Previsto para ser votado na sessão da última quinta-feira, dia 3, o projeto de lei 10/2022, que autoriza a abertura de crédito especial para a compra do Parque Tio Manduca pela Prefeitura, deve entrar na pauta da Câmara de Vereadores só na próxima semana. A aquisição proposta pelo Governo Zanatta é avaliada em R$ 1,5 milhão. Pretende transformar o local no novo espaço oficial pra realização de rodeios e demais eventos tradicionalistas; que sairão do Parque Centenário. Porém, desde a divulgação, o projeto vem enfrentando críticas quanto ao valor; e dúvidas em relação ao quanto da área será efetivamente aproveitável, dada a legislação ambiental que envolve a beira do Rio Caí. A decisão por mais tempo de análise, com isso, partiu do presidente da Câmara, vereador Talis Ferreira (PP).
“Nós não somos contra o tradicionalismo, muito pelo contrário, mas nós somos prudentes”, declarou ele na tribuna. O parlamentar disse que viu as várias manifestações contrárias à transação. “É prudente nós, vereadores, que fomos eleitos pelo povo, ouvirmos a comunidade. Nós não podemos fechar os olhos e os ouvidos”, pontuou. Talis quer aguardar a reunião semanal dos vereadores com o Executivo na terça-feira – então já com a volta do prefeito Gustavo Zanatta das férias – para esclarecer as dúvidas levantadas. “Eu achei prudente conversar com a Administração, conversar com o prefeito, e que eles tragam pra nós o porquê da compra ali, o porquê do valor, se é área de APP (preservação). Todas essas perguntas, nós vamos fazer e cabe, depois, a cada vereador analisar”, sublinhou.
Nas redes sociais, o vereador Gustavo Oliveira (PP) já se manifestou contrário à compra. “Com todo respeito que tenho aos meus amigos tradicionalistas, acredito que essa não seja a melhor hora para um investimento desses”, escreveu. Oliveira destacou que é alto o valor para a compra de uma área suscetível a enchentes. Na sessão de quinta-feira, Ari Müller (também do PP) disse ser um “absurdo” o projeto; e avaliou que não é necessária uma área tão grande pra rodeios. “Vamos ser conscientes, ser responsáveis aqui”, declarou.
Paulo Azeredo (PDT), que recentemente havia defendido a compra do Tio Manduca, protocolou pedidos de informações questionando o prefeito sobre o projeto para o parque após a compra e do quanto ali é área de preservação. Camila Oliveira (Republicanos) também se manifestou, dizendo-se a favor da decisão de Talis pelo maior tempo para compreender o projeto. “Eu acredito na democracia, no amplo debate, que nós temos que dialogar exaustivamente e, inclusive, chamar as entidades pra que elas possam estar aqui juntamente conosco dando a sua opinião e dizendo se concordam ou não com a compra daquele espaço e se existe a possibilidade de outro espaço”, falou.
O que diz o governo
Questionada pelo Jornal Ibiá, a Administração Municipal respondeu que, dos 196.600 metros quadrados do Parque Tio Manduca, 70.815 correspondem à área de preservação permanente; restando 125.785 metros quadrados para uso. “Neste espaço, há cerca de 1.200 metros quadrados de área construída, basicamente galpões, perfeitamente aproveitáveis para eventos como rodeios”, adicionou.
Sobre o valor, o governo respondeu à reportagem que uma arquiteta, servidora do Município, fez a avaliação da área para a definição do valor de compra usando o método de inferência estatística. “Neste modelo, são consideradas inúmeras variáveis, como tamanho, drenagem, acesso, pavimentação, distância da região central e benfeitorias. O processo levou em consideração a NBR 14653, em que são determinados todas as metodologias e parametrizações utilizadas nos laudos e pareceres de avaliação mercadológica de imóveis”, colocou. Se aprovada a compra, a gestão do parque deve iniciar sob a responsabilidade da própria Prefeitura, que projeta buscar uma parceria público-privada para gerir o espaço.