Ele oferece uma taxa fixa somada ao índice da inflação do país
Desde esta segunda-feira, dia 26, está valendo a nova modalidade de crédito imobiliário da Caixa. Lançada na última semana, a linha prevê uma taxa fixa de 2,95% à 4,95% ao ano, dependendo das condições do cliente. E esse percentual é somado à taxa da inflação oficial do país (o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que deve fechar em 3,80% neste ano.
A modalidade é mais uma opção para quem adquire imóveis acima da faixa do Minha Casa, Minha Vida, que ainda é o mais atrativo do mercado, mas só atende imóveis com valor máximo de R$ 170 mil. O cliente pode escolher entre ela e a linha “tradicional”, tendo prazo máximo de 360 meses para pagamento e quota de financiamento de até 80%.
A linha antiga, e que segue como opção, não leva em conta a inflação; e, sim, a Taxa Referencial. No caso, o cliente paga de taxa de financiamento, 8,5% à 9,75% ao ano, mais essa Taxa Referencial, que está zerada desde 2017 por causa dos baixos percentuais da Selic.
É evidente, mesmo assim, que, no curto prazo, a nova modalidade é mais vantajosa. 2,95% + 3,80% ainda é menor que 8,5%. A questão é que o financiamento de um imóvel passa longe de ser considerado de “curto” prazo. E aí que está a questão. O cliente pode acabar tendo problemas no longo prazo devido à volatilidade da inflação brasileira.
Fique de olho! Em 2015, inflação superou os 10%
Antes de optar pela nova linha de crédito, o cliente precisa avaliar o risco da inflação, que é bastante imprevisível. Hoje está em bons 3,80% ao ano, mas já teve em 10% em um passado próximo. É uma volatilidade muito maior do que a da Taxa Referencial, que não passa muito longe de zero.
E para quem não fez as contas, esse financiamento de 360 meses equivale a longos 30 anos. Mesmo se a taxa da inflação ficasse fixada nos 3,80%, seria ajuste em cima de ajuste em cima de ajuste…Com essa correção monetária, em menos de 15 anos, a prestação no novo sistema já se iguala a “antiga”.
É vantagem para quem? Para quem já esteja bem preparado para quitar seu imóvel antes do prazo final. Na metade dele, idealmente. Mas sempre há o risco da inflação disparar.
É normal, claro, que os assalariados tenham o reajuste de salário anual de acordo com a inflação, o que até pode vir a encaixar a parcela no bolso do trabalhador. Só que isso nem sempre é garantido. E nem todos os brasileiros são assalariados. Então, atenção!
Novidades buscam incentivar a Construção Civil
O lançamento da nova linha não é o primeiro movimento da Caixa neste ano para impulsionar a Economia e, em especial, a Construção Civil. No início do segundo semestre, as taxas do crédito imobiliário tiveram uma redução. A mínima, que era de 8,75% caiu para 8,5%, um “auxílio” pequeno, mas que faz uma boa diferença no longo prazo.
São esperados bons impactos. “É uma redução do custo do crédito, algo que a gente acredita que vai ter impacto no crescimento econômico dos próximos anos. Vai ter mais emprego, mais crédito e vai movimentar a economia”, comemorou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, ao lançar a modalidade nova.
Em Montenegro, conforme a agência local, são negociados 30 contratos ao mês, em média. De janeiro a junho, foram R$ 13,5 milhões negociados por aqui, embora a linha favorita ainda seja a do Minha Casa, Minha Vida.
São negociações que movimentam toda uma cadeia de lojas de materiais de construção, empreiteiras e até que trazem novos moradores ao Município, gerando renda.
E há uma expectativa de que, com essa linha baseada no índice da inflação, haverá outras fontes de recursos para liberar os financiamentos.
Conforme o Banco Central, até então, a Poupança era a principal origem dos recursos, o que era um pouco limitador. Com a correção pelo IPCA, novas fontes – como empréstimos com garantia – também devem injetar dinheiro na Construção Civil.
Outros bancos devem replicar a ideia
Bradesco, Santander e Banco do Brasil já sinalizaram interesse em também lançar linhas de crédito imobiliário indexadas ao IPCA. No Banco do Brasil, aliás, foram lançadas novidades a esse respeito ainda na semana passada. É uma nova forma de cálculo de juros que se baseia no prazo para pagamento. Lá, quem financiar por 60 meses passa a ter juro mínimo de 7,99% ao ano e o valor sobre conforme o prazo. Para o período de 359 à 418 meses, o piso é de 8,45% ao ano.