PERIGO NO TRÂNSITO. 13 acidentes foram atendidos pela PRE desde o início dos trabalhos na rodovia
Levantamento do Grupo Rodoviário da Brigada Militar mostra que, de 9 de junho até 15 de setembro deste ano, foram registrados 13 acidentes de trânsito entre os quilômetros 01 e 02 da RSC-287 (entre a Lojas Taqi e o Posto Ipiranga), em Montenegro, local em que, desde o início de junho, ocorrem obras para instalação de rótulas. Foram nove acidentes com lesões e quatro que resultaram em danos materiais. Especialista em trânsito diz que sinalização da via é inadequada. Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) pede cautela aos condutores.
Uma consultora de vendas que trabalha próximo ao local, e prefere não ter seu nome divulgado, conta que os acidentes são constantes. “Não há como definir uma média. Mas desde o início das obras, durante o horário comercial, já testemunhei inúmeros, incluindo danos materiais e com vítimas feridas”, diz a entrevistada.
Em dois dias consecutivos houveram dois acidentes no mesmo local, relata a testemunha. “O mais marcante ocorreu há alguns dias, quando uma motorista foi efetuar a travessia e alegou não ter visto o carro que vinha sentido Centenário/Cinco de Maio. Ela entrou na pista e bateu no outro carro, fazendo o veículo rodar”, lembra a vendedora. “Ela disse que teve a visão prejudicada pela poeira. Foi assustador”, detalha. “Em outro, um motociclista teve a frente cortada por um veículo, na batida, foi arremessado por mais de 10 metros. Se machucou bastante”, conta a mulher, sobre o que tem visto na rodovia.
A Polícia Rodoviária Estadual acredita que os números de acidentes no local, no referido período, sejam ainda maiores que os registrados. “Cabe ressaltar que nos acidentes com danos materiais, na maioria das vezes, não somos acionados. As manobras de retorno são as causas mais comuns desses acidentes”, destaca o sargento Edson Marcelo da Rosa Hunter, responsável pelo Grupo Rodoviário de Montenegro.
Para evitar novos acidentes, o sargento da PRE pede aos motoristas que estejam atentos e respeitem a sinalização de trânsito. “Visto ser um trecho urbano e estar passando por obras de melhorias, a atenção tem que ser redobrada, principalmente nas horas de pico”, diz o policial.
Na rotina de trabalho como motorista de ônibus, Marcos Gilberto Kranz tem presenciado situações preocupantes na rodovia. Segundo ele, cenas de imprudência são vistas diariamente no perímetro onde deveria se ter ainda mais cuidado. “Os motoristas não respeitam o limite de velocidade, já que não tem lombada eletrônica. Vi carro passar no local com velocidade em torno de 80 km/h”, acrescenta o condutor.
Sinalização é inadequada ao tipo de obra, avalia tecnólogo em trânsito
Para evitar novos acidentes no trecho em obras, o sargento da PRE, Edson Marcelo da Rosa Hunter, pede aos motoristas para estejam atentos e respeitem a sinalização de trânsito. “Visto ser um trecho urbano e estar passando por obras de melhorias, a atenção tem que ser redobrada, principalmente nas horas de pico”, diz o policial.
Contudo, o tecnólogo e instrutor de legislação em trânsito, Carlos Augusto Caetano, aponta que a sinalização do local em obras não é adequada. “O problema é grave. Começa pela sinalização horizontal e vertical”, afirma.
Conforme Caetano, o número de placas indicando que há obras na pista é insuficiente. Além disso, os avisos sobre o perímetro com intervenção deveriam começar a aparecer bem antes do ponto onde ocorrem os trabalhos. “A gente percebe que nenhum dos cones está dentro das normas de peso e tamanho determinados pelo Código Brasileiro de Trânsito. Faltam cavaletes com legendas de ‘atenção’ e ‘perigo’ no topo da lomba”, nota o especialista.
Caetano também observa precariedade na sinalização de buracos no entorno da via e falhas como no armazenamento de entulhos na beira da rodovia. Além disso, considera perigosa a exposição de ferros da obra, isolados apenas por fita. “Isso não tem como dar certo, vai dar erro e estamos tratando de vidas humanas”, pondera.
O que dizem os envolvidos
A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), responsável pela obra, diz que os buracos mostrados na reportagem são fruto de trabalho da Corsan. A gerente da unidade local da Companhia de Saneamento Básico, Silvani Scheid, informa que trata-se de problema na rede de esgoto e aponta a Prefeitura como responsável.
A Administração Municipal tomou conhecimento do problema através do contato feito pela reportagem. A secretaria municipal de Viação e Serviços Urbanos informa que, ainda nesta sexta-feira, 30, encaminhará uma equipe para vistoriar o local e apurar o que ocasionou os buracos.
Segundo o secretário Neri de Melo Pena, em obras deste porte em rodovias, é normal que a movimentação das máquinas cause danos no subsolo. A princípio, a própria empresa deve fazer o reparo, mas o Município irá auxiliar no que for necessário. A administração reforça ainda que a sinalização é responsabilidade da EGR e da executora dos serviços.
A EGR coloca ainda que, nos últimos dias foram realizadas sondagem e remoção de árvore, para evitar eventuais transtornos aos usuários. A concessionária diz ainda que envia, frequentemente, alertas de trânsito sobre as alterações no andamento dos trabalhos e sobre a importância dos condutores respeitarem os limites de velocidade da via. A empresa não comentou sobre a sinalização.