Um mundo de histórias na Austrália, no Canadá, na Irlanda…

Intercâmbio. Estudantes que passam algum tempo no exterior amadurecem mais rápido e se qualificam para o trabalho

Fazer um intercâmbio é viajar, conhecer novas culturas, costumes, lugares, pessoas. Divertir-se. Sonhar. Planejar. Concretizar sonhos. Mas, sobretudo, descobrir-se. Saber de onde vem, cultivar as origens e partilhar conhecimento. Ter experiência e noção da onde se quer chegar. Vencer obstáculos. Viver sozinho. Ter saudades da família. Ser intercambista é ser do mundo.

Cada um que vai tem uma história diferente. Metas a serem cumpridas e motivos pelos quais se distanciou. Quando voltam, a bagagem também é enorme. Amigos, histórias, saudades do que passou e mais um pouco. A parte boa de sair do Brasil é se arriscar. Ter de falar outra língua bem diferente do Português, enfrentar o outro lado do mundo – literalmente – sozinho. É errar e, quando voltar, rir do próprio erro. É não ter vontade de retornar. É querer que a família mude de país também. É se apaixonar pelo lugar, pelas pessoas, pelo mundo.

AFONSO Both mora em Gold Coast, uma cidade da Austrália

“No Brasil, eu estava fazendo faculdade de Comércio Exterior e o curso exige, pelo menos, uma fluência. Eu já tinha Inglês, mas não era fluente e sempre sonhei em morar fora do país”, afirma Afonso Both, de 19 anos, que atualmente reside na Austrália, em Gold Coast. “Escolhi este lugar porque eu poderia estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Vim fazer quatro meses e meio, mas aqui eu me encontrei e renovei meu visto para mais um ano e 10 meses”, conta.

Afonso trabalha num restaurante e estuda em universidade. Mora num apartamento em frente à praia, com mais dois amigos. “Eu que me sustento, então estou sempre no agito”, explica. Para ele, morar fora do país é uma experiência única. “Para vir, você tem que saber que não vai ser fácil, que está longe dos pais e da tua língua nativa. Eu vim totalmente disposto para estes desafios e posso dizer que amadureci muito e me conheço bem mais”, frisa. Evidentemente, a saudade do Brasil, sobretudo dos familiares, aperta muitas vezes, mas o garoto afirma que é tudo por uma boa causa. “Sinto falta de ir ao mercado e comprar besteira”, brinca Afonso.

CLAUDIA Habitzreiter mora na Irlanda há cerca de dois meses

Claudia Habitzreiter, de 25 anos, mora na Irlanda há cerca de dois meses e estuda Inglês. Ela, que não tinha condições financeiras, mas sempre sonhou em viajar, começou a juntar dinheiro no primeiro trabalho, aos 16 anos, para ir à Alemanha. No entanto, acabou desistindo porque lá não havia o programa de estudo – que permite que os turistas trabalhem e estudem ao mesmo tempo. “Pesquisei por novos países da Europa e me identifiquei com a Irlanda, pois lá tinha o que eu precisava”, conta. “A Sabrina – proprietária da agência Estudar no Exterior – me passou contato da Melina, que me convidou para morar com ela e mais duas meninas, uma brasileira e outra chilena, em Swords, uma cidade distante da capital Dublin”, recorda.

Ao chegar, Claudia já foi à luta por trabalho. Na segunda semana morando no exterior, começou a trabalhar como faxineira em uma casa de irlandeses. “Eles me ajudaram muito, me indicaram para outra família, onde trabalho diariamente como empregada também”, informa a jovem. Semana que vem, ela começa a trabalhar na rede Kentucky Fried Chicken (KFC), uma multinacional de restaurantes de fast-food americana. A família, evidentemente, faz falta, mas hoje a tecnologia auxilia bastante. “Conversamos quase todos os dias pela chamada de vídeo do WhatsApp”, enfatiza.

Ir para o exterior proporciona inúmeros aprendizados. Entre eles, o Inglês. Mas, para isso, é necessário perder a vergonha e falar tudo, mesmo que cometa alguns erros (perdoáveis). “O que eu notei aqui é que têm muitos brasileiros que só mantêm contato com outros do Brasil. E isso é ruim porque você acaba não treinando a língua estrangeira”, opina Claudia. “Temos a sorte de morar com a Janaina, que é professora de Inglês no Brasil e está aqui para aprimorar o conhecimento”, completa.

Mas não pense que é de “barbada”. Na primeira semana, Claudia se apavorou, pois os irlandeses falam muito rápido. “Neste tempo em que estou aqui, aprendi muito sobre a Língua Inglesa, mais do que em três anos estudando no Brasil”, destaca. “Viajar é você sair da sua zona de conforto, ter que lutar sozinha e enfrentar novos desafios longe da família. Ter que comer e pedir as refeições em Inglês. Não saber para onde ir e perguntar para um irlandês, o que te exige falar também”, enfatiza. Mas, segundo ela, vale mais que a pena. “Eu faria tudo de novo. É tudo lindo aqui, estou muito feliz”, conclui.

FÚLVIO Kratz mora em Sydney, capital da Austrália, mas não tem planos por enquanto sobre o seu futuro no país que escolheu para viver

Fúlvio Kratz, 27 anos, está há 30 dias em Sydney, na Austrália. Ele foi com visto de estudante válido até 20 de setembro deste ano, mas pretende renovar e estender a estadia por mais aproximadamente três anos. “Eu não tenho planos, vou ver até onde vai minha história aqui. Sydney tem um clima igual a Montenegro: calorão no verão e muito frio no inverno. É uma grande cidade, com muita coisa para fazer. Estou me sentindo em casa”, afirma.

O pior, para ele, é a saudade da família e dos amigos, mas isso dá para resolver com WhatsApp, Facebook, entre outros. “Reencontrei várias pessoas de Montenegro, temos uma grande comunidade aqui. É muito legal”, finaliza.

Por que fazer intercâmbio?
 Experiência internacional precoce: são grandes as chances de a pessoa que fez o intercâmbio se destacar por possuir bagagem cultural ampla, além de maior autonomia em relação aos pais.

 Acumular bagagem cultural de lugares que já visitou, experiência internacional e fluência de mais um idioma. Isso pode ser um diferencial competitivo na carreira profissional que irá iniciar.

 O intercâmbio é diferencial na luta por emprego, pois as empresas entendem que não precisarão fazer certos investimentos no funcionário – como curso de idiomas, por exemplo. Acreditam, ainda, que o profissional esteja antenado nas inovações vindas de fora, devido à experiência do intercâmbio.

Como as empresas veem o intercambista?
 consciência de que a língua foi, de fato, praticada em todos os sentidos (escrita, conversação);

 houve contato com outras culturas (o que o torna uma pessoa flexível);

 pessoa é versátil e adaptável, podendo ser transferida para outros setores da empresa e até mesmo para o exterior, sem sofrer tanto com as mudanças. Tem sinais de maturidade e independência por ter tomado a decisão de ir morar sozinha.

A língua estrangeira e o mercado de trabalho
 o mercado considera um requisito básico, no momento da contratação, que o candidato domine uma segunda língua;

 a necessidade de saber língua estrangeira no mercado de trabalho atual não se restringe mais ao Inglês e ao Espanhol. Pelo contrário, é preciso ter um diferencial, principalmente no que tange aos assuntos internacionais;

 o domínio de outro idioma significa crescimento, desenvolvimento e, acima de tudo, melhores condições de acompanhar as rápidas mudanças que vêm ocorrendo no mundo.

ISABELA Monaretto esteve por dois meses em Victória, no Canadá, vivendo uma experiência inesquecível

A saudade de quem já viveu a experiência
Isabela Monaretto, de 19 anos, esteve em Victoria, capital de província da Colúmbia Britânica, no Canadá, por dois meses. “Eu sempre quis ter a experiência de viver um pouco fora do Brasil e de saber como é a realidade lá, e meus pais me incentivaram a ir”, afirma. “Eu não apenas fiz uma viagem, mas também realizei um sonho. Lá, além da Língua Inglesa, aprendi muitas coisas que me fizeram amadurecer e perceber que eu sou capaz de enfrentar sozinha situações que antes eram inimagináveis”, acrescenta.

Como Isabela já cursava Inglês desde os 8 anos, quando foi pra lá, o idioma não foi um empecilho. “A parte mais difícil foi passar o Natal e o Ano Novo longe da família”, conta. Mas a vontade de voltar para lá também está grande: “Tu te sente muito mais seguro andando na rua em qualquer horário do dia.”

SABRINA Joner viajou por oito anos antes de se estabelecer com sua empresa em Montenegro e chegou a trabalhar em navios de cruzeiros
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

O intercâmbio para quem conheceu metade do mundo
Sabrina Joner tem 39 anos e, além de ser professora de Inglês há 23 anos, também é proprietária da agência de Intercâmbios Estudar no Exterior, franquia de Novo Hamburgo que existe em Montenegro há um ano. “Morei fora do Brasil por oito anos, na Inglaterra, Estados Unidos, entre outros países. E trabalhei em navios de cruzeiro, viajando pelo mundo inteiro. Só não conheço a Oceania”, conta.

Como amante da Língua Inglesa e apaixonada por viajar, por conhecer culturas e pessoas, Sabrina incentiva seus alunos a conhecer lugares distintos. “O mundo é tão rico em diversidade e tão mágico e magnífico, tão cheio de oportunidades e surpresas. Por que ficar parado somente em um único lugar se temos a oportunidade de viajar e conhecer de perto tudo isso?”, questiona. Depois de desbravar quase todo o planeta e perceber que precisava se descobrir e construir uma vida profissional relacionada a viagens, Sabrina estruturou a agência para auxiliar na concretização dos sonhos alheios.

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