Liberadas, empresas locais se beneficiaram da proibição
Em janeiro, a Arábia Saudita – principal cliente do Brasil no que se refere à exportação de frangos – anunciou o veto da compra de cinco frigoríficos do país. Dois deles ficam no Rio Grande do Sul, o que trouxe impactos negativos. No primeiro mês do ano, a queda na exportação do Estado, segundo a Farsul, foi de quase 40%. Em fevereiro, ela caiu mais de 20% na comparação com o mesmo mês de 2018.
Mas se a situação é relativamente ruim em nível estadual, Montenegro, ao contrário, está se beneficiando do veto. Bem vista nos países árabes, a montenegrina Vibra tem até unidades de negócios por lá e não teve nenhum dos seus frigoríficos vetados para a exportação. Com isso, a empresa abraçou uma fatia do mercado aberta pelos estabelecimentos brasileiros proibidos e intensificou suas vendas. Os 26% da receita oriunda da exportação ao governo saudita em 2018 já representam 35% agora, em 2019, patamar que deve ser mantido no restante do ano.
Dentre os frigoríficos gaúchos vetados, está a BRF, de Lajeado, que já anunciou um prejuízo de R$ 45 milhões pela proibição do comércio. Ao lado dela, a unidade da JBS de Garibaldi também sofreu a sansão, mas, segundo a empresa, o impacto está sendo absorvido pela realocação dos volumes destinados à Arábia para a unidade de Montenegro, o que também representa impacto positivo ao município do Vale do Caí.
A JBS não divulgou o quanto a produção montenegrina acabou aumentando nessa compensação, mas o fato vai de encontro ao anúncio feito em fevereiro de que o frigorífico buscava aumentar em 50% o número de frangos adquiridos localmente, impulsionando os negócios dos produtores. Na época, entrevistado pela reportagem do Ibiá, um deles, da localidade de Vapor Velho, já previa ampliar sua produção de 60 mil para 150 mil aves por ciclo, investindo em um novo aviário.
Hoje, há tratativas para que os frigoríficos vetados pela Arábia Saudita sejam liberados, o que vai demandar inspeções nos estabelecimentos por comissões do país e não tem prazo para ocorrer. Embora haja especulação de que a razão das proibições seja retaliação do país islâmico para a promessa do presidente Jair Bolsonaro de trocar a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o posicionamento oficial dado é que o veto se deve a uma maior rigidez no processo do abate.
Pelas regras árabes, o animal precisa ser abatido sob os preceitos do Alcorão, seguindo diferentes procedimentos que visam a humanização da atividade. Apesar das quedas, o Rio Grande do Sul ainda é um importante exportador de frangos, sendo o terceiro maior do país.