Tuberculose: doença pode acometer outros órgãos, além do pulmão

Neste domingo, 24, celebra-se o Dia Mundial de Combate à Tuberculose. A data foi instituída em 1982 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em homenagem aos 100 anos do anúncio do descobrimento do bacilo causador da tuberculose, em 1882, pelo médico Robert Koch. Ela é causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch) e atinge principalmente os pulmões, sendo chamada nesse caso de tuberculose pulmonar. Mas pode também acometer diversas partes do organismo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).

A tuberculose é infecção de transmissão aérea. A contaminação pode ocorrer durante a fala, espirro ou tosse das pessoas com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea), que lançam no ar partículas que contêm bacilos. A assistente social Ana Paula da Silva Martins, e a enfermeira Zaira Motta da Rosa, coordenadora do ambulatório de infectologia da Secretaria Municipal de Saúde de Montenegro, destacam que não se pega tuberculose através de talheres, pratos, banheiro, abraço e chimarrão.

Ambientes fechados, mal ventilados, com ausência de luz solar, com aglomerados de pessoas, tornam maior a chance de transmissão. Quanto maior o tempo de permanência em ambiente com essas características e pessoas com tuberculose sem tratamento, maior a chance de infecção. Por isso, é importante manter a casa arejada, permitir a entrada de luz solar e manter as janelas abertas para adequada circulação do ar. Orientar também o paciente a levar o braço ou lenço à boca e ao nariz quando tossir ou espirrar para diminuir a disseminação dos bacilos. Essas medidas são importantes durante a fase de transmissão. A partir de 15 dias de tratamento adequado, o risco de transmissão diminui.

Montenegro registrou 95 pessoas com Tuberculose em 2022, 106 em 2023, e em 2024, até o momento, 18 casos novos, de acordo com dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde. Ainda segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço da população mundial está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis e em risco de desenvolver a doença. Há cerca de 8,8 milhões de doentes e 1,1 milhões de mortes por ano no mundo.

O Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 82% do total de casos de tuberculose no mundo. Embora seja uma doença passível de ser prevenida, tratada e mesmo curada, ainda mata cerca de 4.700 pessoas todos os anos no Brasil. Cada paciente com tuberculose pulmonar que não se trata, pode infectar em média 10 a 15 pessoas por ano.

Estar infectado é o mesmo que estar doente?
Nem todas as pessoas infectadas pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis desenvolvem a doença. Ele pode permanecer inativo no organismo durante anos, sem que o indivíduo adoeça por tuberculose. A isso se dá o nome de infecção latente por tuberculose (ILTB).

Qualquer pessoa infectada pode adoecer por tuberculose, porém existem algumas condições que comprometem o sistema de defesa do organismo, propiciando o adoecimento. Como exemplo, a enfermeira Zaira e a assistente social Ana Paula citam pessoas com doenças como diabetes, infecção pelo HIV/AIDS, câncer e uso de tabaco. “Além disso, condições vulneráveis de vida como desnutrição, situação de rua, privação de liberdade e uso de álcool e outras drogas”.

O sintoma mais frequente de tuberculose pulmonar é a tosse, geralmente acompanhada de expectoração (escarro). Além da tosse pode surgir febre baixa (geralmente no final da tarde), suores noturnos, emagrecimento, fraqueza, cansaço e dores no corpo. Na tuberculose extrapulmonar outros sintomas podem surgir de acordo com o órgão acometido.

O diagnóstico de tuberculose é realizado por meio da comprovação bacteriológica. Os principais exames de diagnóstico para tuberculose pulmonar são: baciloscopia, teste rápido molecular (TRM-TB) e cultura.

Sinais e sintomas:
– tosse seca ou com secreção por mais de três semanas, podendo evoluir para tosse com pus ou sangue;
– cansaço excessivo e prostração;
– febre baixa, geralmente no período da tarde;
– suor noturno;
– falta de apetite;
– emagrecimento acentuado;
– rouquidão.

foto: freepik

OBS: Alguns pacientes não exibem nenhum indício da doença, enquanto outros apresentam sintomas aparentemente simples, que não são percebidos durante alguns meses. Pode ser confundida com uma gripe, por exemplo, e evoluir durante 3 a 4 meses sem que a pessoa infectada saiba, ao mesmo tempo em que transmite a doença para outras pessoas. A transmissão da tuberculose é direta, de pessoa a pessoa. O doente expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotículas de saliva que podem ser aspiradas por outro indivíduo.

Tratamento disponível pelo SUS
O tratamento está disponível pelo SUS em Montenegro e é realizado na Secretaria Municipal de Saúde, tendo como porta de entrada os postos de Estratégia de Saúde da Família – ESF e Unidade Básica – UB’s. É importante destacar que a tuberculose tem cura, se o tratamento for feito adequadamente. No entanto, casos em que o tratamento é abandonado, há chance de desenvolver quadro de multirresistência medicamentosa, o que vai agravar o caso.

Após o diagnóstico, o acompanhamento é realizado pelo Ambulatório de Infectologia, através de consulta com infectologista e equipe de enfermagem. Em casos de abandono de tratamento é realizada busca ativa pelo serviço social. A duração é de no mínimo seis meses, e os remédios devem ser tomados todos os dias.

Equipe do Ambulatório de Infectologia promove conscientização sobre a doença

Orientações importantes durante o tratamento
– Preferencialmente não usar álcool e outras drogas.
– Seguir o tratamento e tomar as medicações nos horários corretos, conforme orientado pelo médico;
– Não interromper o tratamento por conta própria, mesmo depois dos sintomas terem desaparecidos, para garantir a cura.
– Tomar a medicação após uma refeição, para evitar dor ou desconforto no estômago, ou conforme orientação médica;
– Fazer isolamento nos primeiros 15 dias de tratamento, pois ainda se pode transmitir o bacilo da tuberculose para outras pessoas;
– Cobrir a boca com um lenço ou papel ao espirrar ou tossir, e depois descartá-lo em um lixo com tampa;
– Usar máscara cirúrgica quando estiver próximo de outras pessoas;
– Evitar áreas públicas ou espaços fechados, especialmente durante as primeiras 2 a 3 semanas de tratamento.
– Para evitar as chances de uma gravidez não planejada no caso de mulheres, deve-se utilizar um método contraceptivo de barreira (camisinha feminina ou masculina), pois a medicação para tuberculose, especialmente a rifampicina, pode diminuir a eficácia da pílula anticoncepcional.

Prevenção
Como podemos nos prevenir da tuberculose? A principal maneira de prevenção é com a vacina BCG, disponível gratuitamente pelo SUS. Essa vacina deve ser dada às crianças ao nascer ou, no máximo, até os 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade e protege contra as formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a meníngea.

foto: freepik

Mais informações
Como intensificação de campanha para esse ano, a equipe técnica do Ambulatório de Infectologia realizará encontro de atualização dos agentes comunitários de saúde para intensificar ações de prevenção junto a comunidade.
Mais informações sobre o assunto a comunidade podem ser buscadas junto aos postos de saúde ou no Ambulatório de Infectologia junto à Secretaria Municipal de Saúde, no telefone: 3649-4348, com as Enfermeiras Zaira, técnicas de enfermagem Angelita ou Meraci. Horário de atendimento: 7h às 16h.

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