Vítimas de violência podem buscar acolhimento psicológico na Deam

ESCLARECER como funciona o cliclo da violência e como sair dele é uma das propostas da ação

Escuta humanizada, violência doméstica, medida protetiva, autoestima. Esses e outros temas são abordados nos encontros de acolhimento a mulheres vítimas de violência, realizados às terças-feiras, às 10h, na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), em Montenegro. As reuniões são ministradas pela acadêmica do 9º semestre do Curso de Psicologia da Unisc, Luciana Dutra, através do projeto Laboratório de Práticas Sociais, coordenado pelo professor Eduardo Saraiva.

A iniciativa é voltada principalmente para mulheres que possuem medida protetiva de afastamento do agressor, mas, também pode ser procurada por aquelas que ainda enfrentam caladas o sofrimento causado pelos vários tipos de violência doméstica. “Esse trabalho visa mostrar como funciona o ciclo da violência. Às vezes elas nem sabem que estão nesse ciclo e quando percebem, a situação está pior”, comenta Luciana.

Luciana Dutra realiza o trabalho de acolhimento na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM)

A delegada Cleusa Spinato, responsável pela Deam e presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres (Comdim) de Montenegro, ressalta que a iniciativa é mais uma ferramenta no enfrentamento à violência contra mulher. “É extremamente importante, pois sabemos da dificuldade das mulheres em situação de violência, de vencer o medo e procurar ajuda. Um dos fatores que inibe as denúncias é a fragilização da mulher decorrente das violências sofridas”, avalia a policial.

O projeto prevê a realização de encontros coletivos para que essas mulheres compartilhem suas experiências. Contudo, a acolhida pode ocorrer de forma individual, se a vítima assim preferir. “É um grupo informativo, para aconselhar, tirar dúvidas. Faremos dinâmicas para tentar acolhê-las e aos poucos fazê-las terem mais iniciativa sobre suas próprias vidas”, explica a estagiária de psicologia.

Vítimas ainda têm receio de aceitar ajuda
O trabalho da Luciana Dutra teve início em março deste ano, mas ainda falta muito para chegar ao resultado que ela idealizou. “Iniciei com uma triagem, depois fiz telefonemas, mas há muita dificuldade no retorno delas. As mulheres com quem consigo contato não querem vir por motivos variados”, relata a futura psicóloga. “É um serviço novo, elas ficam desconfiadas. Estamos tendo dificuldade para fazer atividades presenciais com elas, o que seria bem importante”.

Foto: divulgação

“Qualquer iniciativa que facilite o processo de denúncia, como o atendimento humanizado dos policiais, esse acolhimento e a criação e participação em rodas de conversas e em grupos, para que a vítima perceba que não está sozinha, e que não só a Deam, mas toda a Rede de enfrentamento está aqui para ajudá-la, apoiá-la, a fim de que supere a situação e saia deste ciclo de violência”, acrescenta a delegada Cleusa Spinato.

Luciana destaca ainda que os encontros não são destinados a forçar ninguém a registrar ocorrência. A ideia é esclarecer dúvidas e mostrar o caminho percorrido por mulheres que conseguiram deixar para trás o tão falado ciclo da violência. “Nosso objetivo principal é divulgar que temos esse serviço de acolhimento aqui”.

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