Uma sombra na beleza do Rio Caí

“O maior problema ambiental não são os resíduos, o lixo, mas a forma como eles são manejados”. A afirmação é do responsável pelo comando do 3º Pelotão Ambiental, 1º sargento Luis Fernando da Silva, logo após mencionar alguns dos objetos já retirados do Rio Caí. A poluição provocada por entulhos se soma a do esgoto doméstico, a rejeitos industriais e aos agrotóxicos, formando um cenário preocupante, situação que ofusca a beleza desse recurso natural, que é fundamental para a sobrevivência.

No trabalho que desenvolve junto ao rio, a equipe da Patram já se deparou com móveis, pneus velhos e garrafas pet boiando ou presos a galhos nas margens. Essas situações demonstram a falta de consciência das pessoas ao descartar aquilo que já não lhes serve mais. O problema é mais evidente principalmente no trecho do rio que passa por aglomerações urbanas. Outra situação ainda mais preocupante é se deparar com embalagens de agrotóxicos que foram jogadas no rio ou mesmo nas ruas e lixões, mas acabaram sendo levadas ao Caí pela chuva e inundações.

Foto: Divulgação/Patram Montenegro

Silva observa a existência da chamada Lei da Logística Reversa, que obriga o comércio e indústria desses produtos a receberem as embalagens de volta. Não há, portanto, razão para descartá-la dessa forma inconsequente. Ele acrescenta que a poluição por agrotóxicos ocorre também através de plantações de arroz, por exemplo. Na irrigação, a água do Caí é lançada na lavoura, mas parte dela é devolvida ao rio, contaminada pelos produtos químicos usados no cultivo.

O sargento cita ainda a existência da produção de hortaliças e morangos nas proximidades do rio, que também contribuem para a poluição por esses elementos. Silva, no entanto, pondera que o licenciamento dessas atividades prevê níveis de agrotóxicos “aceitáveis”.
Ainda sobre o Rio Caí, a Patram se depara com a pesca ilegal. O cidadão normalmente tem conhecimento sobre a proibição da pesca durante a Piracema, por ser o período de reprodução dos peixes, mas há outras limitações. A pesca profissional, ou mesmo a amadora, precisa de licenciamento se o pescador for usar recursos como rede e embarcações, por exemplo.

O responsável pelo comando da Patram esclarece que apenas aquele cidadão que utiliza um caniço e até dois anzóis e não usa embarcação (fica na margem à espera do peixe morder a isca), pode praticar a pesca sem necessidade de licença. “Para usar mais do que isso, seja amador ou profissional, precisa de licenciamento”, reforça.

Foto: ARQUIVO DO JORNAL IBIÁ

Saiba Mais
– A bacia hidrográfica do Rio Caí é formada pelos municípios nas encostas superiores da bacia, na Serra Gaúcha; e por aqueles localizados na parte inferior da bacia, o Vale do Caí.
– De forma direta ou indireta, o Rio Caí recebe água de vários afluentes, sendo os de maior porte os arroios Piaí, Forromeco, Pinhal, Cadeia e Maratá.
– Municípios integrantes da bacia do Rio Caí: Alto Feliz, Barão, Bom Princípio, Brochier, Canela, Capela de Santana, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Dois Irmãos, Estância Velha, Farroupilha, Feliz, Gramado, Harmonia, Igrejinha, Ivoti, Lindolfo Collor, Linha Nova, Maratá, Montenegro, Morro Reuter, Nova Hartz, Nova Petrópolis, Nova Santa Rita, Pareci Novo, Picada Café, Poço das Antas, Portão, Presidente Lucena, Salvador do Sul, Santa Maria do Herval, São Francisco de Paula, São José do Hortêncio, São José do Sul, São Pedro da Serra, São Sebastião do Caí, São Vendelino, Sapiranga, Três Coroas, Triunfo, Tupandi, Vale Real

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