Você lembra dos seus verões dos anos 1990? Celular, computador pessoal e internet eram artigos de luxo e é bem provável que isso tenha demorado a chegar à sua casa. Novelas icônicas, impeachtment e renúncia de Fernando Collor de Mello, colapso da União Soviética e do Comunismo. Isso e muito mais “bombava” no final do século passado.
Além disso, muita música boa, presente até hoje, surgiu naquela época. Cores vibrantes invadiam o mundo da moda. É para resgatar tudo isso que estreia na próxima terça-feira, 29, a nova novela das sete, na TV Globo. Verão 90 é dirigida por Jorge Fernando e escrita por Izabel de Oliveira e Paula Amaral.
A trama vai contar a trajetória dos três ex-astros mirins do Patotinha Mágica, grupo infantil de sucesso da década de 80, com protagonismo da atriz Isabelle Drummond e dos atores Rafael Vitti e Jesuíta Barbosa. A autora Izabel de Oliveira disse, em entrevista, que Verão 90 é uma novela que fala do verão. “Passada na década em que achamos que foi ontem, mas que na verdade foi bem distante. Não tinha celular, não tinha internet e as pessoas precisavam marcar encontros”, afirma.
Durante as cenas, os telespectadores poderão voltar no tempo e conferir, em uma comédia musical e romântica, diversas referências que foram destaques há quase 30 anos atrás. De acordo com as escritoras, homenagens vão acontecer ao longo das cenas. Uma delas deve ser para o filme Caçadores de Emoção.
Como principal inspiração para o trio infantil, as autoras buscaram analisar os grupos reais Balão Mágico e Trem da Alegria. Já para o núcleo jovem, a referência veio do seriado Confissões de Adolescente, da TV Cultura, que expressava de forma fiel a realidade e dilemas dos jovens da década de 1990. Vale Tudo e Rainha da Sucata também serviram como motivação para a criação.
A novela inicia na terça-feira, 29, após o RBS Notícias, e irá ao ar de segunda-feira a sábado, durante 50 minutos por dia. Estão previstos 156 capítulos para a história que traz a música “Pump Up the Jam”, do grupo musical Technotronic.
O que você lembra?
E os leitores do Ibiá, o que faziam naquela época? Quais eram seus sonhos de consumo, como se divertiam e o que marcou a vida deles na última década do século passado.
A monitora escolar Wanderlene Braun Reidel, 43 anos, morava em Linha Pinheiro Machado, interior de Brochier, no início de 1990. Ela tinha apenas 15 anos. Wanda, como é chamada, era fã dos Beatles, Dominó e New Kids on the blok. Não tinha nada mais divertido para ela e os amigos do que tomar banho de arroio. “Sábado era dia de visitar as amigas e, à noite, ir aos bailes. Aos domingos, o melhor e único programa era ir aos jogos de futebol ou passear com a família na casa de parentes”, relembra.
Para se divertir e estar na “beca” nos bailes, Wanda mandava confeccionar roupas em costureiras da cidade. “Eram moda as calças jeans, tênis conga e os famosos kichute”, diz. O amor também veio naquele período, quando a brochiense conheceu o marido.
Fatos políticos também estão na memória da monitora escolar. “A política era uma bagunça e ainda é. Teve a troca de moeda, que era cruzado, cruzado novo, URV, se não me engano, até chegarmos ao Real”, afirma. Ela também relembra do movimento “caras-pintadas”, que pedia o impeachment do presidente Collor. “Aqui no interior, as manifestações eram mal vistas, principalmente pelas pessoas de mais idade. O Collor confiscou as poupanças e muitas pessoas perderam economias de uma vida toda”, afirma.
Foi em 1991 que Wanderlene Braun Reidel teve uma das experiências mais incríveis de sua vida: foi eleita a Rainha da primeira edição da Oktoberfest de Maratá. “Uma menina do interior, que conhecia pouca coisa, de repente ficou durante mais de um mês divulgando a Oktoberfest. Conheci outras culturas, diferentes maneiras de viver, outros costumes e ainda tive uma festa onde fui destaque”, comenta Wanda, orgulhosa do que viveu.
Professor e músico, Daniel Prass Schu, 28 anos, nasceu no verão de 1990 e viveu a maior parte da infância em Maratá. O jovem destaca, numa época em que TV era somente com poucos canais e analógica, os programas voltados ao público infantil eram mais restritos do que hoje.
No entanto, o músico guarda com muito carinho os programas da TV Cultura. “Eram melhores e mais educativos. Cito aqui X Tudo, Castelo Ra-tim-bum, O Mundo de Beakman e alguns desenhos como Oma Bitte Kommen, intitulado no Brasil como Socorro Vovó”, recorda.
O sonho de consumo de Daniel, na época, era ter um boneco Max Steel. Porém, o que mais marcou a vida do marataense foi a derrota da Seleção Brasileira. A França marcou 3×0 na fina da Copa do Mundo de Futebol, em 1998. Daniel também gostava muito de colecionar e jogar Tazos. “Tenho minha coleção guardada até hoje. De vez em quando, compro alguns, quando acho, e as edições de Pokemon foram muito marcantes”, finaliza.
Já a montenegrina, Kelly Kaminski, 33 anos, diz que os anos 90 foram os melhores de sua vida. “Foram marcados por uma infância brincando na rua, correndo, rodeada de amigos e com muita diversão. Era tudo mais simples e as pessoas mais próximas”, avalia.
Não havia nada mais desejável para Kelly que os pequenos rádios walkman. “Minha avó me deu no seu último Natal, antes de falecer, em 1996. Não esqueço que ela comprou na Loja Colombo e pagou uma fortuna naquele ano”, revela.
Principais músicas da trilha sonora
“Pump Up the Jam” – Technotronic
(tema de abertura)
“Freak Le Boom Boom” – Gretchen
(tema de Lidiane)
“O Amor e o Poder” – Rosanah Fienngo (tema de Lidiane e Patrick)
“As Canções Que Você Fez Pra Mim” –
Maria Bethânia (tema de Janaína)
“Óculos” – Paralamas do Sucesso
“Flores” – Titãs
“Uma Noite e Meia” – Marina Lima
“Partido Alto” – Cássia Eller
“2 Become 1” – Spice Girls
“The Look” – Roxette
“Me Chama Que Eu Vou” – Sidney Magal
“Rio 40 Graus” – Fernanda Abreu
“Zanzibar – A Cor do Som
“Salve Simpatia” – Jorge Ben Jor
“Preta” – Beto Barbosa
“Olhos Coloridos” – Sandra de Sá
“Pro Dia Nascer Feliz” – Barão Vermelho
“Saideira” – Skank
“Acelerou” – Djavan
“Mania De Você” – Rita Lee