximidade, a obra é dada como alternativa para minimizar os gastos com aluguéis. “Hoje, nós gastamos uma média de R$ 65 mil por mês com vários pontos alugados dentro do Município. Desde a época em que eu fui vereador até hoje, se fizéssemos um levantamento do que foi gasto, já dava pra ter tido uns 70% ou 80% desse valor colocado para fazer o Centro Administrativo”, complementa Zanatta.

287: “Essas rotatórias vão sair dentro da nossa gestão”
Prefeito e vice também falaram ao Ibiá sobre uma solução para a travessia da RSC-287 entre o Centro e os bairros Santo Antônio e Panorama. No início do ano passado, eles acabaram criando a expectativa de que o Município investiria recurso próprio na construção de duas rótulas na rodovia estadual como forma de sanar o histórico problema. Tiveram a autorização do Estado, reservaram recurso proveniente do superávit financeiro de 2020, mas a obra não saiu até hoje.

É que, no meio do caminho, o Governo do Estado publicou materiais e abriu consulta pública que fizeram avançar o plano de concessão do trecho para a iniciativa privada. Na época dessa divulgação, Zanatta havia afirmado que, mesmo que o controle do trecho passasse para uma empresa, faria a obra das rótulas. Porém, Braatz explica que o assunto passou a ser tratado com mais cautela.

“Caso o prefeito fizer esse serviço que a empresa, depois, teria que fazer, poderá ter algum tipo de apontamento pelo Tribunal de Contas do Estado e também incorrer em improbidade administrativa”, expõe o vice-prefeito. Braatz aponta que, com isso, está sendo feito um alinhamento para definir qual será a solução à rodovia – ao invés das rótulas, os documentos iniciais da concessão prevêem viadutos no trecho urbano da RSC-287 – e também tentar adiantar o prazo de execução da obra pela concessionária.

“O que eu posso dizer pras pessoas da comunidade da Santo Antônio e do Panorama é que essas rotatórias irão sair dentro da nossa gestão. Isso eu dou certeza”, pontua Zanatta. “Da forma como as tratativas estão avançando, temos a possibilidade real de que isso aconteça e que possa iniciar neste ano ainda.” O mandato de Zanatta e Braatz vai até 2024.

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