A arte transcende, muitas vezes, a consciência humana. É carregada de percepções e interpretações pessoais, simbologia e não necessariamente precisa de definição. E é exatamente assim, sem rótulos e condicionamentos, a expressão artística do servidor público municipal Adriano Ribeiro Moura, 43 anos.
O artista preenche telas com símbolos, traços coloridos e conta com a participação do público nesse processo. Aos olhos do espectador, no projeto concluído, os signos parecem tomar as mais variadas formas. Peixes, natureza, pessoas — tudo depende sempre do olhar de quem o direciona. “Participo de alguns eventos e, neles, levo as telas para que as pessoas possam desenhar o traço que quiserem. Livre. Depois, em um processo construtivo, vou sendo guiado e crio minha arte interligando todos”, explica.
A afinidade com a pintura, segundo ele, o acompanha desde criança, sendo aproveitada como terapia de vida. “Um trabalho espiritual de cura, tanto para mim quanto para quem observa. Ela ajuda na busca do autoconhecimento e na sensação de bem-estar. É uma arte reflexiva”, conta.
As telas coloridas, repletas de histórias das mãos que ajudam a traçá-las, não visam apenas a estética e nem lucro, de acordo com Adriano. Pelo contrário. Os quadros são doados a quem ajudou a fazê-los. O servidor público tem uma caderneta de registro de todos os participantes e seus contatos obtidos nos eventos. E assim, em um belo dia, algum será agraciado com o presente.
“O trabalho não é apenas estético, é antropológico. E sou apenas co-autor; o instrumento para que a obra possa ser realizada. E dois fatores são intrínsecos nos quadros. Um é a questão das influências, pois constantemente influenciamos e somos influenciados por tudo que nos rodeia. O segundo é de que cada pessoa olhará com uma percepção muito individual. E ela não é estática. Carregamos na nossa percepção restos do passado, todas as experiências vivenciadas até o momento e as perspectivas futuras”, relata.
Participando de diversos eventos e exposições, incluindo uma mostra no Museu de Arte de Montenegro, 2015, Adriano conta que as telas pintadas com os símbolos são uma mensagem de amor, de movimento. “Não há como medir todas as lições pessoais e interligadas presentes nela. Na obra que intitulei Amor e Alegria, feito a partir da Rua da Poesia de 2017, o último desenho feito foi um triângulo pela mão de uma criança cadeirante. Todo a arte foi desenvolvida a partir dele. Quando eu pego a caneta para romper o branco, é uma transgressão. Mas se eu não fizer isso, aquele pedaço branco ficará estático para sempre”, diz.
Abrindo portas
Com quadro exposto no River Club, o artista conta que sente uma força boa, de instrução e leveza quando está em processo de criação. Não comercializando as obras, atualmente pinta o quadro iniciado na Rua da Poesia realizada nesse ano. “E hoje estarei participando do Encontro Sonoro –Acústico Filosófico, do meu amigo e artista Nino. Ele ocorrerá a partir das 19h, na rua João Schenkel Filho, n° 251. Pretendo levar alguma tela iniciada ou em branco para intervenção do público presente. Essa expressão artística me abriu muitas portas bonitas e me protegeu de muitas coisas. Vou sempre levar essa mensagem que representa, e que é muito maior, para os lugares”, conclui.