Visão clara: como cuidar da saúde dos seus olhos

Os olhos são a janela para o mundo, nos permitindo receber e interpretar as informações externas que moldam a percepção visual e nos conectam ao ambiente ao redor. Este processo sensorial é fundamental para compreender o espaço e interagir com o mundo que nos cerca. Para manter essa rede de percepção visual funcionando de maneira eficaz, é crucial garantir não apenas a saúde ocular, mas também a saúde geral do corpo. Nos bastidores dos nossos olhos, existem várias partes essenciais que trabalham em conjunto para transmitir mensagens visuais ao cérebro. A pupila, a íris, a córnea, a retina, o nervo óptico e o cristalino são apenas algumas das peças fundamentais desse complexo mecanismo visual. Cada uma desempenha um papel crucial na captura, foco e transmissão das imagens para o cérebro.

Pietro Baptista de Azevedo, médico oftalmologista que atende em Montenegro e São Sebastião do Caí, explica que os sintomas de problemas oculares são inespecíficos, por isso necessitam de avaliação profissional por um médico oftalmologista para o diagnóstico adequado. Mesmo assim, os sinais mais comuns são lacrimejamento excessivo e ardência (geralmente associados a problemas na superfície ocular, como olho seco), visão embaçada ou perda visual e cefaleia/dor de cabeça, especialmente na fronte/testa.

Pietro Baptista de Azevedo, médico oftalmologista que atende em Montenegro e São Sebastião do Caí

Lentes de contato
O uso de lentes de contato pode proporcionar liberdade visual e conveniência, mas requer precauções especiais para garantir a saúde dos olhos, adverte Pietro. As lentes exigem muito mais cuidado do que os óculos, pois ficam em contato direto com os olhos, o que traz riscos, especialmente de infecção da córnea. Segundo ele, alguns dos principais cuidados incluem a remoção diária das lentes. “É essencial retirar todos os dias para permitir que os olhos descansem e respirem adequadamente”. Você também deve evitar dormir de lente, isso reduz o risco de complicações como infecções e ulcerações corneanas.

Cuidar da higiene das lentes e das mãos é fundamental. Pietro alerta sobre os perigos de mergulhar enquanto se usa lentes de contato. “A água, incluindo piscinas, rios e mar, contém um protozoário chamado acanthamoeba, que pode causar infecções oculares graves”. Por isso, o oftalmologista ressalta a importância de seguir rigorosamente as orientações do profissional de saúde para garantir o uso seguro e confortável das lentes de contato. “Cuidar da saúde dos olhos deve ser sempre prioridade”. .

Olho Seco: desvendando o desconforto ocular
A sensação de areia, ardência e até mesmo lacrimejamento podem ser sintomas de um problema oftalmológico comum: o olho seco. A lágrima desempenha um papel vital na lubrificação da superfície ocular, mas uma quantidade insuficiente ou má qualidade da lágrima pode resultar em desconforto ocular, especialmente com o aumento da exposição aos eletrônicos. De acordo com o oftalmologista Pietro, “o tratamento geralmente é clínico, envolvendo mudanças de hábitos, colírios lubrificantes ou o uso de complementos alimentares, como o ômega-3”.

Catarata: recuperando a qualidade visual
A perda de transparência do cristalino, conhecida como catarata, pode resultar em uma perda progressiva da qualidade visual. Geralmente assintomática, além da perda de visão, a catarata requer intervenção cirúrgica, na qual o oftalmologista substitui o cristalino opaco por uma lente artificial, podendo corrigir erros de refração durante o procedimento.

Glaucoma: uma ameaça silenciosa à visão
O glaucoma, caracterizado pela morte precoce das células do nervo óptico, é uma das doenças oftalmológicas mais sérias devido à sua natureza silenciosa e à perda irreversível da visão que pode causar. O especialista destaca a importância de consultas regulares para diagnosticar e monitorar a pressão ocular e a saúde do nervo óptico, sendo essenciais para prevenir a progressão da doença.

Ceratocone: anomalia da córnea
O ceratocone, uma condição na qual a córnea assume uma forma cônica, pode resultar em erros na formação da imagem que não podem ser corrigidos com óculos ou lentes de contato convencionais. Este distúrbio também requer atenção oftalmológica especializada.

Prevenção e diagnóstico precoce
Para o oftalmologista Pietro, a prevenção desempenha um papel crucial na saúde ocular, embora muitas doenças não tenham medidas preventivas específicas. “Uma vida saudável, incluindo uma boa alimentação e exercícios físicos regulares, pode reduzir o risco ou retardar o aparecimento de algumas doenças oculares”, destaca. Segundo Pietro, consultas oftalmológicas periódicas desempenham um papel vital na detecção precoce de problemas oculares. “Um diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no tratamento e na prevenção de complicações futuras”.

Quando se trata de condições específicas, como o ceratocone, o oftalmologista alerta para um fator de risco comum, especialmente em crianças e adolescentes. “O hábito de coçar os olhos pode causar ou aumentar a gravidade do ceratocone, por isso é crucial evitar ao máximo coçar os olhos”, adverte. Sobre o glaucoma, uma das principais preocupações em saúde ocular, Pietro enfatiza que a prevenção é desafiadora, mas o diagnóstico precoce pode ser crucial. “Embora o glaucoma raramente possa ser prevenido, identificá-lo precocemente pode ajudar a evitar sua progressão para a cegueira”, explica o especialista.

Em um mundo onde a luz solar é essencial para a vida, seu excesso pode trazer consequências prejudiciais para a saúde ocular. O oftalmologista enfatiza a importância de proteger os olhos contra os danos causados pela exposição excessiva ao sol. “Sempre que for se expor ao sol, é crucial usar óculos escuros com filtro UV de boa procedência”, destaca. Ele ressalta que olhar diretamente para fontes de luz intensa, como faróis, lanternas e, especialmente, o sol (mesmo durante um eclipse), pode causar danos significativos aos olhos.

O especialista alerta que o excesso de luz ultravioleta aumenta o risco de várias condições oculares, incluindo o pterígio, erroneamente chamado de catarata por algumas pessoas. “O pterígio é uma “pele” que cresce sobre o olho e pode ser evitado com medidas simples de proteção ocular”, explica Pietro. Além do pterígio, ele destaca que a exposição excessiva ao sol também está associada ao aumento do risco de catarata e problemas na retina, ressaltando a importância de evitar a exposição prolongada sem proteção adequada.

Fotos: Freepik

Importância dos exames oftalmológicos
Em um mundo onde muitas doenças oculares podem se desenvolver silenciosamente, sem sintomas perceptíveis para os pacientes, a importância de consultas oftalmológicas regulares é enfatizada pelo especialista Pietro. “Mesmo na ausência de sintomas, é essencial manter um acompanhamento oftalmológico com certa periodicidade, variando de acordo com a idade, fatores de risco e alterações oculares prévias”, afirma.

Sobre a preocupação crescente com o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, Pietro esclarece que embora muitas suspeitas tenham sido levantadas, poucas foram cientificamente comprovadas. No entanto, ele ressalta alguns impactos conhecidos. O primeiro deles é o uso frequente de dispositivos eletrônicos, que pode aumentar o risco de olho seco, pois tendemos a piscar menos quando estamos concentrados nas telas.

Em crianças, o tempo reduzido de atividades ao ar livre devido ao uso desses dispositivos pode levar a uma baixa exposição solar durante o período crucial de crescimento ocular, potencialmente contribuindo para o aumento da miopia, uma preocupação especialmente evidente em países asiáticos onde já é considerada uma epidemia.

Teoricamente, poderia haver exposição excessiva à luz UV, mas isso geralmente é corrigido em telas e monitores modernos, e muitas lentes, incluindo óculos, lentes de contato e até mesmo lentes intraoculares, estão equipadas com filtros UV para mitigar esse risco. Em suma, Pietro destaca a importância de um equilíbrio no uso de dispositivos eletrônicos e a necessidade de conscientização sobre os potenciais impactos na saúde ocular. Manter um acompanhamento oftalmológico regular e adotar medidas de proteção adequadas podem ajudar a preservar a saúde dos olhos em um mundo cada vez mais digitalizado.

Cuidado com as promessas milagrosas
Diante da crescente disseminação de informações sobre supostas soluções para doenças oculares, o oftalmologista Pietro faz um alerta importante: nem sempre essas promessas são verdadeiras. “Não existe dieta específica, exercício ocular ou remédios “naturais” que possam substituir tratamentos tradicionais para doenças oculares”.

Pietro reconhece que na internet e até na TV aberta, muitas vezes somos bombardeados com propagandas que prometem soluções rápidas e fáceis para problemas de visão. No entanto, ele adverte: “É cilada, Bino”, fazendo referência ao meme popular. ‘“É importante não cair nessas armadilhas e buscar orientação profissional adequada”. Embora existam algumas técnicas de exercícios oculares que possam ser indicadas para certas alterações da movimentação ocular, Pietro destaca que esses devem ser realizados sob a supervisão de um profissional treinado, como o ortoptista.

Além disso, o oftalmologista ressalta que algumas doenças da retina podem ser parcialmente prevenidas com suplementação oral de antioxidantes, mas alerta que isso também deve ser feito com acompanhamento médico. “No entanto, essas são exceções. A grande maioria das doenças oculares requer tratamentos específicos tradicionais, como lentes, colírios e cirurgias”, conclui.

Fadiga ocular
Pietro destaca a preocupação crescente com a fadiga visual associada ao uso extensivo de telas, não apenas computadores, como de smartphones, tablets e até mesmo TVs. Segundo ele, essa fadiga ocular é causada por dois motivos principais: o olho seco, devido à baixa frequência de piscar enquanto estamos concentrados nas telas e o esforço que o olho precisa fazer para manter o foco em objetos próximos.

Diante dessa realidade, ele enfatiza a importância de realizar pausas regulares durante essas atividades. “A Academia Americana de Oftalmologia recomenda fazer uma pausa a cada 20 minutos de atividade de perto/tela, olhando para longe por 20 segundos, a uma distância de mais de 6 metros, criando assim o mnemônico 20-20-20”, explica. Essas pausas breves podem ajudar a aliviar o estresse ocular e reduzir a fadiga visual, mantendo a saúde dos olhos em um mundo cada vez mais digitalizado. Pietro ressalta a importância de conscientizar sobre essas práticas simples, que podem fazer uma grande diferença na saúde ocular a longo prazo.

 

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