Treino, exercício físico e muitas risadas

Na semana mais fria do ano, em plena segunda-feira após o horário de almoço, caso você tivesse disponibilidade de tempo para fazer qualquer coisa que desejasse, o que escolheria? Os integrantes do time de câmbio do Sesc Maturidade Ativa de Montenegro escolheram ir treinar. É com animação com que eles chegam ao Ginásio Azulão, no Parque Centenário, onde os encontros ocorrem semanalmente.

É só os movimentos começarem que casacos, luvas, mantas e gorros são deixados de lado e o frio é esquecido. Antes da partida iniciar, são feitos alguns exercícios de aquecimento e enquanto eles se preparam para o jogo, colocam a conversa em dia. Cada treino é, também, um reencontro de amigos. Na chegada, há vários abraços e a combinação de muitas outras atividades.

João Batista cita com orgulho as competições que o time participa

Amizades a parte, quando o jogo inicia a rivalidade e a vontade de vencer é grande dos dois lados da quadra. João Batista, de 57 anos, é um dos integrantes do grupo que não se intimidou com o frio. Ele conta que é o técnico da equipe e que eles se preparam o ano todo para as competições que vão ocorrendo em diversas cidades. No início de julho, eles participaram do torneio de São Sebastião do Caí e voltaram com a terceira colocação. Já no Campeonato Estadual, disputado em Ivoti, ficaram na segunda posição.

Essas competições são importantes para somar pontos na classificatória a Campeonato Anual do Sesc Maturidade Ativa, que ocorre em Torres. “A gente se prepara o ano todo para essa competição. Nós treinamos uma vez por semana, sempre aqui no Azulão. Começou tendo oito pessoas, agora, em média, passa de 20 em cada treino”, comemora Batista. No dia em que a reportagem acompanhou o treino, devido ao frio, apenas 13 integrantes participaram.

O facilitador do grupo Maturidade Ativa, Hélio Silva, comenta que o foco é a oficina e não a competitividade, mas que eles trazem isso bastante. Ainda mais porque muitos dos integrantes do grupo praticavam esportes antes da terceira idade. “Então o câmbio é para eles a oportunidade de seguir competindo também”, diz Hélio. Nem todos os integrantes da oficina, porém, participam de campeonatos.

O importante para o maturidade ativa é que eles se movimentem, tenham convívio social e se mantenham ativos. E não pense que acabou, quando a oficina de câmbio termina, a de vôlei tem início. Eles não param.

Dos passeios aos esportes, elas não param
O maturidade ativa conta com um grupo mais feminino. Nos encontros elas sempre são a maioria. Mas não pense que por isso apenas os assuntos do lar tem espaço. Elas estão sempre com a agenda cheia de atividades.

Ana Herzer integra o time de câmbio, joga canastra e participa de passeios

Ana Maria Herzer é uma das integrantes da equipe que não se deixa abater pelo frio. Animada, ela não perde os treinamentos e participa das competições. “Não perco. É um treinamento por semana, das atividades físicas. Fora as outras coisas. Tem a canastra, que eu jogo. E os nossos passeios. São muitas atividades”, conta ela, enumerando as várias ações que os integrantes do grupo têm à disposição. São tantas que é preciso disposição. Alguém sedentário, mesmo que jovem, não aguenta. Se bem que sedentarismo, passa longe dessa turma.

Sônia Santos: “Só deixo o Maturidade Ativa quando eles não me quiserem mais”

Outra participante é Sônia Santos, de 59 anos. Ela conta que nada, nem mesmo o frio, é capaz de segurá-la em casa em dia de jogo de câmbio. No inverno, na opinião dela, é ainda melhor. “Me aqueço jogando. E, no verão, o ginásio é muito quente. Agora é mais agradável”, revela ela. Todo esse movimento se reflete em mais saúde. “O condicionamento físico melhora. Eu tinha dores nas costas e nos joelhos e passou, tudo melhorou. Nos dias que eu jogo, não sinto nenhuma dor”, comemora ela, que integra o grupo há seis anos, mas antes já fazia academia, também pelo Sesc.

O mais importante para ela, porém, é a diversão. “É tudo uma grande recreação. A gente erra bastante e, no final, dá tudo certo, e a gente se diverte porque estamos todos entre amigos. Sônia conta que todas as segundas, terças e quintas têm atividades do grupo. Quando não é treino de câmbio, é vispora. E, há, ainda, o planejamento das viagens. Ela já foi para Farroupilha, Torres, Caxias do Sul e Guaporé com o grupo. Parar, só quando o grupo não a quiser mais. “Mas acho que eles não vão me mandar embora”, brinca ela.

Que jogo é esse?
Para quem nunca ouviu falar em câmbio, saiba que é um jogo de voleibol adaptado à terceira idade. A quadra e a bola utilizadas são as de vôlei. Ele foi criado por um grupo de professores universitários aqui do RS, em parceria com o Sesc e prefeituras do Estado. Por

isso, há diversos torneios regulares. O objetivo do jogo vai muito além das competições. A prática visa promover a qualidade de vida por meio do esporte, valorizar a convivência, a troca de experiências e a construção de novas amizades entre os participantes. A consequência disso, é a ampliação das relações sociais dos idosos, possibilitando com isso que eles permaneçam ativos e atuante na sociedade.

As equipes contam com 12 jogadores, sendo nove titulares e três reservas. Em quadra, cada time deve ter sempre seis mulheres e três homens. O jogo é disputado em dois tempos de 15 minutos. A cada jogada, ocorre a rotação entre os membros da equipe. Os campeonatos são divididos em duas categorias: os com menos de 60 anos e os que já passaram dos 60.

São oferecidas atividades de todos os tipos aos idosos
A lista de atividades disponíveis aos idosos pelo Maturidade Ativa é extensa. Cada integrante escolhe as oficinas que mais lhe agrada. Além do câmbio e do vôlei, entre as atividades físicas, há caminhada orientada, dança e alongamento. Os idosos também podem participar da oficina de canto, além de aprender alguns jogos como xadrez, víspora (bingo) e canastra.

Hélio Silva, facilitador do Sesc Maturidade Ativa Montenegro e Pareci Novo

Hélio Silva comenta também de alguns projetos diferenciados, como a oficina de costura, na qual, com tecidos doados, são costuradas peças de roupa para doação. “São sobras de tecido ou lã das lojas da cidade que já conhecem o nosso trabalho e fornecem o material. Quem recebe a doação vai mudando conforme a necessidade. Mas, o Hospital Montenegro é uma das instituições que se beneficia. Nascem bebês e precisam receber a roupinha”, conta o facilitador do grupo Maturidade Ativa. Outras ações sociais mensais também ocorrem, com arrecadação de diferentes produtos para doação – roupas, alimentos, material escolar e etc – conforme a necessidade do momento.

Outra ação destacada é o projeto “Encontro de Gerações”, realizado junto da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Gente Miúda. Os encontros entre os jovens estudantes da escola e os integrantes do Maturidade ativa oportunizam uma troca pra lá de interessante aos dois grupos. “É a vivência entre o idoso e os pequenos. Fazemos brincadeiras, hora do conto e outras coisas. As duas partes se divertem”, conta Hélio.

Tudo sempre no intuito de que o idoso não perca o seu protagonismo social. “A vida toda ele trabalhou, estudou e cuidou da sua família. Agora, em alguns casos, eles se sentem mais sozinhos. A participação no Maturidade Ativa objetiva mantê-los com a necessária – para eles e toda a sociedade – ação na comunidade”, destaca Hélio Silva. A sociedade não pode desperdiçar a experiência de vida que eles trazem.

Sesc Maturidade Ativa é aberto a todos a partir dos 50 anos
Apesar de oficialmente a chamada terceira idade ter início aos 60, a partir dos 50 anos já é possível se inscrever no Sesc Maturidade Ativa. Atualmente, o grupo com integrantes de Montenegro e Pareci Novo conta com 281 participantes. Todos os dias há atividades. Como cada idoso participa das de sua preferência, sempre é possível encaixar novos integrantes. Quem estiver interessado, pode entrar em contato pelo número 3649-3403, buscar informações e participar. Não há custo algum para o interessado em participar.

Time se reúne todas as semanas para treinar no ginásio Azulão, no Parque Centenário

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