Manoela e Rodrigo contam o que levaram e trouxeram da sua viagem pela América do Sul
Há quem sonha em adquirir a casa própria, comprar um carro ou até mesmo terminar a faculdade. Para os jovens Manoela Vieira Petry e Rodrigo Arnold da Silva, 27 anos ambos, a viagem de Kombi era o grande sonho do início de suas vidas como casal. No projeto “Analuz Pelo Mundo”, os dois passaram 20 meses viajando pela América do Sul, em um processo de aprendizagem e muita desconstrução.
Com um planejamento inicial de apenas um ano de viagem, Manoela e Rodrigo foram pegos de surpresa pela pandemia do novo coronavírus. Foram necessários 20 meses para trilhar do ponto mais sul da América do Sul, até o ponto mais norte da parte do continente. Mesmo levando mais tempo do que o esperado, eles relatam que grande parte da bagagem foi deixada pelo percurso. “No caminho a gente deixou muita coisa. Pra terem uma ideia, a gente saiu com cerca de 20 copos, porque todo mundo nos dava coisas que achavam que a gente precisava, e em nenhum momento a gente negou ou deixou de levar”, conta Manoela.
Outro item que foi levado com exagero, segundo eles, foi roupa. “Acabamos levando casacos – principalmente roupas grossas – que pensamos que usaríamos muito, e não usamos quase nada”, fala Rodrigo. Só a Manoela levou 46 camisetas, exagero que ela admite ter cometido. “A roupa hoje é um objeto de status, é uma coisa que nos faz sentir melhor, mais bonita, tem toda aquela coisa de ego. Isso nós fomos perdendo um pouco. Hoje as minhas roupas são coisas que me fazem bem, que eu gosto e que me fazem feliz”, diz a montenegrina.
Devido ao espaço limitado, deixar para trás itens dispensáveis foi imprescindível para que tudo fluísse bem. “O desapego de coisas que não são necessárias é muito bom”, revela Manoela. Além das roupas que ficaram pelo caminho, potes e copos também foram doados para quem mais precisava.
Ao longo de todo o trajeto Analuz comportou quase uma vida dentro de si, e se engana quem pensa que foram só desapegos. O planejamento para a viagem foi bem elaborado pelo casal, que equipou a Kombi com tudo que era necessário no dia a dia: fogão, mini geladeira, cama confortável e até mesmo uma máquina de lavar roupas.
Mudanças pessoais
Desde o dia 24 de dezembro em Montenegro, Rodrigo e Manoela contam que já perceberam mudanças que passaram durante esse tempo na estrada.
“Pra gente deixaram de ser importantes as futilidades de coisas do dia a dia. A rotina muito louca que eu mesma adorava, hoje eu já vejo que não serve mais pra mim, porque a gente vai dando importância para pequenas coisinhas, um momento sentado tomando um chimarrão, coisas que a gente geralmente deixa passar batido, e que são o que fazem a vida ser legal”, diz Manoela.
Dicas para os futuros viajantes
Uma das recomendações do casal para quem quer viajar é ter itens com pelo menos duas funções, para valer o espaço ocupado dentro do automóvel. “Uma coisa para ficar na Kombi tem que ter mais de duas funções. O copo tem que dar para tomar água, ser medidor e outra função”, comenta Rodrigo.
A regra foi bem aplicada por eles. A pipoqueira era usada para fazer a tradicional pipoca, mas também fazer massa, por exemplo. Já a forma de bolo, também era utilizada para preparar arroz de forno, lasanha e pão. Sobre os itens adquiridos, eles relatam que poucos chegaram ao Brasil, somente um tapete de Yoga, um mini liquidificador e um aquecedor elétrico.
Além disso, Manoela declara que o principal é não deixar que outras pessoas influenciem nas decisões pessoais de si mesmo. “Se é um sonho ou uma vontade, que isso aconteça de uma maneira em algum momento da vida. Não tem um momento ideal”, completa.