Há 9 anos atrás, um dias antes do seu aniversário, o pequeno Tailon Luam Garcia ganhava um presente com um valor incalculável: um pai. Gilberto Garcia e a esposa, Marilise Garcia, decidiram adotar o garoto que, na época, tinha apenas quatro anos de idade.
Gilberto já era pai, mas como a esposa ainda não tinha filhos, decidiram então optar pela adoção. “A gente começou a visitar ele no abrigo Menino Jesus de Praga, foi então que decidimos adotar”, conta.
No início o casal ganhou o direito apenas de ficar com Tailon durante o fim de semana, mas o apego do menino aos dois foi tanto que as dúvidas sobre a adoção se tornaram certezas. “Depois disso é que ganhamos a guarda provisória, um ano e pouco depois foi que saiu a adoção definitiva”, afirma Gilberto.
Mas assim que o menino foi morar com Gilberto e Marilise eles notaram que havia algo diferente. Os pais matricularam Tailon em uma escola regular, no entanto, o pequeno não se adaptou. “Ele ia na escola e ficava umas duas ou três horas lá e ligavam pra gente ir buscar, porque não queria mais ficar. Ele não conseguia ficar a manhã toda sentado como as outras crianças”, conta Gilberto.
Os pais resolveram então procurar a ajuda de um médico especialista, foi quando o menino teve como diagnóstico o Transtorno do Espectro Autista. De início, a notícia foi uma surpresa e o casal teve que reaprender com cuidar do garoto. “Ter um filho especial é diferente, tem mais desafios, é um passo de cada vez”, afirma Gilberto.
Após o diagnóstico de autismo Tailon passou a estudar na Apae, o que foi fundamental para a melhora do quadro do menino. “Até então ele ia na escola regular, mas estava difícil, até que a gente conseguiu a vaga na Apae. Depois que ele foi para a Apae terminou o que ele fazia na outra escola, agora é outra criança”, conta o pai.
“Ser pai de uma criança especial demanda muito mais atenção, mas, ao mesmo tempo, é um aprendizado muito grande”
Desde que Tailon foi diagnosticado com autismo a dedicação de Gilberto foi fundamental para estabilização do quadro do menino. Foram diversas idas em médicos em busca de um diagnóstico e do melhor tratamento, todas acompanhadas pelo pai e pela mãe.
Gilberto conta que desde que Tailon chegou na família, as evoluções foram muitas. “Quando ele chegou, com quatro anos, ainda não falava, só apontava as coisas que ele queria. Então a gente foi estimulando ele a falar”, afirma.
A mãe do menino, Marilise Garcia, destaca que o sabor das pequenas conquistas de Tailon foram comemoradas de um a forma especial. “A gente aprendeu a dar valor para as pequenas coisas. Com o Tailon qualquer coisa simples, o fato dele conseguir subir em uma bicicleta e conseguir andar, mesmo apoiando os pés no chão, para nós é uma conquista enorme”, afirma Marilise.
Segundo Gilberto coisas que podem parecer simples para outras crianças, para quem é pai de uma criança especial tem outra proporção. “Tirar as fraudas, parar de fazer xixi na cama, se vestir sozinho, colocar a comida no prato e comer sem fazer lambança na mesa. Isso tudo tem um peso enorme pra gente como pais”, afirma.
A adaptação ao ritmo de Teilon e todos os cuidados que ser pai de uma criança especial demandam foi algo que o fez Gilberto crescer como pessoa. “Acho que ele veio para desafiar a nossa vida, porque a gente imagina que tudo vai ser perfeito. Os meus outros filhos cresceram sem problema nenhum, daqui a pouco a gente se deparou com esse diagnóstico de autismo dele. No começo a gente não sabia como lidar, então tivemos que reaprender tudo”, conta o pai.
O desafio também é seguido de aprendizado, que pode ser percebido no dia-a-dia da convivência com Tailon. “Ser pai de uma criança especial demanda muito mais atenção, mas, ao mesmo tempo, é um aprendizado muito grande, a gente aprende muito com ele também. Então é uma experiência muito grande que acho que todos que passam por isso aprendem a ter outra noção da vida”, finaliza Gilberto.