Recurso doado por empresa foi fundamental para reforma da instituição
“Eu me lembro do dia, foi uma manhã bem tumultuada. Seis e meia alguém ligou para o celular da minha esposa, porque o meu estava no silencioso, falaram que estava pegando fogo na escola e eu vim correndo pra cá, quando cheguei já estava tudo destruído”. Esse é o relato de Júlio Ricardo Hoerlle, diretor da EEEM São José do Maratá, de São José do Sul, do dia mais difícil da história da instituição.
Há exato um ano atrás, em 30 de junho de 2020, a escola foi tomada pelo fogo. Relatos dos moradores dão conta que naquele dia um raio caiu na região, causando a queda da energia elétrica. O incêndio iniciou após o retorno da luz, por volta das 6h da manhã. O saguão onde funcionava o refeitório, a cozinha e os banheiros foram as partes mais afetados pelas chamas.
O diretor conta que a escola sempre foi a referência da comunidade, e isso fez com que houvesse uma mobilização em prol da reconstrução da instituição. As ideias de ações para arrecadar recurso vieram já no mesmo dia do incêndio. “A comunidade sempre foi de fazer galeto, rifa, bingo, os cafés coloniais, que eram tradicionais, então fazíamos de tudo para trazer melhorias para a escola. Logo após o incêndio, as pessoas começaram a me procurar com ideias”, relata o Hoerlle.
A primeira ação realizada foi a venda de pizzas em formato drive-thru, um sucesso. Foram cerca de 1.100 unidades vendidas. Hoerlle conta que através dessa ação e de uma vaquinha online foram arrecadados mais de R$ 25 mil. Doações de diversas cidades da região também foram se somando em uma corrente de solidariedade. “A gente começou a receber cimento, tijolos, então toda a comunidade começou a se envolver em uma corrente do bem”, destaca o diretor.
Desde o início da construção da escola, em 1959, a mobilização da comunidade foi fundamental. A vice-presidente do Conselho de Pais e Mestres (CPM), Graziela Kranz Kniest, conta que grande parte da estrutura da instituição foi construída através de ações organizadas por moradores locais. “Pra comunidade, a escola é muito importante, porque foi uma coisa construída pelo esforço de todos. Essa primeira parte, onde fica uma sala e a secretaria, foi construída pela comunidade”, relata.
O diretor da instituição conta que nos anos 80 começou a ser realizado o tradicional café colonial no Salão Kirst. “Era um evento, e com esse recurso foi feita a quadra de esporte da escola e algumas salas de aula. Obra com recurso do governo foi a biblioteca e o laboratório, que foi feito para implantar o ensino médio em 2008”, destaca Hoerlle.
Assim como em toda a sua história, o envolvimento da comunidade se fez presente na reconstrução da EEEM São José do Maratá. Logo após o incêndio a comunidade foi quem fez toda a limpeza dos escombros deixados pelo incidente. O diretor conta que um mutirão foi montado pra remover a sujeira. “Toda a limpeza foi feita pelos pais, e deu trabalho, porque tinha colunas pesadas de cimento. Então, foi uma corrente do bem que somou forçar”, afirma Hoerlle.
Doação de R$ 100 mil foi fundamental para reconstrução da escola
Apesar do esforço da comunidade na realização de ações para conseguir recursos, o valor arrecadado ainda não seria suficiente para realização da obra. Foi então que uma parceria importante se somou à mobilização pela reconstrução da instituição. Através de um projeto da doTERRA, uma das empresas que a BioCitrus fornece óleos extraídos de frutas cítricas da região, a escola foi contemplada com o valor de R$ 108 mil.
A ideia de indicar a escola São José do Maratá para o projeto surgiu da colaboradora da BioCitrus, Patrícia Gregory. “Eu, sabendo do ocorrido na escola, pensei em conjunto com os meus colegas na empresa de levar ao conhecimento da doTERRA o que tinha acontecido. Isso porque aqui nessa região nós temos muitos produtores de frutas que nos atendem. Então é uma forma também de retribuir pelo empenho dos produtores”, afirma Patrícia.
A proposta foi montada pela BioCitrus em conjunto com a instituição de ensino e enviada para a doTERRA, que aprovou e incluiu a escola entre os participantes do projeto. Patrícia explica que a iniciativa da empresa funciona como uma vaquinha virtual, na qual os funcionários de todos os lugares do mundo podem colaborar com os projetos indicados. “Passaram algumas semanas e nós recebemos a informação de que a vaquinha havia sido encerrada e tinha sido arrecado um montante. Mas a doTERRA, no intuito de auxiliar a comunidade local, completou o valor que faltava que nós tínhamos pedido no nosso orçamento, que era 20 mil dólares”, conta Patrícia.
Com o valor repassado para a instituição foi possível dar início as obras de reconstrução da escola. O diretor conta que o valor foi administrado com a ajuda do CPM, que ficou responsável também pela fiscalização e comprovação do uso dos recursos.
Apesar do valor doado, Hoerlle conta que a comunidade não se acomodou e foi fundamental para a conclusão da obra. “Tivemos alguns per causos no caminho, por exemplo, o aumento nos materiais de construção. Por isso a gente pensou que não iria sobrar dinheiro para a pintura, daí a gente começou com a equipe da escola e a ajuda de alguns pais a pintar, o que nós podíamos fazer aqui nós os pais fizemos”, relata o diretor.
Programação na escola em comemoração a reconstrução
Para marcar a reconstrução da escola, nesta quarta-feira, 30, dia em que o incêndio na instituição completa um ano, uma programação especial foi montada. Ao longo do dia cada turma plantará mudas frutíferas e enterrará uma cápsula do tempo. A ideia é que os alunos possam guardar nas cápsulas objetos pessoais, lembranças desta época e metas para o futuro. A cápsula será aberta daqui a 10 anos, no aniversário de 70 anos da escola, recordando o período da pandemia e de reconstrução da instituição.
Também nesta quarta, às 9h, será realizado um painel sobre as potencialidades da agricultura familiar com extensionistas da Emater-RS. A data será marcada ainda com um ato de reflexão de um ano do incêndio, com a inauguração de uma placa que marca a reconstrução da instituição, às 14h.