Violência. As vítimas foram amarradas com algemas plásticas e trancadas em um banheiro em Passo da Serra
O que era para ser só mais uma manhã tranquila de trabalho acabou com uma lamentável surpresa para três homens que trabalhavam no corte de lenha, em uma propriedade na localidade de Passo da Serra, em Montenegro, nessa quarta-feira, 11. Os trabalhadores não quiseram fornecer seus nomes para a reportagem, pois o principal suspeito do crime é filho de uma vizinha do imóvel onde ocorreu a ação, mas aceitaram relatar como tudo aconteceu. O caso acabou com a prisão de um rapaz de 19 anos. O jovem é suspeito do roubo à residência e foi preso em flagrante por receptação de veículo furtado. Com ele, foi encontrada uma moto Honda Titan, dada como furtada do estacionamento de uma faculdade no município de Estrela.
O senhor que comandava o corte de lenha no sítio de seu genro conta que um de seus colaboradores estava próximo a sua caminhonete quando um homem armado, com o rosto coberto por uma touca ninja, chegou e rendeu o indivíduo. O ladrão logo se aproximou dele e de mais um dos trabalhadores. Segundo as testemunhas, o jovem estava muito nervoso. “Ele poderia ter matado nós três”, afirma o parente do dono da casa. Com a arma em sua nuca, ele e os outros dois companheiros foram conduzidos até um banheiro. Todos tiveram as mãos amarradas com algemas de plástico pelo criminoso, que agia sozinho, e permaneceram trancados no local por alguns minutos.
Após quebrar a porta do lavabo, a vítima foi até a casa de um vizinho e chamou a Brigada Militar. Em cerca de 15 minutos, a BM chegou ao local. Diante das informações passadas pela vítima, os policiais associaram a ocorrência a uma atitude suspeita que chamou sua atenção quando se dirigiam ao local. Uma moto passou pela viatura de forma bastante apressada. Pelas descrições, o condutor foi apontado pelas testemunhas como sendo o autor do assalto. A BM saiu em perseguição ao motoqueiro e conseguiu pará-lo próximo ao cemitério da localidade.
Jovem foi preso por receptação e suspeita de assalto, mas terminou solto
Ao abordar o motociclista, a BM constatou que a moto encontra-se em situação de furto desde o dia 16 de junho. A ocorrência foi registrada na cidade de Estrela. A placa do veículo, de Westfália, no Vale do Taquari – distante 66 km de Montenegro -, foi adulterada. A letra I foi pintada e transformou-se em um T.
Para a Polícia, o acusado disse que comprou a moto. No celular dele, os policiais encontraram mensagens que comprovam o conhecimento do condutor sobre a origem do veículo. Ele responderá pelo crime de receptação de veículo furtado e suspeita de envolvimento em roubo, em liberdade, após ter sido liberado no final da tarde, depois de pagar fiança no valor de R$ 900,00. No local da ocorrência, foi encontrado um rádio HT de comunicação, de uso da Polícia. O fato leva à suspeita de envolvimento do suspeito em outros crimes cometidos na região, nos quais também foi usado esse tipo de equipamento.
Já em relação ao roubo à residência, o acusado negou a autoria do crime. Quando questionado pelos policiais sobre onde teria escondido a arma usada para render as vítimas, ele respondeu: “Não sou ladrão para andar com arma”. Mesmo com o testemunho das três vítimas, não foi dado flagrante por este crime. Isso porque o assaltante estava com o rosto coberto e os reféns não souberam descrever a roupa que ele estava usando. Contudo, uma gravação feita por outro morador da localidade mostra a circulação do jovem próximo ao local na hora do ocorrido. O material será usado na investigação.
O padrasto do suposto assaltante relata que desconhece a participação do enteado em crimes. Além disso, não sabe se ele tem algum tipo de envolvimento com drogas. Segundo ele, o rapaz foi morar com a avó, em Estrela, quando fez 18 anos. “Ele não queria estudar nem trabalhar. Eu pressionei ele e aí ele foi pra lá”, conta. O homem afirma que, se forem comprovados os atos ilícitos, ele será proibido de entrar na casa da família.
Outros casos foram registrados recentemente na região
Uma família moradora da localidade de Linha Catarina, interior de Montenegro, no endereço conhecido como “Estrada do La Toma”, viveu momentos de tensão e medo na manhã da quinta-feira, dia 28 de junho. O casal e o filho de apenas três anos foram alvo de dois assaltantes, pelo menos um armado com pistola. Os criminosos roubaram duas televisões, um tablet, um celular e cerca R$ 4 mil. Eles fugiram no carro da família, um Gol vermelho, placas IPH 6873, de Montenegro. Ninguém ficou ferido durante a ação.
Já na área urbana, 20 dias antes, duas mulheres foram agredidas por uma dupla de criminosos durante roubo a um mercado localizado na esquina das ruas Alagoas e Goiás, no bairro Santa Rita. A Brigada Militar agiu rápido e conseguiu prender os indivíduos minutos após a ação. Soldados do Pelotão de Operações Especiais (POE) do 5º Batalhão de Polícia Militar (BPM) encontraram eles na rua Egon Pölking, no mesmo bairro.
Na mesma noite, uma quadrilha roubou um consultório dentário no Centro. Acompanhada de quatro homens, uma jovem aparentando cerca de 17 anos entrou alegando ter marcado um horário com o dentista. Como estava atento à agenda, o profissional disse não ter nenhum atendimento previsto. Um dos homens, fazendo-se passar por pai da jovem, ainda insistiu, mas a vítima manteve a posição. Foi quando dois dos criminosos anunciaram o assalto.
Vítimas lamentam que o crime envolva seus vizinhos
O acusado conseguiu levar R$ 600,00, valor pequeno comparado ao constrangimento que foi criado entre os moradores da localidade. A residência onde mora o padrasto e a mãe do principal suspeito do crime fica a cerca de 800 metros do local onde ocorreu o assalto. O fato causou um desconforto ainda maior entre as vítimas ao registrar a ocorrência. “Por mim eu nem fazia isso, mas a Brigada foi lá, então a gente teve que vir”, comenta uma das vítimas.
O jovem visita os familiares esporadicamente. Na última quinta-feira, ele chegou à casa da mãe com uma moto. Disse à família que permaneceria na casa aguardando uma entrevista de emprego agendada para os próximos dias. O padrasto relata que não suspeitou de nada e que até tinha conseguido um trabalho temporário para ele, enquanto aguardava.
Na manhã de quarta-feira, os reféns e o pai de criação conversavam em frente à Delegacia de Pronto Atendimento de Montenegro (DPPA) tentando entender o que supostamente teria levado o jovem a tal atitude. A pergunta ficou sem resposta.