Três escolas municipais sem água potável no interior

Problema que se arrasta. Prefeitura precisa fornecer galões de água para consumo dos alunos e funcionários

Parece fora da realidade, mas hoje água potável ainda não é disponibilizada para todos. No município, inclusive, três escolas de Ensino Fundamental não têm abastecimento direto. A Professora Mafalda Padilha, em Campo do Meio; a Etelvino de Araújo Cruz, em Rua Nova; e a Jacob Haubert, em Sobrado, precisam receber remessas periódicas de galões de água da Prefeitura para o consumo de alunos, professores e funcionários. A situação impacta em cerca de 300 alunos, ao todo.

Com as escolas, 85 galões de água são distribuídos, em média, durante o mês. Compra é custeada pela Prefeitura

O problema é maior na EMEF Etelvino de Araújo Cruz. Com cerca de 280 alunos, do pré ao nono ano, a instituição sofre, desde que foi inaugurada, em 1985, com a falta de água em condições de consumo. O diretor, Rodrigo Fernandes, lembra que a escola chegou a ter um poço artesiano por um tempo e este, por problemas, parou de funcionar. Ela começou, então, a receber abastecimento por caminhão pipa até que um novo poço fosse cavado, em 2013.

Feito pela Corsan com doação de reservatório pela Prefeitura, ele chegou a funcionar. “A água, no começo, vinha que era uma maravilha”, conta o diretor. “Depois contaminou e não deu mais para usar.” Hoje, a água que sai dali só é usada nos banheiros e para a limpeza do prédio. Ela tem um tom amarelo forte e, na pia e nos mictórios, deixa manchas por onde passa.

Com muitos alunos, a Etelvino recebe, em média, três remessas de água por mês. Em cada uma delas, chegam 25 galões de 25 litros cada. Deles sai o conteúdo para consumo e o preparo da merenda escolar. Rodrigo destaca a dificuldade enfrentada em utilizar as “bombonas” para tudo e lamenta que parte do espaço da escola, que poderia ser utilizado para outro fim, virou depósito de água.

Segundo ele, alguns testes foram realizados para a perfuração de um novo poço, mas pelo solo da região constatou-se que, qualquer que for o local, a água sairá contaminada. A direção aguarda um posicionamento da Corsan que, contratualmente, é responsável pelo abastecimento da localidade. Sobrado e Campo do Meio — onde ficam as outras duas escolas — não são cobertas pelo contrato da estatal com a Prefeitura.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec), periodicamente todas as instituições montenegrinas têm as águas que recebem analisadas pela Vigilância Sanitária.

Na hipótese de a impropriedade ser constatada, inicia a disponibilização dos galões. É o caso da EMEF Professora Mafalda Padilha, que atende doze alunos do primeiro ao quinto ano. No momento, a água da escola é imprópria e é necessária a distribuição via bombonas.

Corsan selecionou empresa para levar rede à Rua Nova
Uma boa notícia para a EMEF Etelvino de Araújo Cruz e todos os moradores da localidade de Rua Nova, às margens da BR-386, é que as tratativas para que a rede de abastecimento da Corsan chegue à região já estão bem adiantadas.

De acordo com o chefe da unidade montenegrina, Lutero Fracasso, uma empresa já ganhou a licitação aberta para a obra e, agora, corre o prazo de apresentação de documentos para o início do serviço.

“Serão instalados cinco mil metros de tubulação vindos da Sitel (Superintendência de Tratamento de Efluentes Líquidos)”, ressalta Lutero. Com foco na escola, resta à Corsan e à instituição de ensino incentivar que os moradores da região façam a ligação de suas casas à rede, deixando de consumir a água contaminada, mas pagando a taxa pelo abastecimento.

“É um aglomerado grande e bem significativo. Nós faremos reuniões e tratativas para isso. Por ser uma rede grande, eles precisam se interligar até para que a água não fique muito parada”, aponta o chefe da Corsan. A direção da Etelvino, por sua vez, já organiza atividades e pesquisas com o intuito de conscientizar a comunidade sobre a importância da água em boas condições.

No Sobrado, já são nove anos de espera
A EMEF Jacob Haubert fica na localidade de Sobrado. A instituição atende apenas doze alunos da região, em uma turma multiseriada do primeiro ao quinto ano. Ali, a falta de água é um problema há nove anos. Chegou a ser usado um poço cavado, que era abastecido por uma vertente.
Em 2009, a análise da Vigilância constatou que o local continha coliformes fecais. Desde aquele ano, a escola recebe, em média, cinco galões por mês da Prefeitura para o consumo de seus estudantes.

Diretora da EMEF Jacob Haubert, Isabel Carine Lampert mostra a caixa d’água que serve de depósito para a limpeza do prédio

Ainda assim, lá, a regra é economizar. “As crianças trazem garrafinha com água de casa. Eles tiveram que aprender a economizar o que dá”, conta a diretora, Isabel Carine Lampert. Ela entrou neste ano para a equipe da escola e afirma ter se espantado com a situação em que os alunos viviam. Para limpeza do prédio, ela tem duas caixas d’água que são cheias pela vinda de caminhões pipa e utilizadas conforme a necessidade.

Na localidade, desde 2006 existe um poço artesiano cavado que é comunitário. Ele fica a menos de um quilômetro da instituição, mas nunca teve encanamento que saísse dele e chegasse até a escola.

Com anos de atraso, enfim, isso irá mudar. Há alguns dias, uma equipe da Prefeitura tem trabalhando na montagem dessa estrutura, que também deve beneficiar algumas residências nas proximidades.

Titular da SMEC hoje, Rita Carneiro Fleck comemora ter conseguido dar andamento a este importante projeto. “Contamos com a parceria da Secretaria de Viação e Serviços Urbanos para cessão da máquina e, claro, o incansável trabalho da turma de manutenção da SMEC”, frisou.

A esperança da comunidade escolar da Jacob Haubert é que, já na semana que vem, a escolinha finalmente seja abastecida com água potável.

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