Uma nova chance para os animais abandonados

Conheça a história de Bella e outros cães que encontraram um lar junto a humanos comprometidos com a causa

BELLA não conseguia mover as pernas traseiras e se arrastava, mas se recuperou e hoje anda pela casa, sobe e desce do sofá com facilidade. Ela tem sua própria cama, mas gosta de dormir com Tais e Elison, seus pais humanos

Alguns ficam indiferentes, outros se penalizam, mas apenas torcem para que “alguém ajude”. Há, no entanto, aqueles que agem e fazem a diferença na vida de animais abandonados, vítimas de maus-tratos. Bella é um exemplo de como o carinho e a atenção podem transformar uma vida. E a relação com seus humanos é de afeto recíproco.

Saudável e alegre, a cachorrinha circula pela casa, sobe e desce do sofá e em nada lembra aquela filhote magrinha, assustada e que se arrastava por não conseguir mover as pernas traseiras há pouco mais de dois anos. Vítima de abandono, Bella foi encontrada por uma humana que se sensibilizou com a situação do animalzinho que estava na rua.

Ao vê-la se arrastando pela rua, ainda filhote, Taís Gross Ferreira não ficou indiferente. Ela agiu. “Pensei que ela tivesse sido atropelada, que estava com a perna quebrada”, recorda a empresária, que a levou para casa. “Passamos a noite cuidando dela”, lembra, observando que o marido, o professor Elison Brandão Ferreira, também é “cachorreiro”.

Deram-lhe um nome e, então, Bella já era da família, a filha de quatro patas do casal. Sua mãe humana a levou a três veterinários de Montenegro, ouviu diagnósticos diferentes e que suas chances de permanecer sem os movimentos das pernas traseiras eram grandes.

Taís não se convenceu e decidiu levá-la a um veterinário ortopedista que já era seu conhecido, em Venâncio Aires. A suspeita era a de que Bella tivesse sido agredida com pauladas enquanto vivia nas ruas, o que atingiu a coluna, comprometendo seus movimentos. O tratamento foi de 40 dias de repouso e medicamentos.

Taís comprou um cercadinho para deixá-la mais protegida enquanto ficasse sozinha no apartamento. Quando o casal estava em casa, aproveitava para dar-lhe atenção e mimos. “Aí ela ficava no colo ou no tapete junto com a gente”, acrescenta. Enquanto cuidavam da “menina”, ouviam comentários como,Ela nunca vai andar”, “Vocês estão loucos em ficar com esse bicho?”, “Por que não largam de novo na rua?”.

“Ouvimos de tudo”, resume Taís. O tratamento surtiu o efeito esperado e, aos poucos, Bella recuperava os movimentos e o equilíbrio nas pernas traseiras. Ela inclusive filmou, com o celular, o dia em que a sua filha de quatro patas deu os primeiros passos, embora ainda um pouco insegura.

Taís sempre gostou de animais. Na casa de sua mãe, tinha a Pituxa, que morreu com 15 anos. Foi por causa dela que a empresária conheceu o veterinário que atende em Venâncio Aires. “Quando a Pituxa estava velhinha, tinha problemas de artrose e a gente levava nele”, recorda. Lembrando disso, Taís decidiu levar Bella.

A empresária observa que gosta de animais e sempre procurou ajudá-los, mas o cuidado que teve com Bella as aproximou. Taís, inclusive, não pensava em ter animais porque mora em apartamento. Mas hoje não consegue se imaginar sem a filha de pêlos.

A cadelinha tem sua cama no quarto do casal, mas gosta de dormir junto com os pais humanos. Durante a noite, costuma chorar e latir até que um deles a leve para fazer suas necessidades na rua. Na volta, a higiene é feita com lenços umedecidos. “É como se fosse uma filha”, resume Taís.

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Adoção responsável
– Antes de decidir sobre ter um animal, considere que seu tempo médio de vida é de 12 anos. Pergunte à família se todos estão de acordo, se há recursos necessários para mantê-lo e verifique quem cuidará dele nas férias ou em feriados prolongados;
– adote animais abandonados em vez de comprar por impulso;
– informe-se sobre as características e necessidades da espécie escolhida; – tamanho, peculiaridades, espaço físico;
– mantenha o seu animal sempre dentro de casa, jamais solto na rua. Para os cães, passeios são fundamentais, mas apenas com coleira/guia e conduzidos por quem possa contê-los;
– cuide da saúde física do animal. Forneça abrigo, alimento, vacinas e leve-o regularmente ao veterinário. Dê banho, escove e exercite-o regularmente;
– zele pela saúde psicológica do animal, dando-lhe atenção, carinho e ambiente adequado;
– eduque o animal, se necessário, por meio de adestramento, mas respeite suas características;
– recolha e jogue os dejetos (cocô) em local apropriado.
Identifique o animal com plaqueta e/ou microchip;
– evite as crias indesejadas de cães e gatos. Castre os machos e fêmeas. A esterilização é a única medida definitiva no controle da procriação e não tem contraindicações.

Como auxiliar animais
– Deixe vasilha com água e ração na calçada;
– se você vir um animal ferido, reflita se você mesmo pode providenciar o atendimento médico. Lembre-se que o trabalho das ONGs é feito por voluntários e não há razão para pensar que é uma obrigação deles;
– se você não pode ou não quer ficar com o animal depois de recolhido, divulgue o caso para encontrar alguém interessado em dar-lhe lar temporário ou mesmo adotá-lo;
– apadrinhe uma castração;
– colabore com grupos organizados de protetores de animais, faça doações, participe dos eventos beneficentes, compre produtos personalizados dessas instituições;
– em Montenegro, temos a Amoga, o Cachorreiros e Gateiros e o Katami, que sobrevivem com o trabalho voluntário de integrantes, doações e promovendo eventos beneficentes.

Lilica ganha um nome e uma família

MINKS resgatou duas filhotinhas na beira da estrada, mas apenas uma sobreviveu e Mirela lhe deu o nome de Lilica

Ao ver as cachorrinhas abandonadas, o tenente Humberto Alencar Minks Reinhardt, comandante do 1º Pelotão de Policiamento de Montenegro, não hesitou em recolhê-las. “Disse a meu motorista da viatura: se nós sairmos daqui e deixarmos esses animaizinhos, eu não durmo o resto do mês”, recorda.
Ele as encontrou na beira do asfalto, próximo ao Polo Petroquímico, com fome e sede, por volta da meia-noite. “Estavam no meio do nada, iam morrer à míngua”, afirma. “Tem gente cruel nesse mundo”, acrescenta.

Minks decidiu levar as duas para suas filhas. Pagou o atendimento veterinário e pode contar com a solidariedade do profissional, que cobrou metade do preço da consulta e medicamentos. Uma estava mais debilitada e acabou morrendo. “A medicação apenas prolongou um pouco mais a vida do animalzinho”, observou.

A outra se recuperou bem e passou a chamar-se Lilica, nome escolhido por Mirela, filha de Minks. “As costelas não aparecem mais, já está até latindo”, observa o tenente. “Parece mais com um cachorro agora”, completa. A família gosta de animais e, dentro de casa, tem também a Maia, da raça shitzu. “É o xodó da casa. Dorme com a gente. Almoça junto na mesa. Um membro da família”, resume Minks.

 

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