Um…dois…três bebês vêm por aí

Imagine passar anos tentando engravidar e, mesmo sem fazer nenhum tratamento de fertilidade, receber a notícia de que em alguns meses terá trigêmeos? Essa é a realidade de Rita de Cássia Aires, de 34 anos, e André Roberto Aires, de 41 anos. Moradores de Triunfo que trabalham em Montenegro, na localidade de Vendinha, todo o acompanhamento da gestação é feito aqui. O parto ocorrerá no Hospital da Unimed. Eles já são pais de Ana Luísa, de 8 anos, e desde quando a primogênita ainda era pequena tentam uma segunda gravidez. Ela demorou para vir, mas, quando chegou, veio tripla!

Por anos Rita de Cássia quis uma segunda gravidez. Quando ela veio, foi tripla

A gravidez se aproxima de completar seis meses e até o dia 27 de abril a família já deve estar com as novas integrantes. Talvez antes já que o espaço dentro da barriga da mamãe deve ficar apertado logo logo. São três meninas, ainda sem nomes definidos. É uma imensa alegria, é claro. Mas também foi um susto ao casal. “Quando o médico disse ‘mãe, tem mais um aqui’ foi um susto. E depois ‘mãe, e tem um’ outro susto. Tipo: para de procurar para não encontrar mais”, brinca a gestante.

Claro que, inicialmente, foi necessário um tempo para se adaptar à novidade. Mas, desde o início todos curtiram a notícia. Foi Luísa a dar a notícia ao pai. Feliz e entusiasmada, ela aguardava a irmã ou irmão que, já sabia, os pais queriam lhe dar. Saber que seriam três garotas é que a surpreendeu. “Ela disse: na próxima podem vir três meninos?”, recorda Rita. Não haverá próxima. A família estará completa após a chegada das gêmeas. Mas bem que ter um menino estava nos planos. “Eu achei que no meio de três ia ter pelo menos um menino. Mas vieram três meninas e a gente está feliz com elas”, diz.

A ideia de Luísa não é assim tão equivocada. Vinda de família grande, para Rita ter vários filhos sempre foi uma possibilidade. “A vovó teve seis. Porque a mãe não pode”, disse Luísa, na inocência infantil. Ao menos em parte, a genética dessa família pode ter bastante ligação com o nascimento raro e curioso. É que pelo lado materno há alguns pares de irmãos gêmeos. Os mais recentes tem hoje 11 anos, dois garotos gêmeos idênticos. No caso das meninas, elas não serão idênticas porque estão em placentas diferentes.

Luísa, a irmã mais velha, espera ansiosamente pelo nascimento das trigêmeas

Muitas mudanças na vida
Mesmo antes de nascerem, as meninas já mudaram a rotina de seus pais e da irmã, além de terem algumas mudanças na casa. Ajustes na vida profissional serão necessários. Rita é operadora de caixa em um comércio, mas sabe que em breve será impossível dedicar-se a qualquer outra atividade que não as necessidades das pequenas. André é operador de máquinas em pedreira e, com bastante organização nos recursos, eles estão preparados para receber as meninas sem precisar da ajuda da comunidade. “A gente tem condições de dar tudo a elas, sem frescuras, mas com tudo o que a elas precisam”, resume Rita. Caso precisassem, ajuda não faltaria. A comunidade local abraçou a família. As vizinhas, além das famílias do casal, garantem que braços para muito colo e chamegos não faltarão aos três bebês. “Só tenho a agradecer a toda a comunidade pelo carinho, atenção e generosidade conosco. Todos estão em euforia pela chegada delas. E eu me sentindo muito querida”, agradece Rita. Seu chá de bebê contou com mais de 200 pessoas, cada uma disposta a oferecer seu carinho às vidas que chegam.

A comunidade abraçou essa gestação e o chá de bebê contou com mais de 200 pessoas

A casa da família foi reformada. Afinal, havia estrutura para receber um bebê, mas a residência não comportava três. Quando a euforia baixou veio o pensamento “onde colocar três berços?”. Foram necessários ajustes. O carro, muito provavelmente, será trocado. Afinal, agora a família precisa de seis lugares. “Eu já brinquei com o André que ou trocamos o carro, ou eu vou na frente com todas meninas e ele nos segue na moto”, brinca a mãe, que mostra enfrentar uma ou outra dificuldade que surge sem desesperos e com bastante bom humor. Desafios à parte, a futura mamãe de trigêmeas está segura de que dará conta dos cuidados e será brindada com o amor das filhas. Será trabalho, mamadeiras, fraldas e amor em triplo.

Algo muito raro
Alessandra Pölking é a ginecologista e obstetra que acompanha a gestação de Rita de Cássia. A profissional que atua há 15 anos em Montenegro não se recorda de nenhum caso similar, principalmente por se tratar de uma gestação espontânea, em que a mãe não fez nenhum tipo de tratamento para engravidar. “É realmente muito raro”, comenta.

Trata-se de um pré-natal com suas peculiaridades. “A gravidez múltipla é uma gestação de risco por si só. Sendo dois bebês já é assim, três ainda mais. Há risco tanto para a mãe quanto aos bebês. Por isso, temos um acompanhamento mais próximo”, conta Alessandra. No caso da mãe, o risco ocorre por ser mais comum o desenvolvimento de doenças como hipertensão e diabetes. Já aos bebês o problema está na restrição de crescimento, natural já que o útero terá de crescer mais para comportar as crianças. No caso de Rita está tudo dentro do normal.

“Até o momento, ela não teve nenhuma intercorrência. Nada de anormal ocorreu na gestação. Claro que complicações ainda podem surgir, mas por enquanto está tudo muito bem com elas”, alegra-se Alessandra. Há algumas razões para isso. O fato de Rita já ter tido uma gestação significa que seu útero já se distendeu uma vez, o que facilita para que as trigêmeas tenham mais espaço. Outra boa notícia é que cada feto tem sua bolsa e placenta individual. “Então a probabilidade de um problema é muito menor. Quando uma placenta tem de nutrir os três bebês o risco é bem maior”, relata a ginecologista e obstetra.

A natureza humana costuma agir para que o corpo da mãe dê conta de todas as ações necessárias para colocar sua prole no mundo. Se a gestação é múltipla, o útero irá se distender mais. Porém, isso tem um limite. E no oitavo e nono mês, no geral, as mães têm maior dificuldade.

É quando surgem as complicações devido ao volume do útero, que acaba por ser sobrecarregado. O ideal é que as crianças fiquem no útero até a 37ª semana gestacional, sem risco de complicações da prematuridade. Se nascer entre a 34ª e a 37ª ocorre a chamada prematuridade leve, com possibilidades menores de complicação. Antes disso é arriscado.

Além disso, o ideal é que cada bebê venha ao mundo pesando no mínimo 2kg. “Em gravidez de gêmeos, cada mês é um mês diferente. Não tem porque tirar os bebês antes se estiver tudo bem. Mas, se houver alguma complicação, com risco aos bebês ou a mãe, faz o parto em qualquer momento”, esclarece a médica. Para evitar problemas, a receita é repouso e tranquilidade, procurando desacelerar. As consultas médicas passam a ter intervalos mais curtos que o de outras gestantes. No último mês chegam a ser semanais. Além disso, quando surgem contrações antes da hora, a gestante pode ser internada e medicada.

Dificilmente o parto será normal. Essa decisão ainda não foi conversada entre a gestante e sua médica, mas, por segurança, os médicos costumam optar pela cesárea nesses casos. O parto normal exigiria que os três bebês estivessem encaixados na posição correta, o que é difícil.

O som mais emocionante no mundo
O Ibiá teve o privilégio de acompanhar uma das ultrassonografias que Rita fez durante seu
pré-natal. Um momento disputado. Familiares de Ijuí e de Santa Catarina vieram para acompanhar o momento de ver os três bebês no útero materno e poder ouvir os corações baterem. Foram minutos cheios de expectativa em que o médico Luis Carlos Iochins observou as imagens de cada um dos bebês. “Bracinhos e perninhas não faltam para ver nessa barriga”, brincou Iochins em algum momento, ao tentar focar a imagem em um bebê e ver surgir o contorno de outra pequena mãozinha no monitor. E cada vez que ele dizia. “Tudo bem com ela, está se formando corretamente”, um pouco da ansiedade materna se dissipava para dar lugar a alegria.

A gravidez múltipla atraiu a curiosidade na família. O ultrasson foi concorrido. Além da presença da filha Luísa, Rita contou com o apoio das sobrinhas Marina Silva Ferreira, de Ijuí, e Eschley Dutra Ferreira, de Santa Catarina. De férias elas vieram “conhecer” as primas

Com 730 gramas e 35 centímetros, 655 gamas e 35 centímetros e, 791 gramas e 34 centímetros, as três meninas crescem e desenvolvem bem. Seus pesos são um pouco inferiores a bebês do mesmo tempo gestacional quando a gravidez não é múltipla. Ainda assim, eles estão com boa média e o fato das três estarem com tamanho e pesos próximos é positivo. O espaço deve começar a ficar mais reduzido dentro do útero o que, em geral, faz com que gêmeos nasçam antes dos nove meses. Por enquanto isso não é um temor para Rita. Apesar de quem a olha achar que a barriga é pequena para três bebês, o ultrassom mostrou que ainda há bastante espaço para suas filhas crescerem e se movimentarem. “Por enquanto está tudo bem e eu fico mais tranquila. A ideia é deixá-las o máximo possível para que elas ganhem peso e se desenvolvam”, conta a mãe.

 

É possível aleitar só no peito?
Sim, é. Mas seria muito difícil e desgastante para a mãe oferecer todo o alimento que as três bebês necessitarão. Por isso, o indicado é oferecer o leite materno e complementar com o leite especial, fazendo uma espécie de rodízio nas mamadas.

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