Em recuperação. O mercado automotivo registra pequeno crescimento em relação ao mesmo período do ano passado
Depois de três anos consecutivos de queda, o setor automotivo brasileiro ensaia uma recuperação no que se refere à venda de carros de passeio e veículos comerciais leves. É que, no primeiro semestre deste ano, os números cresceram em relação ao mesmo período de 2016. A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) informou que o emplacamento de automóveis subiu 4,25% no País.
O presidente da entidade, Alarico Assumpção Júnior, avalia que os juros mais baixos e a redução da taxa de inflação contribuíram para reverter as quedas que se acumularam ao longo dos últimos quatro anos. “Se nós voltarmos 40 dias atrás, o índice de confiança no consumidor cresceu muito fortemente; a taxa Selic caiu, está em 10,25%, com tendência ainda de queda; e a inflação, que saiu de um patamar acima dos 10%, está abaixo da meta de 4,5%. Isso alavancou, ainda que em um patamar baixo, esse crescimento no primeiro semestre”, observou Alarico.
Em junho, em todo o Brasil, foram emplacadas 189.229 unidades, contra 190.122 em maio. A expectativa da Fenabrave é de que o segmento de automóveis e comerciais leves deve dar fôlego ao setor em 2017, na ordem de 4,3% na comparação com o ano passado. Na contramão, as vendas de outras categorias — como ônibus, caminhões e motos —, continuam em baixa. As vendas de caminhões, por exemplo, recuaram 15,6%, e as de ônibus, 7,25%, nos seis primeiros meses desse ano.
No mercado de usados — normalmente com melhor desempenho que o de novos em tempos de crise (os seminovos sempre são uma opção para quem não querer tirar um zero quilômetro da concessionária por não ter confiança no país e correr o risco de perder o emprego) — também houve evolução de janeiro a junho, na comparação com o mesmo período de 2016: 8,6%.
Para o mercado automotivo retornar ao patamar anterio à crise, porém, a estrada a ser percorrida é bastante longa e passa por uma redução ainda maior dos juros. “O índice de aprovação de financiamentos dos bancos ainda se mantém baixo e justifica, pelo menos em parte, os números que permanecem em patamares negativos.” Para o presidente da Fenabrave, a confiança das instituições de crédito ainda não foi retomada com vigor e, mesmo com a redução da taxa Selic, a modalidade segue patinando.
Os dados do primeiro semestre deste ano deixaram a Fenabrave mais otimista com o mercado. Novas projeções divulgadas na semana passada estimam crescimento de 4,3% na venda de automóveis e comerciais leves neste ano em relação a 2016, percentual que significaria 2,07 milhões de unidades, ante a expectativa anterior, de janeiro, de expansão de 2,4%.
Setor está reagindo, diz gerente de vendas
O gerente de vendas da Betiolo, concessionária Fiat em Montenegro, Deivid Parizotto, sente no dia a dia que o mercado automotivo está reagindo ante à crise. Mesmo sem citar o percentual de crescimento da loja neste primeiro semestre, ele afirma que a empresa atravessa uma ótima fase. Confira a entrevista a seguir:
Como o senhor avalia o primeiro semestre de 2017 no que se refere ao volume de vendas de carros novos na concessionária?
O primeiro semestre de 2017 nos sinalizou que o mercado de veículos zero quilômetro está reagindo mês a mês. Esta crescente se dá sem influência política que o Brasil vem atravessando nos últimos anos.
Em relação ao primeiro semestre de 2016, como foi que o mercado da região se comportou e a que o senhor atribui isso?
Em virtude da quantidade de lançamentos da Fiat, como Toro, Argo e Mobi, estamos atravessando uma ótima fase, pois o consumidor brasileiro é sensível a dois fatores: preço e novidade. Nestes dois itens, a montadora acertou em cheio, pois esta estratégia vem ajudando a aumentar as vendas. Em relação ao primeiro semestre de 2016, estamos com um crescimento significativo no número de emplacamentos.
Qual a sua expectativa para o segundo semestre deste ano, em relação ao primeiro?
As mais positivas, pois a economia está reagindo independentemente do cenário político e o consumidor está fazendo investimentos de forma segura. O segundo semestre será marcado pela retomada de crescimento.
Quais ações a sua marca/empresa desenvolveu na tentativa conquistar mercado e consumidor?
A Betiolo Fiat está em um ano promissor, com atuação nas cidades de Montenegro, Lajeado, Teutônia, Caxias do Sul e Bento Gonçalves. As ações desenvolvidas são com foco no público da nossa extensa região. A padronização de nome do grupo está nos permitindo uma melhor interação com nossos clientes. Por sua vez, a Fiat, com sua nova fábrica em Pernambuco funcionando a pleno, aliando a isso os lançamentos da montadora e os trabalhos focados em regiões estratégicas, ainda em 2017 vai consolidar sua retomada de mercado.
Chevrolet Onix segue na liderança das vendas no País
Neste primeiro semestre, o carro mais vendido do País foi, assim como em 2015 e 2016, o Chevrolet Onix. Em todo o País, de janeiro a junho de 2017, o total de unidades emplacadas chegou a 83.236 — um número muito superior ao segundo colocado do ranking, o Hyundai HB20, com 51.149 exemplares comercializados. No mercado gaúcho, o hatch também é líder de mercado.
País foi o Onix, repetindo o sucesso de 2015 e 2016 Foto: GM Mercosul/Divulgação
Por que o Onix faz tanto sucesso? O diretor de Marketing da GM Mercosul, Hermann Mahnke, afirma que a empresa coloca sempre o cliente em primeiro lugar. “Ele é o centro de tudo o que fazemos. É para ele que criamos produtos inovadores, com tecnologia e conectividade que eles nunca viram dentro de um carro. Combinamos a isso um amplo portfólio, de produtos e soluções que atendem a diferentes perfis, e uma ampla rede de concessionários que preza pela excelência no atendimento”, diz.
Hermann afirma que, diferentemente de outros estados, o consumidor do RS é menos impulsivo e procura fazer “uma compra mais racional e estudada”. Outro destaque é que o gaúcho valoriza muito o que é produzido no Rio Grande do Sul. “Nossa participação no mercado total brasileiro em 2016 foi de 16,9 % e, no Rio Grande do Sul, conquistamos uma fatia ainda maior do mercado, atingindo 19%”, comemora.
O diretor de marketing cita, ainda, como diferenciais da marca da gravatinha dourada “o mais completo portfólio de veículos do mercado, incluindo o líder de mercado Onix e a picape mais vendida do segmento há mais de 20 anos, a S10, uma das maiores e melhores redes de concessionárias do país, focada em oferecer um serviço diferenciado de vendas e pós-vendas com foco no cliente, além de sermos líderes em tecnologia e conectividade”.
Comauto tem grande expectativa para o segundo semestre
Na Comauto — concessionária Volkswagen em Montenegro — o primeiro semestre deste ano teve os mesmos números de 2016 no que se refere à comercialização de unidades zero quilômetro. O gerente de vendas, Tiago Rambo, sente que houve crescimento da confiança do consumidor, que estava abalada devido à crise. “Estamos sentindo o cliente mais confiante para a compra do veículo, avaliando o fator positivo de ter o carro zero quilômetro pelo baixo custo de manutenção e garantia total de três anos, que hoje oferecemos em toda linha”, comenta.
A estabilização das vendas entre 2016 e 2017 é atribuída ao foco e ao trabalho, além de a Comauto manter a melhor oferta de produtos para que os clientes sempre façam um bom negócio. E para a segunda metade deste ano, a tendência é de crescimento, revela o gerente. “Estamos confiantes de que teremos um aumento de participação de mercado nos próximos meses em relação a 2016, pois no ano passado a Volkswagen passou por um período de 60 dias sem produção em função de ajuste de algumas linhas, o que ocasionou a falta de alguns produtos. Agora, para o segundo semestre, a marca traz de volta o Polo e muitas outras novidades para atender ao mercado atual e seus respectivos volumes de venda”, projeta.
Tiago conta, ainda, que os lançamentos tendem a levar a Volks a conquistar uma fatia maior no mercado brasileiro. “A marca promete, no período de um ano, 10 novidades para sua rede de concessionárias, entre elas novos lançamentos e atualizações de diversos carros”, antecipa. A empresa também deve qualificar os serviços de pós-vendas mediante “ações de fidelidade, garantia total de três anos para toda a linha com revisões anuais, fazendo com que o cliente tenha um custo baixíssimo de manutenção no período de garantia”.
Uma concessionária a menos na cidade
Apesar da lenta recuperação do mercado de veículos novos no País neste primeiro semestre, Montenegro deu um passo para trás ao perder uma loja de carros zero quilômetro no mês de maio. É que a concessionária Renault, a Weicolo, encerrou as atividades. Situado em frente à intersecção das rodovias ERS-240, BR-470 e RSC-287, o ponto de venda segue vazio e sem nenhum comunicado aos clientes. Os elementos de identificação da fachada foram todos retirados. A Weicolo foi contatada pelo Jornal Ibiá, porém não deu retorno.
Informações extraoficiais dão conta de que o grupo JA Spohr, com sede em Lajeado, teria adquirido a representação da marca Renault no Vale do Caí, a exemplo do que já ocorre no Vale do Taquari. Contudo, a direção da empresa não se pronunciou sobre o assunto.
